sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

MITOS DESVELADOS

MITOS DESVELADOS
Romance esotérico


M. SUCHY



ÍNDICE


COMO TUDO COMEÇOU

OS SETE PRINCÍPIOS HERMÉTICOS

OS MITOS DESVELADOS

ADENDO

ABORDAGEM TRANSPESSOAL

OS DIVERSOS CAMINHOS DA INICIAÇÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS







COMO TUDO COMEÇOU

Tudo começou quando mudei com meu filho para a nova casa de dois andares. Era o imóvel dos meus sonhos. Possuía uma lareira incrível na sala de estar, uma copa-cozinha espaçosa cheia de luz e, o que mais me atraiu. Um sótão com a janela projetada um pouquinho além do telhado estilo colonial, antigamente chamada de águas-furtadas. Não sei se foi pura intuição, mas sempre acreditei que iria morar em uma casa assim. A imobiliária nos garantiu que apesar de muito antiga, estava com a parte de encanamento refeita, os metais haviam sido todos substituídos, fora pintada com esmero e bom gosto, o piso de madeira tratado. Enfim, estava pronta para ser habitada novamente. A única restrição que o responsável pelo negócio fez foi em relação ao sótão que foi utilizado durante a reforma como depósito de entulhos e que depois das obras foi aparentemente limpo, mas não vistoriado, podendo ainda conter alguns objetos indesejáveis.

Assim que me reorganizei, móveis nos lugares, louças nos armários, livros nas estantes, roupas e objetos pessoais nos devidos quartos, tratei de arranjar uma tarde inteira para dar uma vistoria cuidadosa no sótão, pois alguma coisa me dizia que encontraria algo há muito esperado e desejado naquele lugar.

Ao subir a pequena escada em caracol que fazia a ligação entre o sótão e uma espécie de sala de assistir TV ou vídeos no pavimento superior, dei com um amplo salão ainda cheio de caixas contendo restos de cerâmica, pedaços de canos, telhas, comprovando infelizmente o que tinha dito o administrador a respeito daquele cômodo, aparentemente tido como um simples deposito. Após uma olhada mais acurada pelo local, localizei um aparador antigo, que pelas manchas deve ter servido para apoiar as diversas latas de tinta e solvente durante a reforma, um pequeno baú que continha alguns papéis velhos, recortes de jornais, receitas de doces e de tricô, muito usado pelas senhoras dessa região bastante fria no outono/inverno, alguns catálogos desatualizados e, por fim, uma aconchegante cadeira estofada, dessas de braço que convidam o visitante para um descanso relaxante.

Já havia sido avisada, em um curso que fiz de Feng Shui, dos problemas que uma escada em caracol pode trazer para uma construção. Segui uma de suas inúmeras vertentes, os ensinamentos da Escola do Chapéu Preto, e aprendi com um de seus Mestres que quase sempre podemos administrar a “cura” para qualquer bloqueio nas energias de uma residência. Coloquei então vasinhos com amores-perfeitos, abundantes nesta região, em cada degrau e um belo vaso com Espadas de São Jorge aos pés da mesma. Tudo isso para impedir que as energias em espiral que circundam uma escada assim se tornem como um cone que acaba por sugar a força vital de seus donos. Lembrei-me ainda que nada com vida deva ser colocado em baixo de qualquer escada, em especial as que têm esse formato. Optei por mandar fazer um armário sob medida para guardar objetos que não são usados no dia-a-dia, como fitas de vídeos antigas, álbuns de fotografias, materiais para artesanato e decoração...


Nada, entretanto, me causou um interesse maior neste cômodo recém descoberto. Um tanto frustrada, desci a pequena escada pensando em aproveitar o aparador, que já imaginei coberto por uma camada laqueada branca, ficando ótimo quando colocado na copa, e a cadeira que depois de um novo estofamento e verniz voltaria a ser vistosa e útil se colocada próximo à lareira, a ser reinaugurada no inverno.

No entanto, assim que consegui que descessem os dois objetos lá de cima, uma agradável surpresa me aguardava. Dentro da gaveta do aparador, encontrei um cartão de visitas que deve ter sido abandonado por seu dono, uma vez que estava rabiscado por sobre os dados originais, em letras quase ilegíveis, um nome e um telefone, indicando pelo prefixo que se tratava de alguém que morava fora da cidade, em outro estado. Mas o que me chamou a atenção realmente foi o que estava anotado junto ao nome, “pesquisador ocultista”. Imediatamente ouvi aquela campainha de alerta que soa todas as vezes que estou para descobrir algo, e como já estava totalmente envolvida nos meus próprios estudos sobre esoterismo, mais precisamente sobre o hermetismo , senti que minha intuição não havia falhado e mais uma vez eu tinha sido guiada por mãos invisíveis até uma nova fonte de pesquisa.

Com o coração aos pulos telefonei para o número rabiscado. A voz que atendeu me informou que o professor em questão já havia mudado, mas para minha alegria, estava residindo atualmente com sua mulher na mesma cidade para a qual havia me mudado recentemente. Pensei que esta seria uma coincidência incrível, mas lembrando-me do que disse Jung, coincidências não existem. Só similaridades. Bem, não me preocupando em definir academicamente ou filosoficamente este feliz evento, corri para o catálogo telefônico (meu computador ainda não havia sido ligado ao novo provedor), e assim consegui entrar em contato, primeiro com a esposa do professor Pietrus, a querida Maria Eugênia, Geninha para os íntimos, e depois com o próprio professor. Identifiquei-me como alguém super interessada e também pesquisadora da área esotérica e imediatamente sua voz tornou-se acolhedora, atestando que acabara de ocorrer um reconhecimento comum a muitas outras vidas. Conversamos por algum tempo, até que veio o convite para visitá-los que eu já esperava que acontecesse como uma consequência natural, dada as afinidades dos interesses comuns que fomos descobrindo ao longo da nossa conversa informal.

Marcamos um encontro para o dia seguinte. Fui recebida por Geninha, que depois se tornou uma grande amiga, e logo em seguida pelo próprio professor, no jardim de sua casa, repleto de plantas, grama japonesa bem fininha, daquelas que acompanham e respeitam as irregularidades do terreno, um delicado repuxo de água que fazia um barulhinho gostoso e muito relaxante e, bem ao fundo, um pequeno pomar com macieiras, muito comuns nestas cidades mais frias. Sobre a mesa de junco, coberta por uma toalha alvíssima, já estavam servidas taças com um delicioso suco das maçãs, cestinha com sequilhos e um vasinho de violetas singelas, mas sorridentes.

Minha curiosidade em relação aos interesses de Geninha, assim como sua relação com o esotérico, foi prontamente dissipada quando ela me levou a observar um xaxim em especial, e que jazia suspenso em uma das vigas que sustentam o telhado. Nele estava plantado algo parecido com um cacto, alguns seixos de rio, uma pequena pedra oca lembrando uma minúscula caverna, que por sua vez estava camuflada por entre delicados galhinhos retorcidos. O aspecto era ligeiramente agreste e, segundo Geninha, seu morador, um gnomo idoso e carrancudo, não gostava de visitas. Ela me falou do assunto com tamanha naturalidade que eu fiquei completamente à vontade para conversar abertamente sobre tudo que havia descoberto nesta área do conhecimento, comumente considerada tabu ou perigosa, correndo o risco de todos que falam sobre ela com os mais céticos serem considerados um tanto alienados, sonhadores ou deturpadores do pensamento racionalista, único digno de confiança, segundo eles.

A conversa fluiu como as águas cristalinas de um riacho correndo sobre um leito sem grandes obstáculos. Os resultados de nossas pesquisas iam se complementando, de sorte que pudemos conferir algumas conclusões assim como alguns insights que tivemos. Quando dei por mim já estava anoitecendo. Desculpei-me pelo abuso em tomar tanto tempo deles, apesar de ambos terem me passado a impressão que para eles também foi uma tarde extremamente agradável. Felizmente isso se confirmou porque, dada a insistência em marcar um novo encontro, fiquei de voltar dois dias depois para continuarmos nossas conversas.

Esses dois dias foram de franca ansiedade e eu me senti como aquela criança que espera pelo Papai-Noel e a hora de abrir os presentes. Felizmente muita coisa ainda precisava ser arrumada e organizada na nova casa, de forma que andei bastante ocupada e o tempo logo passou.

No horário marcado lá estava eu, imaginando qual o rumo que nossa conversa tomaria, posto que esta área seja praticamente infinita. O professor me levou para conhecer sua biblioteca, realmente muito rica de forma que suas estantes de madeira escura se mostravam repletas de livros sobre uma infinidade de assuntos. Comentei sobre algo que me chamou a atenção: nas estantes mais baixas podiam ser vistos livros infantis como os de Monteiro Lobato e as aventuras no Sítio do Pica-Pau, os de Maria Clara Machado, os que narravam as Histórias das Mil e Uma Noites, os contos dos irmãos Grinn, séries e séries de gibis, almanaques e cadernos para colagens, construção de jogos e artesanatos simples. À medida que as prateleiras ficavam mais altas, os livros iam se mostrando mais adequados para adolescentes, para leitores cada vez mais maduros, até chegarem àqueles que exigem dos usuários um nível mais apurado de compreensão, como os relacionados à Filosofia, Sociologia, Esoterismo. Constatei ainda maravilhada muita coisa sobre Astrologia, Hermetismo, Cultura Egípcia, Cultura Mesopotâmica, Tarô, Tratados de Numerologia, Kabalah. Um sem número de assuntos que fariam a alegria de qualquer pesquisador, fosse em que área estivesse interessado. O professor Pietrus, explicando a arrumação dos volumes dessa forma nas estantes, deu-me um magnífico exemplo de como ele e sua mulher conseguiram aplicar toda a sabedoria em suas vidas diárias, sabedoria esta adquirida em anos e anos de pesquisas.

O casal havia criado quatro filhos, dois naturais e dois adotados que receberam de seus pais uma educação aprimorada, baseada no desenvolvimento de um amor profundo pela leitura. Todas as vezes que a família se reunia para jantar, e este era o momento considerado sagrado, pois não era permitido a nenhum membro faltar ou chegar atrasado à mesa, seus filhos tinham que interpretar pelo menos um capítulo do livro que estivessem lendo, e que fora escolhido pessoalmente por cada um (por isso as estantes estavam dispostas de acordo com a altura dos menores) nas prateleiras da vastíssima biblioteca do pai, recontando com suas próprias palavras o que acabara de ler. Ao final do livro, recebiam uma mesada equivalente ao volume do mesmo. Com esta prática pedagógica, todos os quatro, além de aprender a interpretar textos, passaram a apresentar uma leitura cada vez mais fluída, e ainda, por ouvirem e comentarem todos os textos apresentados pelos outros irmãos, obtiveram acesso a assuntos os mais diversos. É claro que coube ao casal a orientação e algum esclarecimento quanto à determinada dúvida que por ventura surgisse durante a apresentação. Com o tempo, os irmãos mais velhos também já se encontravam aptos a ajudar os menores.

Antes que o amigo leitor, talvez um pedagogo como eu, comece a criticar esta prática educacional, argumentando que não é aconselhável oferecer um prêmio tão literalmente materialista para que a criança se interesse por leitura, é bom que procure ler um pouco mais sobre os poderes de uma boa motivação; em princípio, o pequeno leitor estará interessado em receber algo que o permita adquirir algum bem desejado, mas logo em seguida a sensação de prazer se desloca para outra fonte e ele descobre como é agradável ser ouvido com atenção e como é gostoso poder colorir com suas próprias nuances as estórias que acabou de ler, tornando-se um co-autor e com isto fazendo com que cada livro seja sempre novo aos olhos e ouvidos dos presentes. Neste ponto, a quantia correspondente ao livro interpretado já deixa de ser sofregamente recebida, é depositada em uma caixinha e vai ser usada na compra dos materiais para as apresentações costumeiras no final das refeições, que cada vez foram ficando mais e mais interessantes, pois os meninos começaram a fazer uso de máscaras, capas, coroas, chapéus, echarpes a fim de dar mais veracidade aos personagens de acordo com a estória que iria ser contada. Aliás, com o tempo, as crianças montaram um palco, e representações teatrais divertidíssimas passaram a acontecer durante as festas de Natal, aniversários e feriados.

Este sistema foi estendido à criação dos cinco netinhos que, depois fiquei sabendo, visitam os avôs quase todo fim de semana ou feriado. Nesta ocasião sempre levam junto com os brinquedos mais novos, as fantasias correspondentes às peças que serão apresentadas e seus animaizinhos de estimação, que encontram um carinho extra deste casal especial. Os animais são tratados por eles, assim como as plantas e árvores, com todo o respeito e amor. Todos são vegetarianos, mas alguns deles ainda comem ovos, queijo branco e coalhada, alimentos usados nas receitas mais sofisticadas, detalhe que me deixou muito feliz porque pude passar a freqüentar suas refeições divertidíssimas sem ter que pedir desculpas por não aceitar me servir deste ou daquele prato que, apesar de muito bonito e suculento, as vezes esconde um toque de caldo de carne ou pedacinhos de bacon lá colocados só para dar um saborzinho.

Aos poucos descobri que o professor Pietrus é brasileiro, mas filho de pai russo e mãe italiana, e dona Maria Eugênia é filha de pais austríacos, explicando sua pele delicada e olhos azuis acinzentados um pouco tristes, mas incrivelmente amorosos. Ambos são formados em História Antiga e o professor é também filósofo, além de ter feito Mestrado nesta área. Aliás, foi durante o curso de História que ambos se conheceram e o interesse pelo esotérico nasceu entre eles como uma forma de se aprofundarem rumo ao autoconhecimento e a busca da Verdade. Resolveram pesquisar o Tarô e a Kabalah, e daí por diante foi como dar voltas nas chaves que abrem as fechaduras de baús repletos das pedras preciosas mais valiosas que um ser humano pode encontrar: jóias que estão à espera de quem as achem e as lapidem. Afinal, o conhecimento mais profundo exige do pesquisador o trabalho de separar o joio do trigo, muitas vezes saber ler nas entrelinhas. Só assim expandirá sua consciência e terá acesso aos planos superiores.

Geninha também é artista plástica e pianista, e os quadros e esculturas que adornam sua casa, atestam o quão sensível ela é. Suas telas lembram o estilo espiritualista de Willian Turner, um impressionismo também beirando o abstracionismo por conta da luz difusa que acaba envolvendo as formas quase as diluindo e suas esculturas são leves como se fosse possível burlar a Lei da Gravidade. Eu diria que são dançantes. Tanto um como outro têm a Lua em seus Mapas Astrológicos em Libra, muito bem aspectadas, aliás, reafirmando que a harmonia é, sem sombra de dúvidas, a tônica daquele relacionamento.

Quando o verão começou a dar lugar ao friozinho do outono, nossas reuniões e bate-papos passaram a acontecer na confortável sala de estar, e o suco de maçãs foi substituído por uma bebida quente. Só os sequilhos não faltavam nunca por exigência do professor, confessamente viciado em guloseimas. Muitas vezes, eles iam à minha casa recém adquirida e eu procurava manter o mesmo clima de aconchego com que me recebiam.

No início de nossos encontros, falamos muito sobre as culturas que foram beneficiadas há milênios com um conhecimento bastante avançado até para nossos dias e que se mostrou comum a todas elas, haja vista tudo que nos chegou como prova disso. O professor sempre trazia de sua biblioteca livros ricamente ilustrados e, por incrível que pareça, também com ótimos textos que permitiam uma profunda inserção às verdades muito habilmente camufladas por lendas repletas de simbolismos. Assim buscamos, pois tínhamos a intuição que esses contos épicos e heróicos, juntamente com a decodificação dos símbolos, diziam muito mais do que poderia supor nossa vã filosofia, parafraseando o grande Shakespeare, esse algo mais, aparentemente indecifrável. Para tanto começamos a pesquisar as culturas egípcias, indianas, chinesas, persas, maias e sumérias, pois estes eram os povos que começaram a demonstrar um conhecimento extremamente avançado para seu estágio anterior, como um enorme salto, e que de certa forma os tornaram aptos a desenvolverem ciências até então desconhecidas como Astronomia/Astrologia, Matemática ou Cálculo, Álgebra, Medicina ou Artes de Cura, Química, na época conhecida como Alquimia, Física, Arquitetura ou Artes da Construção, e as portas do conhecimento se abriram de par em par para esses povos, permitindo-lhes a elaboração de culturas riquíssimas.

Pudemos constatar, em nossas buscas, como foram precisos seus cálculos, quando observamos, por exemplo, os diversos calendários, zodíacos, cilindros de cerâmica, frisos murais dessas culturas. Em relação ao Calendário Maia, por exemplo, pudemos constatar que na verdade ele apresenta uma abordagem sideral, outra lunar e por fim uma solar, que calcula nosso tempo determinando eventos significativos calculando as datas obtidas dos 365 dias mais algumas horas que compõem um ano, dando àquele que o analisa a exata data de eclipses, equinócios, solstícios e de uma série de acontecimentos importantes que já ocorreram e estão para ocorrer no percurso desses séculos até, mais ou menos, dois mil e doze, portanto, nesse século atual.
Falamos mais ou menos porque apesar desses cálculos estarem baseados em datas precisas e exatas, nós trabalhamos hoje em dia com outro Calendário podendo, portanto, acontecer algumas diferenças que, apesar de pequenas, podem dizer respeito a períodos relativamente grandes, de até anos.


Outro exemplo significativo fica por conta de Stonehenge, na Inglaterra, soberbo conjunto de megalíticos perfeitamente esculpidos e colocados em forma circular, hoje identificado como um preciso centro de observações astronômicas é, com certeza, mais um exemplo de como o homem, a muito mais de 2800 a C, já possuía conhecimento avançado sobre os movimentos de nosso Planeta, da Lua e estes em relação ao Sol. Segundo dados astroarqueológicos, no começo era um grande fosso circular e só depois vieram os grandes blocos de pedras que até hoje podem ser observados, apesar de estarem em ruínas, mas a intenção de ser um imenso relógio cósmico nunca foi questionada, determinando com exatidão os equinócios e os solstícios, além de muitos outros dados relevantes.

O mesmo se aplica à cultura egípcia. Em Denderah, no Alto Egito, por exemplo, podíamos encontrar no santuário interno do templo principal, olhando para o teto, uma pintura retratando o céu estrelado, na verdade o circulo celeste, seguro nos quatro pontos cardeais pelos filhos de Horus e nos pontos de aurora e crepúsculo nos solstícios e equinócios por quatro donzelas. Um círculo representando os 36 “decanatos” (período de dez dias, três por mês, ainda hoje usado nos calendários Zodiacais) cerca o “cofre do céu” central no qual as doze constelações do zodíaco são representadas pelos mesmos símbolos que conhecemos hoje e na mesma ordem. O nome hieroglífico do templo significa “Lugar dos Pilares da Deusa”, sugerindo que em Denderah lá estavam claramente gravados simbolicamente as bases do conhecimento astrológico representadas por um lado sob a forma zodiacal e pelo outro como calendário.

Segundo Zecharia Aitchin, em seu livro O Começo do Tempo, essa representação foi descoberta por Napoleão quando invadiu o Egito, e foi removida para o Museu do Louvre, em Paris.

Outra obra importantíssima construída pelos egípcios, segundo o grande historiador Heródoto, mas que infelizmente já não pode ser vista, diz respeito à construção de um centro astronômico, erigido para comemorar a unificação do país, dividido pelos seguidores dos deuses Seth e Horus, em guerra por milhares de anos. Começava a Era de Touro e essa gigantesca tarefa foi concluída em 365 anos.

Conta a Lenda que coube a Athothis ou Thot, o grande deus egípcio criador da escrita, das ciências e conhecimento letrado, a grande honra de declarar oficialmente a unificação do Egito e com ela a criação do calendário clássico egípcio. Foi depois desse dia memorável que começou a construção desse grande centro astronômico, que continha dentre uma série de elementos de valor histórico incalculável, uma câmara a que deram o nome de “Círculo de Ouro”. O conjunto compreendia dois templos gigantescos, e no que foi dedicado a Isis, a Senhora do Céu, havia duas escolas diferentes: os que estudavam o firmamento à noite e o reproduziam sobre a Terra e os que preferiam um estudo mais matemático, puramente teórico, sem observar o céu. Com isso eles tinham uma incrível quantidade de combinações angulares possíveis formadas entre o Sol, os Planetas e as inumeráveis Constelações.

Todos os interessados na História Antiga, já estão fartos de saber que as pirâmides de Gizé e a enigmática Esfinge estão entre os edifícios mais imponentes da Antigüidade e, no entanto, para Heródoto essa construção soberba, acima citada, sobrepujaria a todos. – Será, ficamos nos perguntando, que está completamente envolta pelas areias escaldantes do deserto, pois apesar de ter sido descrita com tal precisão por esse célebre historiador, desse imenso complexo arquitetônico nada restou? - Em lugar nenhum encontramos algo que indicasse ou mencionasse ter sido saqueado ou demolido. Seria este o decantado labirinto, inúmeras vezes descrito nas lendas gregas que nos contam as desditas do rei Minos, sua esposa Parcífae e o Minotauro? Será que a Constelação conhecida como Híades poderia ter sido o ponto focal indicando aqui na Terra o lugar para sua construção?


Chegamos a esta conclusão por analogia, visto que o mesmo raciocínio foi aplicado quando da construção das pirâmides no Vale dos Reis que representaram para aquela cultura o chamado Cinturão de Órion na Terra, soberba constelação que podia ser observada a olho nu naquele período, sendo sua estrela mais brilhante, Órion ou Osires, a representação desse deus após sua subida aos céus, onde permanece eternamente em seu trono cósmico.

Ainda hoje, vez por outra, os pesquisadores encontram novas ruínas de templos magníficos e cada vez fica mais evidenciado o gosto desse povo pelas obras monumentais. Não seria, portanto, uma heresia supor que uma obra com tal magnitude realmente existiu e hoje, após muitos e muitos séculos possa estar coberta por toneladas de areia e que um dia sua existência poderá vir a ser comprovada.


Ainda segundo Heródoto, descrevendo esta maravilha arquitetônica, “há uma dúzia de jardins interiores: seis alinhados do lado norte e seis do lado sul. Foram construídos de tal modo, que seus portais ficavam frente a frente. Uma parede externa sem aberturas rodearia todo o complexo. O edifício em si compreenderia dois pisos e 3.000 câmaras, das quais a metade ficaria no subsolo e a outra metade ao rés-do-chão”.

Ficamos imaginando quão colossal era esse muro que circundava os dois templos. Como prova da competência desses povos, que constituíam as culturas ancestrais, quando decidiam construir obras monumentais, ainda podemos observar além dos já citados, toda a magnificência da Muralha da China, por exemplo. Parece que nada os detinha quando decidiam mostrar seu poder sob a forma de pesadas massas que até hoje causam espanto, dada a “aparente” precariedade dos métodos e instrumentos utilizados.

Também concluímos, pela descrição, que as 3.000 câmaras eram utilizadas para a observação do céu noturno e diurno, isso porque ainda segundo o grande historiador, elas conteriam instrumentos de incrível precisão para os cálculos matemáticos ou pesquisas empíricas, além de guardar e proteger as anotações dessas pesquisas provavelmente gravando-as primeiro em pedras preparadas para conter os símbolos adequados e, mais tarde, em papiros, para alegria e realização dos seguidores do deus Thot, inventor das ciências e da escrita.

Era ele, Thot, segundo o Panteão egípcio, quem regia todos os processos do pensamento e, muito provavelmente, por isso era reconhecido muitas vezes sob a forma de um pássaro, Íbis, extremamente rápido, tanto em relação aos processos mentais como em relação aos seus movimentos, visto ter o ar como seu elemento natural. Apresentava um bico adunco, tanto que as lendas a ele atribuídas contam que este deus começou a escrever ou desenhar os hieróglifos com esse apêndice, gravando através de ranhuras os primeiros símbolos gráficos da História. Seus olhos negros, muito vivos e penetrantes, denunciavam sua inteligência e curiosidade sempre prontas a desenvolver idéias e descobertas. Não é à toa que os gregos o renomearam como Hermes, detentor de todas essas características, em seu próprio Panteão.


À medida que o tempo passava, adotamos uma rotina absolutamente espontânea: o professor escolhia em suas estantes os livros que seriam pesquisados, enquanto Geninha ia separando os capítulos, trechos ou mesmo frases que se mostrassem mais interessantes para nossa pesquisa que, finalmente chegamos a objetivar; buscava as chaves de decodificação da linguagem simbólica das lendas que, por sua vez, envolvem os mitos em um processo dramatúrgico, desvendando verdades que, acreditávamos, iríamos descobrir nas entrelinhas dessas estórias habilmente narradas e que foram criadas a partir do conhecimento adquirido pelos sumo sacerdotes a respeito dos planos cósmicos evolutivos sabiamente simbolizados em odisséias e contos populares mais conhecidos como lendas. É claro que com o tempo e de acordo com o material mais acessível em cada região, pudemos constatar, foram utilizados diversos tipos de tábuas de pedra que serviram de base para as gravações hieroglíficas, cilindros de argila descobertos nas terras conhecidas por Mesopotâmia, papiros e pinturas murais. Tanto é assim que foi em um conjunto de blocos de pedra esmeraldina que Thot, depois conhecido como Hermes, gravou após receber do Grande e Inefável Osires (o primeiro deus da trilogia primeva no Panteão egípcio), os Sete Princípios Herméticos que regem nosso Sistema Planetário e Estelar.

No entanto, a mensagem intrínseca captada pelos sábios, não é de fácil apreensão. Este estratagema, de se fazer uso de uma linguagem cifrada impediu felizmente que pessoas menos preparadas acabassem por disseminar enganos irreparáveis para os planos evolutivos. Não podemos nos esquecer que os símbolos sintetizam verdades atemporais, estão além das leis e dos limites da matéria e guardam indicações sobre a essência da vida que linguagens menos sintéticas não conseguem transmitir. Seu significado, mesmo que não seja captado conscientemente, acaba compreendido e assimilado pelo inconsciente sendo absorvido ocultamente. Isto porque o símbolo primeiro subdivide a realidade, como que pulverizando-a, processo conhecido como diábolo, para em seguida a transformar em algo facilmente apreensível.

Quando fizemos a revisão (afinal o ponto de vista de alguém estranho a nossa pesquisa poderia nos apontar alguns pontos que para a compreensão do leitor talvez ficasse a desejar), a pessoa escolhida para fazer esse trabalho nos alertou para a necessidade de citarmos, mais exatamente, qual a origem ou de onde vieram os registros dessas informações acima citadas: - bem, estivemos nos atendo em análises dos textos herméticos que podem ser encontrados no Caibalion; pesquisamos textos e livros ocultistas, esotéricos e de História Antiga, inclusive os relativos aquelas culturas já citadas, procurando, como já comentamos, abordá-los subliminarmente, decifrando as mensagens ocultas nas entrelinhas; dissecamos as obras que tratam do conteúdo dos papiros que puderam ser salvos do irreparável incêndio que incinerou grande parte desses documentos extremamente relevantes na Alexandria ; e, finalmente, lançando mão da analogia. Como o professor, Mestre em Filosofia, também havia se especializado em Astroarqueologia, os hieróglifos e os símbolos mostraram-se compreensíveis e o desvendamento da grande maioria deles não foi empecilho para continuarmos nossas buscas.

Outro ponto que nossa revisora ressaltou, como precisando de um maior esclarecimento, diz respeito não só ao deus Thot, mas a todo vasto Panteão especialmente egípcio porque foi o estudo de sua Mitologia que mais inspirou os sábios iniciados gregos na elaboração das mais conhecidas lendas, mas sem dúvida também não podemos deixar de levar em conta, todo riquíssimo repertório indiano, chinês, repletos desses seres poderosos, não tão conhecidos para o leigo em cultura antiga. Em uma minuciosa análise comparativa, no entanto, apesar das diversas abordagens culturais, vamos chegar às mesmas mensagens, comprovando o poder dos símbolos como perfeitos guardiões dos tesouros da Sabedoria Oculta.

- Teria sido, ela nos perguntou, a saga desses deuses ou seres super-humanos comprovada física ou metafisicamente falando? - Aqui cabe comentar, acreditamos, o grande impasse que surge quando tratamos de mitos envolvidos em processos dramatúrgicos (assim surgiram as lendas) e o leitor poderia ficar se perguntando se esses modelos arquetípicos continuaram a existir e ter valor realmente nesse mundo cada vez mais materialista ou são oriundos da fértil imaginação daquele povo e já não nos dizem respeito.

- É claro que os achados arqueológicos nos dão provas suficientes sobre a existência dessas culturas, mas quando essas evidências concretas assumem a forma mítica, acontece um grande salto intuitivo e a percepção dessas estórias passa a um plano muito mais sutil, quando o racional assume a posição de um pano de fundo e a percepção extra-sensorial ganha um lugar de destaque em todo o processo seguinte. Aliás, essa foi, acabamos por concluir, a idéia que permeou todo o processo de elaboração das lendas. O que podemos afirmar é que todo esse universo simbólico poderá ser analisado de acordo com a respectiva expansão de consciência de cada um, e quanto maior for a sua capacidade para entrar em contato com as formas astrais cada vez menos condensadas, mais conseguirá captar a mensagem intrínseca contida nesses contos que nos falam de heróis, guerreiros, reis e rainhas, só revelada para quem demonstra capacidade para tanto. A lenda contada envolvendo mitos ou figuras alegóricas, sempre importará menos que a mensagem que lá estará contida, indicando qual o caminho correto para se chegar à evolução ou encontro com seu verdadeiro Eu.



Quanto a mim, anotava tudo que descobríamos, procurava não me esquecer de nada que havia sido comentado a respeito dos textos. Assim que as reuniões acabavam, corria para meu computador habilmente colocado sobre uma escrivaninha no sótão, lugar eleito para ser meu escritório por ser o ambiente mais tranqüilo da casa, e tratava de digitar tudo que havíamos descoberto e discutido.

Ao lado do computador coloquei um vaso contendo água mineral com um cristal violeta dentro (cor que ativa a percepção extra-sensorial), do outro lado um incensário (os aromas de ervas e madeiras queimando levam para planos menos densos nossos pensamentos, elevando-os e os tornando cada vez mais claros). Atrás da escrivaninha ficou meu som, pois a música sempre fez parte de minha vida e em todos os momentos gosto de contar com a presença desta musa. Aliás, faço questão de sua companhia.

A janela, aquela das águas furtadas de que falei no início, às vezes me permite ver o por do sol sempre lindo, mesmo quando o céu está nublado, pois o cinza chumbo das nuvens mais pesadas se mistura ao alaranjado do sol se pondo, enquanto raios de luz cortam a aparente muralha, mandando feixes para a terra que vão se abrindo em leque. Em seguida, fico esperando as luzes se acenderem, enquanto a noite a tudo cobre com seu manto aveludado. Nessas horas, sempre penso nos seres primitivos que também assistiam a este espetáculo que deveria ser ainda mais perturbador, visto que o céu ainda podia exibir o fulgor das estrelas sem a rivalidade das luzes elétricas. Realmente, o homem hoje, mesmo com todo avanço tecnológico, ainda se curva frente à Natureza e ao poder que dela emana.

Mandamos abrir mais uma janela, assim que o orçamento permitiu, em frente da já existente, não só para melhorar a circulação de ar, mas especialmente para receber as energias do nascer do sol. Por isso mesmo foi equipada com amplas vidraças. O aposento passou a ter luz própria e se tornou meu lugar preferido.

Meu cão, da raça dos dobermanns, também passou a se sentir muito bem lá comigo, sinal de que o ambiente realmente ficou harmônico. Apesar de estar sempre absolutamente alerta, ser um excelente cão de guarda e apresentar olhos vivos e inteligentes, assim como ouvidos incrivelmente sensíveis, passou a ficar horas deitado, profundamente adormecido sobre o tapete, todas as vezes que eu me disponho a subir àquela parte da casa, mostrando claramente que lá ele se sente protegido.

Também aceitou prontamente a presença de meus novos amigos, todas as vezes que me visitam, acolhendo-os como velhos conhecidos. Realmente, cada vez me convenço mais que os animais têm muito a nos ensinar, pois acho que nós, seres humanos, que tanto nos vangloriamos de nossa capacidade de racionalizar, acabamos ficando cada vez mais distantes de nossos instintos, nossas antenas protetoras que, agora que acordamos para o processo evolucional, podem ser reconhecidos como intuição, sua nova roupagem.

É claro que neste ambiente não poderia faltar uma estante onde, além de meus livros costumeiros e revistas especializadas em esoterismo e astrologia, passei a empilhar os textos que iam nascendo. À medida que íamos nos aprofundando mais e mais nos assuntos éramos levados a uma abertura de consciência rumo à decodificação da linguagem cifrada dos inúmeros símbolos que desfilavam incansavelmente diante de nossos olhos.

Bem, retornando aos nossos encontros, e ainda relembrando as informações de Heródoto sobre o suposto e imenso complexo já citado, pudemos constatar que esta magnífica construção guardava em um de seus Templos, a legendária câmara também conhecida como “Círculo de Ouro”. Seria feita de granito e recoberta de ouro, e conteria um legado tecnológico deixado por uma civilização perdida, muito mais antiga do que o próprio Egito. Seriam, nos perguntamos, os habitantes da extinta Atlântida? Ou seriam seres vindos de outro Planeta cuja cultura já teria ultrapassado a nossa em milhões de anos à frente?

Talvez você, amigo leitor, ache estranho nós falarmos sobre tudo com tanta convicção, mas como nunca ficou comprovada a destruição desse colosso, inclusive nunca foi detectada nenhuma ruína, e como (acreditamos ser este o dado mais importante) essa construção foi citada muito clara e detalhadamente por ninguém menos que Heródoto, é possível que esteja soterrada por toneladas de areia e sua existência mereça pelos menos um interesse maior por conta dos estudiosos.


Em relação ao fato, levantado por nossa revisora, de que deveríamos citar mais claramente nossas fontes de pesquisa, achamos interessante comentar que no Livro dos Mortos dos egípcios, obra ancestral e respeitada como o Grande Livro Sagrado daquela cultura, tão importante como o I-Ching para os chineses, que contêm a síntese do Taoísmo, ou os Vedas para os indianos, a existência desse Círculo de Ouro, também é citada.

Aliás, falando do Livro das Mortos, seria bom acrescentar que, dependendo da importância do falecido, no momento de seu embalsamamento, ele era sepultado junto com alguns amuletos sagrados, orações e seu próprio Livro dos Mortos (na verdade, papiros habilmente preparados na forma de um rolo) e é bom que se esclareça, que essa prática nos primórdios da civilização egípcia só poderia ser adotada em relação aos faraós, considerados divinos, e só depois, quando essa cultura já estava sofrendo deturpações é que pessoas mais abastadas passaram a ter esse privilégio. Mas, afinal você amigo leitor deve estar se perguntando o porquê de se enterrar alguém junto a seu próprio Livro dos Mortos. A resposta é que ele servia como um guia para o morto, quando seu duplo acordasse no outro mundo, no Plano Astral. Dessa forma ele teria em mãos as indicações sobre o caminho que deveria seguir, descrevendo os perigos que ele teria de enfrentar, inclusive a maneira correta de se livrar deles e chegar, finalmente, ao seu destino quando seria julgado sob o olhar atento do deus Anúbis, tendo seu coração pesado na forma de um escaravelho nos pratos de uma balança enquanto Maat colocaria na outra bandeja uma pena. Se seu coração pesasse mais que a pena (a Verdade) seria condenado à morte eterna, mas se pelo contrário, seu coração fosse tão leve quanto a pena, então ele seria conduzido para a felicidade eterna.

Pudemos constatar ainda, em nossas pesquisas, de acordo com as descrições às quais tivemos acesso, que grande parte de todo conhecimento astronômico dos egípcios, mas também cenas do dia-a-dia dos faraós, podem até hoje ser encontrados, gravados nas paredes das construções, sob a forma de hieróglifos, em alguns casos excepcionalmente bem conservados inclusive nas cores originais, dependendo do local mais ou menos sujeito á ação inclemente do clima, erosão ou infiltrações, relatando todas as suas descobertas e vivências numa gigantesca síntese apesar de tanto tempo passado.

Em um dos livros por nós pesquisado, o autor, Patrick Geryl, afirma que acredita que ainda serão descobertas ruínas que comprovarão a existência do Labirinto. Ele acredita, segundo afirmou em seu livro o Cinturão de Órion, que seria a mesma construção monumental citada anteriormente. Muitas paredes dessa construção completamente desaparecida se moveriam e isso a teria transformado numa verdadeira armadilha para todo aquele que ousasse penetrar em seu interior sem uma prévia permissão, ou sem merecedor desse feito. A descoberta dessa construção (e muitas outras ainda desaparecidas) seria provavelmente importantíssima para descerrar inúmeros véus que ainda escondem insondáveis mistérios sobre essa cultura milenar. Só o futuro poderá confirmar!!!



Bem, continuando a narrar nossas aventuras literárias, decidimos nos enveredar para algo que nos pareceu eminentemente lógico: procurar esclarecer quais foram as diversas e criativas formas que os Hierofantes, seres detentores de uma abertura de consciência cósmica extremamente superior a qualquer outro mortal, encontraram para gravarem suas descobertas ocultistas sob uma forma tal que o conteúdo se mantivesse protegido aos olhos dos que ainda não se encontravam preparados para elaborar a decodificação das mensagens. Sabedores dos perigos que uma disseminação desenfreada dos grandes mistérios cósmicos provocaria em uma humanidade decaída, decidiram criar uma linguagem simbólica que necessitaria alguém que as decodificasse para aqueles que estão buscando o caminho evolucional. Adotaram então além dos contos épicos, envoltos em mitos que receberam uma roupagem dramatúrgica, hoje conhecidos como lendas, alguns instrumentos de captação energética, mostrados aos leigos sob a forma de mandalas, frisos ou calendários, arcanos, símbolos numéricos, hexagramas ou ainda sob a forma de uma representação denominada a Árvore da Vida.



Quanto aos calendários, mandalas e frisos murais, pareceu-nos que esses iniciados nos quiseram deixar um instrumento de orientação para seus descendentes em relação ao espaço sideral e também ao planetário, mostrando literalmente como o homem pode estar consciente de todos os fenômenos naturais que iriam ocorrer durante séculos, utilizando este conhecimento a seu favor, permitindo, até os dias atuais, que fosse se reajustando para obter todas as vantagens de estar preparado para proteger-se dos cataclismos naturais, fazendo uso adequado das energias favoráveis, como em um manual, situando-se em perfeita ressonância com as Leis Cósmicas. Na verdade, colocar o aparente caos em ordem.

Em relação aos Arcanos, os sábios deixaram gravados, para que toda a sabedoria dos Grandes Instrutores não se perdesse no tempo ou fossem deturpados, sob a forma de símbolos primeiro em tábuas de pedra e depois em papiros, vinte e dois símbolos arquetípicos que indicam qual o caminho para se chegar ao autoconhecimento (os Arcanos Maiores). Assim, o homem decaído ou alienado do processo evolucional, acorda para a necessidade de buscar o caminho evolucional e reencontrar seu Eu Superior.

Depois dessa jornada rumo à abertura da consciência cósmica, os seguidores desse instrumento ainda têm que experienciar mais cinqüenta e seis símbolos orientadores (chamados Arcanos Menores) que lhe indicarão quais as áreas onde, quando e por meio de que os eventos poderão ser observados. Todo este conjunto simbólico de setenta e oito lâminas recebe o nome de Tarô, sabiamente codificado sob a forma de um oráculo ou um jogo, portanto mais fácil de ser divulgado entre os não iniciados.


Os fundamentos filosóficos desse oráculo estão contidos na Kabalah através da representação de um instrumento conhecido como A Árvore da Vida, remetendo o aspirante a iniciação àqueles vinte e dois caminhos ou sephiroth (plural de sephira) já comentados, cabendo ao iniciado decodificar seus símbolos, traduzindo para o interessado, as mensagens que seu Eu Maior ou seu inconsciente está tentando lhe dizer, orientando-o em sua trajetória de vida.


O mesmo podemos dizer em relação ao estudo da Numerologia. Tanto faz que sua origem seja pitagórica ou kabalística, ambas trabalham com o poder que emana dos símbolos numéricos, orientando o aprendiz a decodificá-los. A Numerologia pitagórica faz uma interessante análise esotérica das formas geométricas e a origem dos números contados de um a nove. Daí em diante, serão sempre reduzidos à unidade, chegando também às mesmas mensagens dos instrumentos anteriores citados, inclusive levando em conta os chamados números mestres 11, 22, 33 e 44, que pelo poder que transmitem, são os únicos que não devem ser reduzidos à unidade para que sua energia não seja minimizada. Como cada número corresponde a uma letra do nosso alfabeto, estas passam a nos dizer muito mais que uma simples leitura nos diz. É como dialogar com o próprio inconsciente. Quanto à Numerologia kabalística, seus iniciados levam em conta o fato de que as letras, pelo som que emitem ao serem pronunciadas, também correspondem a um determinado número e guardam um poder manifestador que é aproveitado pelos iniciados para a orientação dos iniciantes, no processo de expansão de consciência.

Como a Verdade é uma só, acabamos constatando que todos esses instrumentos que levam o iniciado ao autoconhecimento, podem variar quanto à nomenclatura ou símbolos utilizados, dependendo da cultura de cada povo, mas o objetivo, o autoconhecimento tão arduamente buscado, será atingido por meio deles e o adepto chegará triunfante à sua origem divina.

Mas, pareceu-nos bastante evidente, o instrumento que melhor sintetiza para o aspirante à evolução (na verdade, o grande objetivo e que mais deve importar na experiência de vida daquele que já acordou para essa verdade) é que além desses instrumentos que nos levam ao autoconhecimento, ainda mais antigo encontra-se o conhecimento esotérico, a raiz de todo o conhecimento e através do estudo do hermetismo, ou das orientações recebidas por Hermes e seus iniciados em relação aos ensinamentos do Grande e Inefável Osires, encontraremos uma orientação cada vez mais profunda ainda sobre como chegar a Grande Verdade, e que nos levará às origens do conhecimento oculto, nos provando que, apesar de todas as nossas limitações atuais, podemos pelo menos intuir o que os grandes sábios pesquisavam nas inúmeras Escolas Iniciáticas.

Decidimos, de comum acordo, dedicar um capítulo especial à pesquisa que fizemos em um texto especialíssimo que o professor guardava em uma gaveta sempre trancada, de sua belíssima escrivaninha que herdou da família de Geninha, estilo austríaco, toda entalhada à mão, obra que faria qualquer antiquário feliz. No artigo, o autor cita os fundamentos da Astrologia Esotérica e do pensamento analógico, remetendo o leitor às Sagradas Leis que regem nosso universo e às raízes do conhecimento astrológico e de todos os seus símbolos.

Portanto, no próximo capítulo vamos levá-lo a conhecer As Sete Leis Cósmicas ou Os Sete Princípios Herméticos que atuam inexoravelmente regendo esse nosso Universo da Terceira Dimensão, tanto em relação ao próprio homem visto como um perfeito microcosmo, um holograma de seu próprio Sistema Planetário, como em relação aos infindáveis Sistemas Siderais. É o usado pelo conhecimento astrológico, que começa com uma abordagem racional, possível desde que Jean Baptist Morin o sistematizou e o colocou entre as Artes da Matemática mais voltada para o dia-a-dia ou o cotidiano até voltar, já no século XX a uma observação absolutamente cósmica, não sem antes passar por uma esclarecedora abordagem psicológica feita por Danny Rudhiar, assim como através do renascimento esotérico com Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica fora, é claro, os muitos outros pensadores que enormemente contribuíram para esse renascimento dessa Arte/Ciência

Tanto é assim que através da Astrologia Esotérica ou de uma abordagem epistemológica, que vai a busca das origens ancestrais desse conhecimento, conseguimos observar quão precisos são os símbolos por ela utilizados: o incrível dinamismo que podemos constatar nos trânsitos, progressões e retornos, os glifos que representam perfeitamente as energias de cada raio de luz ou corpo planetário que compõe nosso Sistema Solar (o Sol, a Lua e todos os Planetas), a divisão da Mandala em doze casas perfazendo os trezentos e sessenta graus da circunferência, que define não só o homem, mas também delimita o macrossistema do qual ele faz parte integrante, a oposição formada entre os signos opostos gerando sua complementação, as energias yin e yang, ou seja, as ativas e as passivas, os aspectos ou graus formados entre os signos à medida que avançam em sua trajetória, sua colocação em posições cardinais, mutáveis e fixas, além de estarem qualificados como os quatro elementos, água, terra, fogo e ar.

Tudo isso analisado simultaneamente permitirá ao neófito colocar-se frente ao seu tempo mítico e, tal qual contam as Lendas, frente ao seu momento evolutivo. Ele descobrirá que faz parte de um arquétipo ou modelo ancestral e terá que enfrentar os diversos desafios que todo herói deve encarar para sair vencedor em seu processo iniciático, ou muitas vezes perder esse contato por não estar consciente dele e ter de recomeçar tudo de novo.

Esse percurso, do homem rumo à evolução, é que determinará sua abertura de consciência, permitindo que ao mesmo tempo em que vai vencendo os desafios ou limitações, vai absorvendo mais e mais luz advinda do raio de cada corpo planetário, até tornar-se um Iluminado e sentir que cumpriu sua missão.




OS SETE PRINCÍPIOS HERMÉTICOS OU LEIS CÓSMICAS

Nesta altura da pesquisa, decidimos nos aprofundar na análise dos Sete Princípios Herméticos que regem esse nosso universo da terceira dimensão, que encontramos em uma obra intitulada Caibalion, escrita por três iniciados no hermetismo, filosofia advinda dos ensinamentos de Hermes (o Trimegistus), um título hierárquico dado a todos àquele que merece ser chamado de Mestre Ocultista e que segue os ensinamentos do deus egípcio Thot, o deus inventor da escrita e das ciências.

Nesta obra pudemos identificar os fundamentos do pensamento analógico e de todos os outros Princípios que sustentam nosso universo. A Analogia, vocês já devem saber, é a Filosofia que nos exorta a descobrir as Grandes Verdades comparando fenômenos conhecidos ou que se encontram mais próximos de nós com àqueles que pretendemos entender ou decodificar. Vamos, através desse Sistema, achar as semelhanças existentes entre situações posicionadas em freqüências ou vibrações aparentemente diferentes. Acabamos por descobrir que os Princípios Herméticos que regem nosso universo incomensurável, são os mesmos que nos orientam em nosso ínfimo Planeta, seus habitantes e todos os seres que nele vivem, inclusive os organismos microscópicos.

Segundo um artigo guardado a sete chaves pelo professor Pietrus, retirado de revista especializada em assuntos esotéricos, que revela os fundamentos do conhecimento astrológico esotérico, lemos que: “Hermes (Thot) clamou ao Grande e Inefável deus Osires para que lhe mostrasse o verdadeiro caminho que as almas dos homens têm de percorrer para vir a este mundo, e após muito meditar sobre a origem e destino dos seres, Hermes sentiu-se dominado por um grande torpor físico, porém solto no espaço, como se seu espírito estivesse liberto da matéria. Percebeu então, que um ser sem forma o chamava por seu nome: - Quem és?- perguntou Hermes assustado. –Sou Osires, a inteligência soberana e posso revelar-te todas as coisas! Que desejas? - Desejo contemplar a fonte de todos os seres, oh divino Osires! E conhecer a Deus. No mesmo instante Hermes sentiu-se inundado por uma luz deliciosa. Em suas ondas diáfanas passavam as formas de todos os seres. Porém, espantosas trevas de forma sinuosa desceram sobre ele. Hermes ficou submerso num caos úmido e cheio de fumaça. Mas um fogo sutil saiu das profundezas e alcançou as alturas etéreas. Hermes subiu com esse raio de energia, e voltou a sentir-se no espaço.

– Compreendeste o que vistes? – perguntou-lhe Osires – Não – disse Hermes.- Acabas de ver o que existe desde toda a eternidade. A luz que vistes no princípio é a inteligência divina que contém todas as coisas em potência e encerra o modelo de todos os seres. As trevas em que submergistes são o mundo material em que vivem os homens da terra; o fogo que vistes brotar das profundezas é o Verbo Divino. Deus é o Pai, o Verbo é o Filho, sua união é a Vida. – Oh divino Osires! Já não vejo com os olhos do corpo e sim com os do espírito. Como acontece isso? – Filho da Terra, o verbo está em ti. O que em ti vê, ouve e opera, é o próprio Verbo, o fogo sagrado, a palavra criadora. – Oh, Osires! Faz-me ver a vida dos mundos, o caminho das almas, de onde vem e para onde vai o Homem.


O grande deus convidou-o a subir no monte mais alto da região em que estavam e a observar o céu coberto de corpos celestes. Com sua voz possante Osires exclamou: “Olha Hermes, escuta e compreende. Estás vendo as sete esferas de toda a Vida. Através delas se processa a queda e a ascensão das almas. Os sete planetas com seus Gênios são os sete raios do Verbo-Espírito, em cada fase da vida das almas. Cada um deles domina em uma esfera do espírito, em uma fase da existência espiritual. O mais próximo de ti é o Gênio da Lua; ele preside o nascimento e a morte. Sobre ele o pálido Mercúrio mostra o caminho às almas ascendentes ou descendentes, com seu Caduceu que contém a ciência. Mais acima, Vênus sustém o espelho do amor. Sobre este o Gênio do Sol eleva sua tocha triunfal de eterna beleza. Mais acima ainda, Marte brande a espada da Justiça. Reinando sobre a esfera azulada, Júpiter sustenta o cetro do poder maior que é a Inteligência Suprema. Nos limites do mundo, sob os signos do Zodíaco, Saturno eleva o Globo da Sabedoria Universal”.
Assim nasceram as bases da Astrologia Esotérica.

Depois de lermos este texto, o professor que já o havia examinado uma dezena de vezes nos alertou, a Geninha e eu, para alguns detalhes que à primeira observação acabam passando despercebidos. O primeiro detalhe importante diz respeito ao fato de Osires alertar Hermes que este precisaria estar atento para as mensagens subliminares que estaria por receber, pois se tratava de uma mensagem esotérica, exigindo do ouvinte uma predisposição profunda, uma percepção só adquirida através da intuição desenvolvida.

Em seguida, o professor nos chamou a atenção para a clara analogia feita ao comparar nosso sistema planetário ao próprio sistema evolucional humano nos alertando para o fato que temos de experienciar ou acordar em nós, todas as energias simbolizadas pelos planetas, nosso satélite, a Lua, e nosso Sol. Indicou também a ordem natural em que estão posicionados como o caminho ideal para que o homem acenda dentro de si a Luz de cada um dos Gênios Regentes ou dos sete raios do Verbo-Espírito, quando empreende sua trajetória rumo à sua real origem divina. Só assim estará completo e consciente de sua missão no Planeta Terra.

Quanto aos Princípios Herméticos, apresentados inscritos ou gravados em pedras esmeraldinas, e que foram ditados por Hermes ainda nos primórdios da Civilização Egípcia, eles tratam do incomensurável processo evolucional e regem nossa terceira dimensão. Segundo os três iniciados no hermetismo, temos:
1) MENTALISMO: Tudo neste universo tem origem no Plano Mental. Nós somos as projeções de uma Mente Onipotente, Onisciente e Onipresente; somos o resultado de uma Criação Mental, de uma Energia absolutamente abstrata que, à medida que vai perdendo velocidade vai se condensando em luzes, cores e em sons. Aos poucos vão se delineando sensações, imagens ainda irreconhecíveis que denominamos Plano Astral, para finalmente chegar ao Plano Físico ou Material, quando a energia ganha forma e se condensa. A Grande Síntese de todo esse processo é representada pelos símbolos usados no conhecimento astrológico.
2) CORRESPONDÊNCIA; Também conhecida como Lei da Analogia, afirma que tudo que vemos acima é semelhante (não igual) ao visto abaixo. A única forma de procurarmos entender os chamados mistérios da Natureza é fazermos a analogia de tudo que podemos observar. No conhecimento astrológico, trabalhamos sobre uma Mandala que recria e define nosso Sistema Solar, comparando-o ao modelo macro, recolocando cada ser humano como semelhante a este Sistema maior, tendo por objetivo mostrar que a mesma harmonia que permite que todos os luminares e corpos celestes se mantenham em um ritmo perfeito, deve ser buscada por cada ser humano para que este possa fazer parte dessa dança cósmica da qual é parte integrante.
3) POLARIDADE: Diz respeito aos eixos de complementação. Tudo no Universo (portanto todos os signos também), possui determinadas características que, quando iluminadas por um dos sete Raios de Luz, só se complementa quando busca as características do seu pólo oposto. Na Astrologia podemos ver isso claramente quando observamos uma Mandala Astrológica, pois enquanto determinado signo está iluminado, seu complementar estará, por assim dizer, na sombra. Na verdade, essa Lei se refere à existência dos opostos em todos os eixos de energia que buscam eternamente o ponto de equilíbrio em um movimento constante, confirmando o dinamismo a ser detectado em todo o Universo. Só para exemplificar, o signo de Áries encontra sua complementação no signo oposto, Libra. A coragem, o pioneirismo e a energia física típicas de Áries apenas tornam-se completas quando alcançam a consideração pelo outro respeitando e honrando o espaço alheio com a mesma força que se faz respeitar também.
4) VIBRAÇÃO: Refere-se ao dinamismo que pode ser identificado nas características dos quatro elementos os quais, por sua vez, desdobram-se em uma infinidade de estados intermediários da matéria. Mais uma vez, encontramos suas representações simbólicas através do conhecimento astrológico nos dos signos ígneos (Áries, Sagitário, Leão), nos aéreos (Aquário, Gêmeos, Libra), nos aquosos (Peixes, Escorpião, Câncer), e nos terráqueos ( Touro, Virgem, Capricórnio). Cada um trás em si as características de um desses elementos e das suas derivações ou desdobramentos.
5) RITMO: Esta Lei nos adverte para a necessidade de captarmos através da Intuição o ritmo cósmico que mantêm todo o Universo em uma sintonia perfeita. Precisamos nos afinar como um instrumento tem que estar em perfeita ressonância em uma orquestra e dançar a Dança Cósmica lindamente simbolizada pelo deus indiano Shiva, em uma obra bastante conhecida até por nós ocidentais. Este deus está inserido na “Sansara” ou Roda do Destino (termo bastante difundido na Filosofia Budista e que simboliza o ir e vir do homem ainda preso nas malhas da reencarnação), e se apresenta como um ser hermafrodita, quer dizer completo em sua essência cósmica. Na Astrologia este ritmo incansável é simbolizado pelos trânsitos, progressões e revoluções e também pela localização dos signos e planetas nas casas cardeais (quarta, décima, primeira, sétima), nas fixas (segunda, oitava, quinta, décima primeira), e nas mutáveis (terceira, nona, sexta, décima segunda), mostrando de forma insofismável que o iniciado terá, durante toda sua vida, oportunidades de experienciar uma gama quase infinita de energias, tão numerosas quanto for o tempo de sua permanência nesse plano.
6) CAUSA E EFEITO: O Presente é fundamental porque neste Universo no qual estamos inseridos tudo acontece simultaneamente, tanto que o chamado passado, assim como o futuro, não passam de uma ilusão, criada para nos aprisionar cada vez mais forte nesta experiência de condensação energética. Em algumas filosofias orientais encontramos os termos Dharma e Karma que nos levam a entender muito claramente o quanto estamos envolvidos nesse processo. Na verdade quando criamos ou desejamos mentalmente alguma coisa, essa coisa passa para um plano intermediário chamado Astral e depois, se a vontade permanece inalterada, o que desejamos mergulha no plano Físico e se concretiza. Só que simultaneamente a este processo, surge a responsabilidade por essa criação e tudo que ela vier a causar de bom ou de mal ao status quo existente, será julgado. Na Mandala ou Mapa Astrológico vamos nos deparar nas análises com os Nódulos Lunares (o Nódulo Norte nos mostra qual é a missão que viemos cumprir, enquanto o Nódulo Sul diz, claramente, qual energia deixamos de trabalhar suficientemente em encarnações passadas), e com a retrogradação de alguns planetas (esses luminares serão sinalizados no Mapa com um “R” cortado, indicando que no lugar onde está este Planeta vamos detectar energias que ainda não foram trabalhadas à contento pelo cliente, uma vez que “aparentemente”ele dá a ilusão que está caminhando para trás, simbolizando para o astrólogo como que um nó energético que ainda precisa ser desfeito), como as indicações mais evidentes dessa Lei. No entanto, o próprio Mapa já é em si mesmo uma amostra evidente desse processo, visto que cada um dos sete Gênios, o Ascendente, o Meio e o Fundo do Céu também indicam quais energias deverão se complementar para que o mito-dilema ou desafio cármico possa ser vivido por cada um de nós e acabe nos levando à vitória, nos libertando finalmente da malha cármica que nos envolve para seguirmos enfim para o encontro com nosso Eu Maior e para nossa origem divina de Luz.
7) GÊNERO: Refere-se aos princípios ativos ou passivos; ao Yin e ao Yang que só se equilibram no Centro chegando ao Tao, o tão decantado ponto zero ou de equilíbrio. Temos aqui a comprovação de que o Homem Cósmico, uma entidade completa, precisou dividir-se em macho e fêmea para suportar a entrada nesta atmosfera cada vez mais densa e, por isso mesmo, acabou perdendo completamente sua consciência cósmica. No entanto para o iniciado, que já acordou para este estado, a sua reintegração com seu Eu perdido é tarefa imprescindível. Ele pressente que sua origem é de um ser completo pois, assim que experienciar todas essas energias ativas e passivas, estará pronto para ser Ele mesmo. Daí, a necessidade de se vivenciar TODAS as energias dos doze signos e suas regências até nos tornarmos completos ou iluminados. Na Astrologia classificamos os signos como seis com tendências ativas (os ígneos e os aéreos) e seis com tendências passivas (aqueles relativos aos terráqueos e os aquosos). Como temos em nossos Mapas todas essas doze energias, podemos inferir que já somos seres completos bastando reencontrar em nossa origem cósmica aquelas outras energias que apresentam uma perfeita ressonância entre si, formando o Grande Modelo do Homem Cósmico.

Depois dessa análise, pareceu-nos lógico recorrer ao que contam as Lendas sobre o processo cosmogônico, especialmente as da cultura egípcia, pois pressentimos que nessas narrativas repletas de símbolos estariam veladas grandes e imprescindíveis mensagens sobre nosso processo evolutivo, analisando o que diziam os egípcios em seu Panteão, uma vez que os planetas, a Lua e o Sol foram citados de forma insofismável nesta verdadeira introdução ao conhecimento astrológico/esotérico. Na verdade, compreendemos que neste pequeno texto, ditado pelo Grande Osires, foram colocadas as raízes da Astrologia e com elas nossa próprias origens, sob uma abordagem realmente epistemológica.

Como não poderia deixar de ser, a abordagem cosmogônica da cultura egípcia, quando chegou aos não iniciados, já apresentava uma descrição do processo cósmico relativo à criação do Universo absolutamente simbólica, sob uma ótica figurada, de modo que sua mensagem oculta e esotérica ficou como que camuflada por situações bem próximas dos indivíduos da época e das suas experiências do dia-a-dia.

Se não, vejamos como nos chegou a descrição obtida de um autor competente, Luis Manuel de Araújo acerca desse processo, no livro Mitos e Lendas do Antigo Egipto, no capítulo intitulado “A criação do mundo por Atum” (texto retirado das pirâmides): “ Quando o céu e a terra ainda não estavam separados, e quando as serpentes, os vermes e os seus inimigos ainda não tinham sido criados, quando ainda não havia vida alguma, ou seja, no começo de tudo, só existia Atum ou Nun.
Então Atum elevou-se do Nun, postando-se no cimo da colina primordial. E, depois de algum tempo, Atum fartou-se da sua solidão e, masturbando-se, engoliu o próprio sêmen, que conseguira com a ajuda da sua mão.
Depois de, desta forma, ter-se fecundado a si mesmo, deu à luz Chu, o ar, e Tefnut, a umidade, os quais lançou de sua boca. Chu e Tefnut fizeram Geb, a terra, e Nut, o céu. Por sua vez, estes geraram Isis e Osires, a deusa da vida e o senhor do reino dos mortos, depois dos quais vieram Set e Neftis, o deus dos territórios estrangeiros, e a senhora da casa. Apareceu então no reino Horus, o filho de Isis e de Osires. “Estas nove divindades formam a Enéiade de Heliópolis”.

Cabe-nos acrescentar que aqui nos defrontamos com uma simbólica, mas clara, analogia com a descrição que nossos cientistas modernos fizeram tentando explicar o BIG BANG. Aliás, se formos analisar a Bíblia, o mais popular livro sagrado do Ocidente, no capítulo Gênesis, vamos encontrar algo bastante semelhante.

O esquema mitológico fundamental do antigo Egito é de fácil apreensão, organizando-se em estágios que vão gradualmente se desenvolvendo até o pretendido final: o estabelecimento de Horus como rei do mundo após ter vingado o assassinato de seu pai Osires, derrotando Set, título sagrado depois patenteado na milenar instituição do faraonato.

Mas aqui caberia citar ainda o deus Anúbis, o primeiro embalsamador, e o primeiro a portar o título de psicopombo (aquele que conduz o morto à sua morada final) e sua belíssima Lenda. Contavam os antigos egípcios que ele foi um gran-sacerdote que se apaixonou perdidamente por uma sacerdotisa ainda adolescente de nome Michelet, que servia em outro templo. A paixão que assolou seu coração foi tão intensa que ele jamais se declarou a ela, portanto nunca a tocou, para não macular este sentimento de verdadeira adoração e com medo que as outras pessoas vissem em seu semblante as marcas do imenso amor que acabaria por ser notado no brilho de seus olhos e sorriso constante, ele decidiu cobrir seu rosto, daí por diante, com uma máscara canídea (lembrando um cão Dobermann). Michelet casou-se, após ter sido dispensada de suas obrigações como sacerdotisa, teve filhos, sem jamais perceber o imenso sentimento que havia despertado em Anubis.

Mas para desespero dele, Michelet faleceu e ele cheio de dor tratou o corpo da amada com ungüentos e ervas especiais que ele como sacerdote conhecia como ninguém. Da tentativa de superar os efeitos destrutivos da própria morte sobre a matéria e a tristeza de nunca mais ver seu rosto adorado, nasceu a prática de mumificação que foi estendida aos faraós também considerados seres especiais. Na verdade, os sacerdotes disseminaram a crença de que todos nós trazemos junto a nós uma cópia astral perfeitamente igual ao modelo físico (chamado de duplo) e tratando da manutenção deste último, conservariam por mais tempo suas energias ou alma de sorte que o falecido poderia ter tempo para se preparar melhor para enfrentar sua jornada final.

Já citamos, como fazendo parte desse Panteão, o deus Thot - criador da escrita e patrono do conhecimento – representado muitas vezes sob a forma de um pássaro, na verdade uma Íbis, enquanto Ré (o Sol) era o outro nome de Nun, o pai dos pais e a mãe das mães. Este seria o responsável pela criação da Terra e por povoá-la de plantas e animais. Ainda podemos enumerar uma série enorme de outros deuses, inclusive Maat, a deusa que pesa o coração do morto para decretar-lhe sua absolvição ou condenamento. Horus, o filho e vingador de Osires, muitas vezes é representado como um falcão e Isis sua mãe, é reconhecida como a própria Lua, enquanto Osires, seu marido/irmão será a estrela mais brilhante da Constelação de Órion.

Este modelo cosmogônico serve de padrão arquetípico para muitas outras criações. E como, segundo Mircéia Eliade, a função mestra do mito é a de fixar os modelos exemplares para todos os ritos e para todas as ações humanas significativas, já se vê a importância dos mitos de criação que nos chegaram do antigo Egito e de todas as outras culturas ancestrais conhecidas.

Caberia depois aos gregos, amplos e muito reconhecidos devedores de outras culturas mais antigas (afinal todos os filósofos da Grécia antiga passaram pelo processo de iniciação e freqüentaram as chamadas Escolas Esotéricas ou Templos Iniciáticos existentes no Egito, assim como também os existentes nas Índias, na China), passar da mentalidade mítica ao pensamento racional, que permitiria esboçar explicações filosóficas e científicas dessacralizando a realidade, bem mais fáceis de serem decodificadas por nós em pleno século XXI. Mas, a forte presença da mitologia na cultura grega e em todas as outras culturas antigas comprova que, mesmo com o advento do pensamento letrado, racionalista e tecnológico, o mito e a filosofia conviverão lado a lado, ainda mais se partirmos para uma abordagem epistemológica. Não podemos nos esquecer que a lenda, segundo Luís Manuel de Araújo, insinua-se no tempo histórico, partindo muitas vezes de acontecimentos ocorridos, mas deturpados pela tradição e o passar dos séculos. Por isso mesmo, o professor, Geninha e eu, resolvemos buscar as mensagens implícitas nas entrelinhas ou subliminares dessas mesmas Lendas.

Aqui cabe colocar, acreditamos, um comentário feito por Geninha e que nos pareceu incrivelmente pertinente. Este adendo feito por ela diz respeito ao fato da humanidade, com o passar dos séculos e o advento do racionalismo, ter dessacralizado o que os nossos ancestrais chamavam de realidade. Como Geninha nasceu em uma família onde a música sempre estava presente, visto que sua mãe era professora de piano no Conservatório da cidade e seu pai um violinista que tinha a medicina como carreira, mas a música como paixão, recebeu suas primeiras aulas de piano aos cinco anos e nos confessou, até com certo orgulho, que aprendeu a ler uma partitura musical antes de estar alfabetizada. Daí a presença de um piano de meia cauda na sala de estar do casal.

Bem, continuando com o raciocínio elaborado por Geninha, quando dessacralizamos algum fato ou acontecimento, cometemos o mesmo erro que os estudantes de música podem vir a cometer: em lugar de se prepararem para atingir todo o conteúdo de um texto ou de uma partitura original; acabam por apelar para algo facilitado. Ainda em relação à música, encontramos nas estantes das lojas especializadas partituras originais e ao lado, caso elas exijam do intérprete muita técnica e destreza, invariavelmente lá estão as cópias devidamente facilitadas, bem parecidas ou aparentemente iguais às verdadeiras. Só um ouvido bem treinado percebe as nuances que separam o joio do trigo.

Ora, por analogia é isso que passou a acontecer com o conhecimento repleto de sabedoria, mas que exigia do estudioso ou aspirante ao conhecimento ou desvelamento da Verdade, um esforço e sacrifícios imensos, além de já ter expandido sua consciência. Facilitar ou dessacralizar a Verdade não faz com que o menos preparado atinja o mesmo grau de iniciação daquele que expandiu sua consciência, e se encontre pronto para seguir seu caminho evolutivo.

Como, para comprovar essa Teoria, no dia seguinte desse “insight” de Geninha, assisti a um DVD sobre as artimanhas que alguns pseudo- sacerdotes lançavam mão para causarem, nos fiéis, a sensação de terror e admiração de que precisavam para impor suas posições como orientadores espirituais/políticos. Quando seus fiéis e crédulos seguidores se deparavam com alguma experiência aparentemente transcendental, como o som de trovão advindo da boca de um deus de pedra, lágrimas de sangue vertidas por uma deusa de mármore ou lactação expelida pelas inúmeras tetas de alguma deusa telúrica, ficavam maravilhados com suas capacidades sobre-humanas dignas de um ser divino. Alguns pesquisadores, no entanto, desmascararam esses embusteiros descobrindo a incrível capacidade que os verdadeiros gênios da mecânica (Eron de Alexandria foi um desses) detinham, tanto que conseguiram criar incontáveis efeitos mecânicos e sonoros surpreendentes tendo por fim impressionar aos menos avisados, proporcionando aos prestidigitadores (pseudo-magos ou falsos Hierofantes), um poder que realmente não possuíam.


Pareceu-nos que à medida que empreendemos esse caminho de desvendamento simbólico dessa linguagem ancestral, estamos fazendo o caminho contrário ao facilitador e, com isto, apesar da maior complexidade exigida por conta de um pensamento absolutamente abstrato, nos posicionamos cada vez mais perto da mensagem oculta.

Quanto mais fundo mergulhamos em nossas pesquisas, buscando as raízes do conhecimento, mais este exigirá de nós capacidade e maestria, além de intensa concentração. Mas o resultado final compensa em muito todas as horas que despendemos nas buscas incessantes, varando noites a fio: nos serão dadas as respostas para aqueles questionamentos que constantemente assomam a mente daqueles que se perguntam de onde viemos, o que estamos fazendo neste mundo e para onde vamos depois de nossas mortes físicas. Este seria o grande prêmio para todo aquele que decide mergulhar nas águas primordiais das suas origens mais remotas. Estaremos prontos, desse ponto em diante, para fazer parte da grande sinfonia vibracional galáctica, executando-a em todo seu esplendor, pois ficamos preparados para seguir os caminhos da evolução.




MITOS DESVELADOS

Meus encontros na casa dos novos amigos continuavam a ocorrer quase diariamente e, cada vez, demoravam um pouco mais. Às vezes ocorriam na minha própria casa também.

Os netinhos do professor e Geninha começaram a sentir falta da atenção que eles lhes dedicavam em tempo integral ou pelo menos em todas as vezes que eles iam visitá-los, por conta do tempo que nossos encontros exigiam, de modo que o casal decidiu fazer uma pausa nessas ocasiões, mas fui convidada para participar das apresentações literárias das crianças durante as divertidíssimas refeições, momento em que interpretavam um capítulo de um livro selecionado por eles mesmos.

Como já comentei, de acordo com a idade, os temas iam sendo apresentados segundo a interpretação de cada um. O que não notei logo no início é que as histórias captadas por aquelas cabecinhas ainda tão pequenas, também encerravam um significado subliminar bastante profundo. Dessa maneira pude perceber claramente, com o passar do tempo, o sentido de se criarem estórias que, com suas funções fabulatórias, dão apoio a uma melhor compreensão da realidade levando à reflexões cada vez mais claras. A introdução dos arquétipos ou modelos comportamentais ancestrais induz o leitor, mesmo que ainda muito jovem, a conhecer um pouco da complexidade da existência humana.

Quero crer que aqui também cabe um pequeno adendo feito pelo professor e que diz respeito a uma Teoria do Cérebro Triádico criada por um também professor, só que Mestre em Sociologia, chamado Waldemar de Gregori. Ela está baseada nas pesquisas de Roger Sperry, psicobiologista americano, que nos indica que o cérebro humano possui dois hemisférios que, por sua vez, desempenham papéis inteiramente distintos. O esquerdo é responsável pelas funções verbais, lógicas, analíticas e racionais. Já o direito tem para si as funções criativas, intuitivas, emocionais e não verbais.

No entanto, Mauro Torres, em seu livro O Cérebro e suas Vertentes, apresenta uma crítica porque a estrutura psicológica teria seu teto e seu remate no córtex cerebral com sua dualidade de funções interatuando entre si e, ao mesmo tempo, interatuando com os centros nervosos inferiores (um terceiro lado) que comandam a vida como os instintos em geral, a sexualidade, a agressão, etc...

Caminhando já numa direção triádica do cérebro, vamos encontrar em Mac Lean uma concepção filogenética segundo a qual o encéfalo, ou massa que fica dentro da caixa craniana, representa a superposição de três cérebros, cada um dos quais corresponde a uma fase da evolução dos vertebrados (a camada Neo-cortical se sobrepõe ao Sistema Límbico que, por sua vez, encobre características Reptilianas). Ele chamou de cérebro triúno.

Outro cientista que trabalha numa concepção triádica do cérebro é A.R. Luria, cientista soviético. Ele concebe o cérebro como um todo dinâmico, um sistema formado de três blocos que desempenham papéis especiais na atividade psíquica, mas são integrados, agem simultaneamente.

Partindo dessas concepções teóricas, o professor Waldemar de Gregori criou uma proposta eminentemente educacional inclusivista para o uso do potencial do encéfalo, tentando estabelecer uma proporcionalidade triádica, ou seja, as três porções do encéfalo deveriam ser desenvolvidas simultaneamente, de modo a possibilitar ao indivíduo um equilíbrio triádico: pensar, amar (ou sentir) e fazer.

Com essa teoria chegamos à conclusão de que o trabalho do cérebro não é só pensar, mas intuir e agir, e é claro que também estamos levando em conta as milhares das outras operações decorrentes destas três funções básicas.

Ora, durante todo este tempo do qual desfrutei e ainda desfruto do convívio desta família tão especial, pude constatar como essa teoria surtiu um efeito altamente salutar sobre a educação, primeiro dos filhos e depois dos netos deles.

Por conta dessa constatação fui induzida a perceber que quando a criança é levada a ler, interpretar e fazer uma apresentação oral, para uma platéia mesmo que pequena porque familiar, o cérebro dela treina seus três lados simultaneamente: quando lê um texto seu lado esquerdo entra em funcionamento; quando interpreta e permite que sua intuição e emoções pincelem com suas próprias cores o que o autor escreveu, trabalha com o lado direito; e, finalmente, quando elabora uma síntese para poder expor seu trabalho, coloca o lado central, também chamado de operacional, de seu cérebro em ação. Por isso mesmo, verifiquei deslumbrada (como já disse anteriormente, sou pedagoga), como esse sistema adotado por meus amigos é eficaz e, porque é absolutamente lógica e prática essa proposta também acaba tornando-se um método que respeita o indivíduo como um todo, visto que todo o processo é simultâneo.

Quando as crianças resolveram montar um teatrinho, o projeto evoluiu mais ainda porque ao terem de escrever um pequeno script, calcular o espaço a ser usado, os gastos com as fantasias e cenários, elaborar adereços de época (andaram às voltas com as velhas revistas e livros de História da Arte da vó Geninha), prepararem-se para incorporar papéis como se transformar numa fada esvoaçante, ou uma flor, ou em um príncipe, ou um personagem histórico, despenderam um esforço enorme, recompensado com aplausos fervorosos dos pais e avós felizes ao constatar que estão no caminho certo ao escolher este sistema educacional que, na verdade, não é revolucionário em si, mas que procura respeitar conscientemente e aproveitar todo o potencial que trazemos.

Quando expandimos esse sistema para parâmetros cósmicos, vamos nos deparar com o próprio processo evolutivo comprovando a teoria que diz sermos seres com capacidades infinitas, um ínfimo, mas completo holograma de Deus, perfeitos em nossas essências.

Bem, após esse adendo que pensei ser indispensável neste trabalho, vamos retornar para os resultados das nossas pesquisas. O inverno já estava chegando, as noites estavam ficando cada vez mais frias e as lareiras da região já crepitavam com a lenha incandescente enchendo as salas de um aroma delicioso e de um aconchego que sempre senti falta quando morava em terras mais tórridas.


Um delicioso chocolate quente passou a fazer parte de nossos lanches, e como o frio aumenta o apetite, lá estavam também guloseimas que devem ser consumidas com cuidado por quem controla o mau colesterol, como brioches dourados, rocamboles recheados com creme e castanhas, apple-strudel, e um sem número de tentações deliciosas. O professor, declarado glutão, mas por sorte extremamente saudável, deliciava-se com tudo. Parece que a ingestão dos carboidratos correspondentes aumenta mesmo a capacidade de raciocinar e nós, Geninha e eu, ficávamos bebendo do seu conhecimento e de sua imensa cultura.

Como nosso objetivo era desvendar os véus das verdades que envolvem a grande maioria dos mitos os quais, de acordo com a cultura local, recebem uma linguagem dramatúrgica (as lendas), e ainda por levar em conta certa deturpação provocada pelo tempo histórico e tradições locais, concluímos que o único caminho de desvelamento mais seguro, seria a busca epistemológica ou esotérica das raízes desses mesmos mitos.

Provavelmente a tradição mítica será tão antiga quanto a linguagem da humanidade e está bem enraizada em modelos de comportamento e de experiência, ainda mais antigos que a invenção da escrita veio finalmente fixar. Segundo Walter Burkert, só aparentemente o texto mítico é algo pueril ou ingênuo. Na verdade, representa o substrato da nossa civilização acrescido por informações, as quais nos chegaram de alguma fonte extremamente melhor desenvolvida que a nossa, até para nossos padrões atuais. Tanto é assim que várias culturas, como a egípcia, a chinesa, a indiana, a maia e a mesopotâmica, receberam simultaneamente esse verdadeiro turbilhão de conhecimentos, captados por seres já prontos para recebê-los e desde que a capacidade dos ainda em estado de iniciação permitiu, foram repassando todo cabedal adquirido para esses neófitos, usando para isto o estratagema das lendas que contavam de uma forma bastante figurada e fantasiosa, acontecimentos ocorridos repletos ou entremeados de verdades cósmicas. À medida que o interessado no desvelamento ia sendo preparado e sua consciência ia se expandindo, passava a ser avaliado e orientado pelo Hierofante seu Mestre e, de grau em grau, ascendia ao conhecimento superior tão desejado.

Entre uma xícara de chocolate e outra começamos a intrigante tarefa de desnudar os códigos secretos das Lendas, na maioria de origem grega, porque já permitem ao leitor esboçar explicações filosóficas e psicológicas das narrativas. Além disso, se compararmos esses épicos heróicos gregos aos mitos cosmogônicos de todas as culturas que deixaram gravadas em pedras ou em cilindros de cerâmica ou mesmo papiros como eles conceberam a criação do nosso universo, a criação do homem e o aparecimento do nosso Planeta assim como dos milhares de corpos celestes, vamos ver confirmadas a análise descrita por Hermes quanto aos caminhos evolutivo e involutivo que toda alma humana tem de percorrer para chegar a este Planeta e depois empreender a viagem de volta à suas origens cósmicas, assim como em relação ao aparecimento de nosso Universo.

Ficamos imaginando, nessa altura da pesquisa, se todos os leitores já leram e, se já leram, ainda se lembram dos detalhes dessas Lendas que selecionamos como aquelas que falam mais especificamente sobre nosso processo evolucional e consequentemente sobre os chamados Gênios Planetários ou Raios de Energia simbolizados pelos cinco Planetas que compõem nosso Sistema Solar, já conhecidos ou citados pelo Grande Osíris em sua mensagem a Hermes, assim como também nossa Estrela, o Sol, e nosso Satélite, a Lua.

Decidimos então, de comum acordo, recontá-las da forma mais sintética possível, só tomando cuidado para não nos esquecer dos detalhes essenciais, pois serão eles que confirmarão o quão sábios foram seus criadores.

Começaremos nossa viagem, portanto, relembrando as lendas mais significativas para todo interessado no processo evolutivo da humanidade, só que buscando decodificar a linguagem oculta dessas mesmas lendas que compõem este Panteão, pois a linguagem simbólica estará implícita em qualquer lenda de qualquer cultura. Tanto que, como resultado das pesquisas que já havia feito anteriormente sobre esse assunto, apresentei no livro - Os Sete Gênios Planetários - uma abordagem exotérica, mais aberta a um público ainda não iniciado e, depois, já na segunda parte do livro, uma outra mais subliminar, só inteligível àqueles que se dedicam a pesquisas mais profundas.

Dessa feita, no entanto, meus amigos e eu pretendemos fazer não só essa abordagem subliminar, mas principalmente desvelar o significado da linguagem simbólica que foi usada para passar a experiência cósmica da criação do nosso Universo da Terceira Dimensão.

Para tanto, começamos visualizando a Lua, nosso satélite, portanto sempre preso à órbita da Terra. Mas, para uma maior compreensão de toda essa saga, que nada mais é que a representação simbólica de nossas origens cósmicas tornou-se imprescindível nos lembrar que Saturno, rejeitado por seu pai Urano, o Grande Arquiteto da Terceira Dimensão (por não corresponder às expectativas do seu apuradíssimo senso estético), também rejeitou seus próprios filhos que teve com Réia engolindo-os. Acabou com esse ato repetindo o mesmo comportamento de extrema rejeição herdado de seu pai só que, no seu caso, por medo de perder seu poder real. No entanto. Réia revoltada com isso envolveu uma pedra entre panos em lugar do último filho que teve com Saturno, dando-a pra que ele a engolisse como se fosse a criança recém-nascida.

Essa criança, que foi salva pela própria mãe, acabou sendo entregue e criada por uma cabra, na verdade uma ninfa, e recebeu o nome de Zeus ou Júpiter. Já na idade adulta, resolveu vingar seus irmãos também rejeitados pelo pai e passou a travar, desde então, uma luta titânica (literalmente falando, pois Saturno é um titã) com seu pai. Depois de vencê-lo, após muitos anos de luta, o depôs de seu trono e fê-lo vomitar seus irmãos, Hera, Deméter, Hades e Posêidon. Dividiu o reino de seu pai deposto com eles e assumiu seu lugar de deus do Olimpo. Casou-se com Hera e entregou a Deméter o Reino da Terra para que a mantivesse sempre fértil, a Hades determinou seu poder absoluto sobre o Reino do Inconsciente Profundo e a Posêidon entregou o Reino das Águas Oceânicas, Lagos e Rios.

Esse embate ocorrido entre Júpiter e Saturno representa as grandes oposições primevas e, por isso mesmo se digladiam entre si, porque enquanto Júpiter/Zeus tornou-se a forma ou modelo mais perfeito do Homem Cósmico, Saturno simboliza este mesmo Homem, só que desmembrado, incompleto, alienado e à mercê de tudo que o prende a este Planeta, não permitindo que acorde para sua real origem. Na verdade, Saturno representa o Pai/terra que não permite que aqueles que vieram até seu reino saiam de seu domínio e controle. Já Zeus ou Júpiter simboliza o modelo perfeito arquetípico do Homem/cósmico.

Pois é Hécate, o Gênio Regente da Lua, a primeira energia que precisará ser acordada para que o processo evolutivo aconteça. Em Astrologia, ou quando analisamos um Mapa, a Lua fala das emoções que geralmente representam o eterno elo formado pelas lembranças do passado e o momento atual, gerando padrões repetitivos que aparecem até que, o problema que os gerou, esteja resolvido. Em outras palavras, o primeiro passo que o ser em evolução terá que dar para chegar à sua origem divina, será o de cortar o cordão umbilical que o une a Terra, enfrentando de frente esses desafios. Como conta a Lenda, essa deusa que é simbolizada pela Lua, nosso satélite, portanto indelevelmente presa à força magnética deste Planeta, provou da soberba quando, por tentar igualar-se em beleza e poder à sua mãe, a deusa Hera, roubou-lhe um pote de carmim. Tentando fugir da sua tirania saiu do Olimpo (morada dos deuses) e veio ter a Terra pois Hera não lhe perdoou a desfeita. Com esse comportamento, acabou tendo contato com a sexualidade, quando se contaminou com as energias comuns ao Plano Físico ao se aproximar do sangue menstrual de uma mulher que acabara de dar à luz, assim como se apegou aos sentimentos terrenos ao manipular os poderes advindos desse Reino. Encantada com as recentes habilidades manipulativas que adquiriu com a descoberta de que possuía poderes para materializar o inconsciente (que contém em si tudo que existiu, existe e existirá só que ainda sob a forma astral), passou a aterrorizar os pobres mortais em seus sonhos, ou melhor ainda, pesadelos, com formas monstruosas ou viscerais. Em outras palavras, assumiu a Terra como seu Reino e se deixou envolver pelos seus elementos (terra, água, fogo e ar) e Leis, ficando inexoravelmente presa a eles.

No entanto, em contrapartida, é aqui que a busca pelas origens cósmicas, ou pelo reencontro com sua mãe/pai primordiais, começa a ser priorizada por todo aquele que se torna um iniciado, através do enfrentamento de seus fantasmas internos, mágoas e lembranças. Portanto, o corte com esses apegos que trazem a ilusão de prazer e poder precisará ser feito para que o ser em processo de evolução se conscientize que o lar ou segurança que busca está na libertação e conseqüente expansão de seu inconsciente, em buscas de outras dimensões, embora a evolução não siga a linearidade que nosso racional espera. Tudo vai depender de qual signo solar estiver sendo vivenciado para que se possa determinar qual desafio precisará ser vencido nessa busca evolucional. A sensação de luta será sentida até o fim do processo, por isso o Homem que ainda não acordou para a evolução trás em si a energia da competição, não entendendo que só tem que lutar com ele mesmo a fim vencer seus próprios desafios e voltar à reunificação de seu ser cósmico e abdique desse poder ilusório. A Lua ou Hécate aparece como a Regente dos cancerianos que sentem muito agudamente essa dificuldade em romper o cordão umbilical que os atam ao passado.

Portanto, é nesta esfera lunar que o Homem se deixa aprisionar pelas inúmeras ilusões e enganos desse plano, mas também é aqui que o peregrino começa a intuir que existem outras dimensões a serem alcançadas, descobre em si mesmo a presença do inconsciente individual e acaba por vislumbrar o outro plano incomensurável do inconsciente coletivo: o plano astral.

Em seguida, assim que o impulso evolutivo ganha velocidade, o Homem se defronta com a vontade de aprender, e uma curiosidade incontrolável o faz tentar descerrar todos os véus do conhecimento que até então estavam para ele como que encobertos, adormecidos em seu inconsciente: estruturas conceituais, idéias, imagens, formas e toda sorte de símbolos lá estão para serem decodificados e trazidos à tona, só que se encontram em estado latente e precisarão ser resgatadas deste reino de riquezas infinitas. Caberá a ele trazer à tona tudo que for possível, fazendo uso de um dom que foi ofertado por Apolo a Hermes ou Mercúrio que é da psicopombia ou capacidade de enxergar e caminhar na mais profunda treva e trazer à tona para o consciente, as formas do Plano Astral e que se encontram envoltas nas intensas sombras do inconsciente coletivo, para a luz do inconsciente individual e, em seguida para o consciente de cada um, como se fora uma ponte de luz que se forma entre esses dois mundos. Aqui, Hermes ou Mercúrio surge como Regente do signo de Gêmeos, ou Mensageiro Cósmico, como a energia que simboliza a inteligência que a tudo desnuda, a curiosidade, a sagacidade e a racionalidade, características típicas desse deus que permitem ao Homem em evolução pressentir que pelos processos mentais conseguirá acessar planos onde a expansão da sua consciência poderá atingir níveis praticamente infinitos.

Conta a Lenda, só para lembrar aos que já se esqueceram, que Hermes para os gregos e Mercúrio para os Romanos era tão inteligente que conseguiu se libertar dos panos que o enrolavam, ainda recém-nascido, tornando-se adulto e mostrando sua face ambígua: roubou parte de um rebanho pertencente a Apolo, atou folhas aos rabos dos animais para que não deixassem rastros e sacrificou doze deles aos deuses olímpicos. Como estes até então eram onze, o recém-nascido colocou-se como o décimo segundo deus, ganhando assim a imortalidade. Apolo queixou-se a Zeus por essa traquinagem. Este interrogou Hermes que lhe prometeu, depois de muita argumentação (talento reconhecido desse jovem deus e que o Homem herda quando recebe seu raio de luz, inclusive a capacidade de comunicação), que nunca mais mentiria, mas que também nunca contaria toda a verdade.

Hermes também recebeu de Zeus a capacidade de encaminhar e orientar as almas quando são chamados a visitar o Reino da Morte (na verdade o Reino do Inconsciente) chamada psicopombia, (pois enxergava mesmo na mais densa treva), tornando-se o grande comunicador, aquele que faz a ponte entre o mundo dos deuses e dos mortais. Usava, como símbolo de seu poder, o Caduceu, instrumento feito em ouro, composto de uma haste envolvida por duas serpentes que termina em um sol resplandecente. Simboliza a sublimação do pensamento após vencer as forças ambíguas a que fica exposto todo ser humano que acorda em si mesmo a capacidade de pensar.

Mas, apesar dessa descoberta fantástica, o ser em evolução percebe que, no reino do inconsciente, tudo que decodificou precisa passar por um processo discriminatório, visto que até então ele esteve envolvido com a descoberta de seu inconsciente individual ainda sob a influência da Lua, e agora, com a constatação mercuriana, que existe um reino incomensurável coletivo, precisa se deixar sequestrar para esse plano de consistência energética muito mais sutil e assumir a responsabilidade de colocar tudo em uma ordem racional inteligível, começando a restaurar sua estrutura psico-mental até então desmembrada e alienada. É neste momento que Mercúrio, alguns pesquisadores acreditam que é na verdade Quíron (um Mercúrio ou um Hermes mais maduro e responsável), que assume a Regência do signo de Virgem e consegue desligar-se dos apegos que a terra oferece e passa a viver sua realidade tríplice, isto é, física, astral e mental. É aqui que vamos nos defrontar com a lenda de Perséfone e do seu sequestro executado por Hades, na verdade seu tio.

Essa Lenda nos conta a saga da filha de Deméter, Perséfone, a eterna virgem um tanto alienada porque vivia afastada das responsabilidades de estar em um processo evolucional. Foi seduzida pela pureza de um narciso que acabara de colher e não viu a carruagem dourada, puxada por corcéis negros que se aproximava. Era seu tio Hades que, envolvido por sua beleza se apaixonou por ela e a raptou. Levou-a para seus domínios, o Reino do Inconsciente, e apesar dos apelos de Deméter, manteve a jovem lá, até que por interferência de Zeus permitiu que ela voltasse a Terra por nove meses, findo os quais retornaria aos seus domínios até completar um ano. Outra exigência de Hades foi a de que Perséfone não contasse nada que havia conhecido lá em seu obscuro reino.

Ora, fica evidente as implicações dessa Lenda no que diz respeito ao nosso processo evolutivo. Primeiro, ela nos fala da alienação a que ficamos expostos em decorrência do desmembramento psíquico que sofremos para adentrar nesse universo de energia condensada. Em seguida, vemos que essa alienação deixou a heroína Perséfone envolvida com as ilusões do Plano Material a ponto de não perceber que estava sendo levada para o Reino do Inconsciente. Outra mensagem que fica bem clara nessa Lenda é a de que depois que se conhece o Reino do Inconsciente, já não podemos abandoná-lo mais. A expansão da consciência que esse processo exige não permite que tenhamos acesso mais à antiga alienação. Temos que ter a sabedoria de conciliá-la com o consciente e manter seus segredos resguardados dos que ainda não se encontram preparados para tal. Precisou, portanto, assumir a maturidade que esse conhecimento exige de todos aqueles que penetram nesse novo Plano.

Mais uma observação que acabamos constatando fica por conta de Perséfone ter sido raptada. Pareceu-nos evidente que a Lenda quis mostrar que quando somos seduzidos pelos outros Planos mais sutis, se deixarmos nosso lado racional como que absorto em pensamentos sublimes, como admirar algo belo ou puro, permitimos que nossa intuição ou percepção extra-sensorial aja livremente.

Neste estágio evolucional, o Homem defronta-se com uma energia até então incompreendida porque, na verdade, origina-se de uma oposição que o faz experienciar tanto as sensações de repúdio que produz o ódio e a mágoa, como também uma nova emoção bastante dúbia se faz presente: a atração. Estamos nos referindo a Lenda que conta que o Grande Senhor da Luz – Urano, criador desta dimensão em que estamos inseridos, quando criou a Terra, produziu para conviver com outros seres vivos pertencentes aos reinos mineral, vegetal e animal os titãs, indivíduos que fugiram muito do modelo cósmico ideal através do requintado parâmetro do seu apurado senso estético. Por conta da decepção sentida com a própria prole, devolveu sua criação deformada para que Geia, a mãe Terra, os absorvesse em suas entranhas. Só que Saturno, um desses titãs, ouvindo seu componente feminino, sua intuição, decepou os testículos de seu pai, simbolizando a castração, impedindo-o de fazer uso de seu poder reprodutor. E então assumiu seu próprio poder, mas também contraiu um carma terrível por este ato de violência, ficando daí por diante, atado a este Planeta de forma indelével. Teve que se defrontar com seus próprios filhos, parte do castigo, criações muito mais bem acabadas que ele mesmo, mas ainda longe da perfeição cósmica, tanto que em todos os Panteões conhecidos esses deuses arquetípicos se defrontam com características negativas reconhecidamente humanas, mostram-se: ciumentos, manipuladores, dominadores e violentos.

Sentindo-se ameaçado em seu poder, decidiu “engoli-los” assim que nasciam. Esse ato simbólico de “engolir” provavelmente refere-se ao recurso de criar armadilhas, para mantê-los presos ao Planeta, na forma de ilusões como as do poder, da obtenção de status, do tempo/espaço, tendo por intuito manter os homens vivendo sob seu eterno domínio, desmembrados e esquecidos de sua origem imortal. Só que Zeus/Júpiter, um de seus filhos e um desses modelos mais bem acabados, conseguiu libertar-se e é então que começa a grande guerra entre as forças de Saturno e as energias de Júpiter, em um processo de resgate evolucional no qual estamos inseridos.

Bem, voltando à Lenda, propriamente dita, que narra o nascimento de Afrodite/Vênus, vamos descobrir que os testículos de Urano foram jogados no mar. Do sangue que encharcou a Terra, no ato da castração, nasceram as Fúrias ou Senhoras do Carma e como seus testículos foram jogados no mar, resultou daí uma mistura de esperma, sangue e espuma dando origem a esta deusa, arquétipo do Amor, esse indecifrável sentimento que trás em si a complexidade de forças totalmente paradoxais.

Afrodite, como Regente do signo de Touro, mostra sua face mais sensual, mais possessiva, fazendo vir à tona todo o drama que cercou seu nascimento, pois foi gerada após um ato violento que teve como elementos básicos: a água sob a forma de espuma (símbolo das emoções em constante movimento); esperma (símbolo do ato sexual); e, finalmente, sangue (símbolo da vida no plano físico). A sensação de direito divino sobre todas as coisas e pessoas vem de sua consciência ao direito de progenitura em relação a Urano; mas como também surgiu das águas revoltas (afinal Afrodite nasceu em meio à espuma, quando os testículos do deus cósmico Urano, foram jogados no mar), o decantado racionalismo desse deus acabou se contaminando e se envolvendo com as emoções, elemento típico do reino das águas. Só algum tempo depois, Netuno, recebeu de seu irmão Júpiter a regência desse reino e passou a assumir as responsabilidades relativas aos taurinos segundo nos conta a lenda, dando aos nativos desse signo um touro simbólico, considerado animal sagrado para praticamente todas as culturas ancestrais simbolizando, com seus cornos, a busca pelo sagrado ou divino mesmo ainda preso ao plano físico. Este animal sagrado representa a presença e o poder desse deus, o grande Senhor dos Oceanos e todas as regiões subaquáticas, dando a quem se deixa iluminar por sua luz o gosto pelo prazer que os cinco sentidos proporcionam.

Tudo que os nativos de Touro possuem (eles são regidos por Vênus), tem origem sagrada e ninguém terá o direito de tirar-lhe nada que ele ama e que lhe dá alguma forma de prazer gerando a decantada possessividade, só que como este é um sentimento mal aceito pela sociedade, por ser “feio”, muitas vezes ficará camuflado nas profundezas do inconsciente, o labirinto, só se deixando perceber quando tiver que enfrentar grandes transformações ou mudanças significativas em seu status quo (pois o labirinto ou inconsciente contém em si mesmo todo o conhecimento cósmico e o taurino ou qualquer ser em evolução que está acendendo em si a luz dessa esfera, pressente que tudo que conquistou acabará se perdendo neste plano menos denso), momento em que deixará visível uma agressividade até então desconhecida, o monstro Minotauro.

A atração pelo belo, aquele percebido pelos órgãos dos sentidos será, portanto, uma característica sempre presente da deusa Afrodite, só que quando estamos tratando dos librianos, também regidos por esta deusa, esta mostrará mais sua face racional, herdada de seu pai Urano, detentor de um gosto estético bastante apurado, privilegiando as sensações em um plano cada vez mais abstrato, procurando sempre pelo prazer de se cercar por objetos harmônicos e belos, mas sempre procurando não se envolver completamente por eles. No entanto, como nesse universo físico em que estamos inseridos, as coisas só se definem como forma se seu pólo oposto estiver presente, esses seres regidos por este arquétipo, acabarão por se defrontar com o constante perigo ou desafio de ter de escolher entre situações aparentemente ideais, mas que se perderão ao serem descartadas, causando o tão temido desequilíbrio, lembrando-os que aqueles que procuram o equilíbrio perfeito em um mundo em constante mutação, estão também se responsabilizando pela criação da energia oposta.

Portanto, como Regente também do signo de Libra, Afrodite reproduz de seu Pai Urano, o gosto pelo harmônico e pela estética, uma concepção de beleza muito mais abstrata e sutil, porque exige dos nativos o envolvimento com a Ética e a Estética em suas formas mais avançadas. Aliás, a Harmonia (filha nascida da união proibida entre essa deusa e Áries), veio para amenizar o grande deslize moral cometido por Afrodite quando se deixou enredar pelas teias da atração física, que teve em relação ao deus da Guerra em um ato explícito de desrespeito ao equilíbrio cósmico, cometendo adultério contra Hefaísto, seu cônjuge oficial. É, com certeza, essa a razão do porque os librianos evitem fazer escolhas, principalmente na área amorosa, pois pressentem que poderão ser punidos de alguma forma pela opção feita. Esta falha de comportamento serve para exemplificar, pelo menos para os nativos desse signo ou que estiverem vibrando com esse Planeta, os perigos que estão expostos todos aqueles que se deixam levar por esse sentimento ambíguo, que pode tanto assumir a forma de uma paixão avassaladora quanto de um relacionamento tranqüilo e mais maduro, provando ao ser em evolução que o amor ao ser vivenciado por todos aqueles que já se libertaram do amor/posse, é o atrelado ao bom, ao justo e ao ético, à estética mais sofisticada. O respeito ao outro se mostra imprescindível e fica bastante evidente que só atingiremos a evolução quando estivermos vibrando em uníssono com nossos eus, e esses entre todos os outros eus dos Homens Cósmicos já criados.

Platão, filósofo grego que viveu durante o chamado século de Péricles, já havia reconhecido duas Afrodites: uma delas seria a Afrodite Pandêmica, mais próxima do gosto profano, a regente dos nativos do signo de Touro; a outra Afrodite regeria os librianos e passou a ser conhecida como Urânia, numa clara ligação com sua origem cósmica. Provavelmente, estamos falando da mesma energia divina, só reconhecível nas próprias características de um signo ou de outro.

Indo ao próximo passo rumo à evolução espiritual, chegamos ao Sol, nossa estrela central, que simboliza, por sua vez, o momento em que o Homem Cósmico completo em sua essência, volta a reagrupar seus Eus, torna-se completo em sua essência, de modo que sua autoconscientização expande-se a ponto de permitir que o desmembramento psíquico e físico chegue ao fim: suas partes desmembradas se integram progressivamente, transformando caos em cosmos. Finalmente, sua luz passa a iluminar toda a sombra que ainda poderá existir, permitindo ao ser em evolução seguir seu caminho, agora consciente de seu Eu verdadeiro e completo em seu eixo de complementação, livre da alienação anterior que o impedia de ver sua real origem cósmica. Seria a individuação, termo criado por C. G. Jung, e que sintetiza o processo de autoconstrução que leva o ser humano a evoluir respeitando o ritmo cósmico, inserido na incomensurável malha cármica.

Nesse momento da pesquisa, nos demos conta que, segundo ensinou Osires, nessa ordem de apresentação dos Planetas ( Lua, Mercúrio, Vênus, Terra/Sol, Marte, Júpiter, Saturno), deveria estar a própria Terra na posição 4 e, no entanto, o Inefável deus citou nosso Grande Astro o Sol para ocupar essa posição no Sistema ao qual estamos inseridos.. Depois de tentarmos descobrir o porquê disso, chegamos à conclusão que é só aqui na Terra que nós poderemos atingir nossa iluminação, unindo nossos eus (o profano ao sagrado). Seria, ficamos nos perguntando, a única forma de anularmos nosso karma original? Sermos obrigados a passar pela experiência de incontáveis reencarnações até acordarmos para nossa real missão?

A Lenda que trata do deus Febo ou Helius para os gregos, ou Apolo para os romanos, nos conta que ele era filho do próprio Zeus e Leto, a deusa da noite. Esse dado é de suma importância para que possamos entender quão paradoxal é a energia que sua luz transmite. A luz do Sol pode iluminar nossa consciência, mas se ela não estiver pronta para expandir-se, pode trazer a escuridão sob a forma da cegueira ou ignorância.

Reza a Lenda que Apolo não se alimentou de leite puro quando recém-nascido, mas de ambrosia, uma mistura de leite e mel o que lhe deu um incrível talento artístico e um vigor extremo. Erigiu um santuário para si mesmo, o conhecido Oráculo de Delfos, mas como o lugar escolhido era guardado por uma imensa serpente, moradora do local, teve que matá-la primeiro. No entanto, apesar de Apolo ser o próprio brilho do Sol e por isso mesmo dissipar a escuridão por onde passa, como já comentamos, era também uma divindade traiçoeira, pois seu oráculo era bastante vago em suas mensagens e predições. Na verdade, essa esfera de luz é a imagem da ânsia pela conscientização ou representação simbólica do consciente dissipando a escuridão, tendo por antítese Hécate, sua irmã, a Lua ou as sombras da noite (já falamos dessa deusa quando tratamos da Lenda sobre a Lua).

As implicações desses símbolos podem ser decodificadas da seguinte maneira: - para que a luz dessa esfera possa nos oferecer todo seu potencial, faz-se necessário que tenhamos desenvolvido em nós a força para controlarmos nossos apetites e instintos primordiais (matando o réptil venenoso) e ter desenvolvido uma profunda sensibilidade, portanto, que estejamos completos em nossas essências. Só assim estaremos prontos para prosseguir em nosso caminho evolucional, capazes de vencer as sombras da ignorância e das ilusões que por acaso ainda estejam vagando em nosso inconsciente.

Bem, continuando com o desvelamento dos símbolos que envolvem as lendas que tivemos acesso em nossas pesquisas, constatamos que o desejo de prosseguir recebe nesta etapa do processo a energia do eterno guerreiro simbolizado por Áries ou Marte que investe suas armas de combate no sentido de desbravar e vencer com sua coragem e pioneirismo as últimas amarras que ainda poderiam prendê-lo às ilusões desta dimensão. Nela, as energias acabam se condensando até se tornarem materiais, então Áries empunha sua espada e coloca nos ombros o Velocino de Ouro, pelo de ouro do Carneiro Sagrado, símbolo da vitória do espírito contra as forças do caos que a tudo desequilibra. Ao mesmo tempo torna-se digno de receber o título de Hierofante, Mestre ou Iluminado e capaz de viajar pelo Cosmos até onde a expansão de sua consciência permitir, livre do carma que o aprisionava ao plano físico.

Não é por acaso que Áries para os gregos ou Marte para os romanos é citado como símbolo de pioneirismo e coragem. É com certeza o deus da maior de todas as guerras que precisamos empreender até chegarmos ao encontro com nosso Eu Maior: a conquista da vitória do autoconhecimento contra as forças do caos, exigindo do iniciado maturidade e muita responsabilidade para ser digno de colocar sobre os ombros o título máximo da hierarquia espiritual para um encarnado. É a chamada Iluminação.

O peregrino chega triunfante a Júpiter, o lar paterno do Homem Cósmico, e agora sutilizado passa a ser merecedor de todas as próximas experiências, como conscientemente imortal, pelas quais ainda terá que passar, simbolizando, com sua vitória, a expansão das energias que estiveram a se digladiar com as energias telúricas advindas do lar terreno. Por isso mesmo, como nos ensinou Hermes, torna-se imprescindível a passagem de toda alma humana por todos esses padrões vibratórios a fim de que possa, progressivamente, tornar-se merecedora de vibrar nesta ressonância de energia sutil, apesar de sua forma física ser composta de energia condensada, e ter sido aprisionada no processo reencarnatório por conta do carma saturniano.

Quando todos os seres chegarem a este estágio evolucional, o próprio Saturno se libertará das amarras criadas por ele mesmo e poderá unir-se a seu Pai Cósmico Urano, e em um imenso abraço de reconciliação tornar-se deus, imortal.

É claro que estivemos tratando do processo evolucional, mas quando empreendemos o caminho inverso, isto é, quando as almas penetraram nesta dimensão onde as energias se encontravam cada vez mais condensadas, defrontaram-se com os mesmos padrões vibratórios, só que no sentido inverso.

Portanto, podemos dizer que, assim que adentramos neste Sistema Solar do qual o Planeta Terra faz parte (por analogia ocupa a posição 4, o número da concretização), fomos que sugados para a sua força, pois aqui estavam instauradas as condições ideais para que a vida do Homem Cósmico pudesse seguir sua saga, já devidamente desmembrado psiquicamente e fisiologicamente. Parece que aqui podemos observar o peso do primeiro karma (da primeira sensação de sofrimento), adquirido pelo primeiro homem que acordou para a consciência, perdendo automaticamente o direito de voltar ao paraíso, ao encontro com seu divino, seu Eu Maior (o alienado não sofre porque não tem consciência de sua situação). A perda da velocidade foi determinante para que a energia desse Homem, antes extremamente sutil, se condensasse e se subdividisse como que se pulverizando, para que então pudesse ser atraído para a superfície desta sua nova morada. Por isso mesmo precisou ir perdendo, passo a passo, os padrões de todas as outras energias, concentradas nesse nosso sistema, sob a forma de raios de luz, que o tornaram apto para experienciar mais este processo. Alguns textos sagrados chamam essa experiência de A Queda dos Anjos e a razão para que isto fosse imprescindível representa ainda um dos grandes mistérios que nossa ainda limitada compreensão não consegue apreender. Só o que sabemos é que o Homem está aqui para completar o plano do Grande Arquiteto Cósmico Urano, e que, por ser o modelo mais próximo Dele, não pela aparência física, mas especialmente porque tem em si a síntese mais completa dos três planos - físico, astral e mental -, está destinado a cumprir essa determinação.

Continuando o raciocínio, ao tentar adentrar e ter ressonância com os padrões da Terra, o Homem até então completo, começa seu caminho involutivo, saindo da casa paterna regida por Júpiter, incorporando os impulsos do impetuoso e corajoso Áries, por isso mesmo considerado o eterno adolescente, aquele que não está preocupado com as conseqüências de seus arroubos juvenis e que está sempre pronto para descobrir e desbravar novos reinos e empreender novos combates.

Em seguida, o peregrino passa a sentir em si mesmo os efeitos desta experiência transcendental, porque ao reverberar nos padrões energéticos do Sol, regendo o signo de Leão, sente que precisará desmembrar-se como força ativa e passiva uma vez que já se sente afastado de seu Eu Superior, visto que só assim conseguirá romper as camadas cada vez mais densas da sua futura morada, o Planeta Terra. A força solar vai pouco a pouco o levando a buscar uma definição cada vez mais precisa de seu ego, o sentido oposto da individuação, só que à medida que o processo de desmembramento acontece, simultaneamente vai-se alienando de sua origem cósmica e consequentemente do inconsciente coletivo e logo a seguir de seu inconsciente individual, caindo, por assim dizer, na vibração de Afrodite/Vênus, primeiramente buscando reproduzir através de uma atração inevitável a conseqüente harmonização que deveria estar presente entre seu eu humano e seu Eu Maior e seu Eu Maior em relação aos outros Eus Cósmicos, em sua regência libriana, para em seguida experienciar a sensação de direito divino mais individual, mais egóico, em sua regência taurina.

Passa então para o próximo padrão de energia, aquele aonde irá se defrontar com a necessidade de se conscientizar e colocar em ordem os símbolos que agora, por força do desmembramento psíquico e fisiológico acabaram por torná-lo quase totalmente alienado de suas origens, lançando mão de um comprometimento com as energias do inconsciente que já estão se decodificando em uma linguagem só inteligível àqueles que se deixam levar por uma espécie de sedução, na regência de Mercúrio ou Quíron no signo de Virgem, para, logo em seguida, ceder à curiosidade sempre presente na sua regência geminiana, vindo a ser a ponte que se forma na comunicação entre o inconsciente e o consciente quando descobre que caberá a ele a primeira incursão neste reino após inúmeras encarnações esquecido ou adormecido de sua origem tríplice, isto é, física, astral e mental.

Deixa-se envolver pelas ilusões do plano físico, inclusive pelas teias do tempo e de um pretenso poder, criando um vínculo com a Mãe Terra, um verdadeiro cordão umbilical que o mantém dependente dos apelos da terceira dimensão, tornando essa experiência incrivelmente longa, em lugar de ser apenas uma tomada de consciência física. A vibração de Saturno, que está se digladiando impiedosamente com Júpiter, só se dissipará para cada um de nós, seres em evolução, quando vencermos a guerra do autodomínio e erguermos o cetro do poder, todas as vezes que cada Homem Cósmico consegue triunfante retornar ao seu lar divino. Enquanto isso não acontece, o ser permanece preso às armadilhas que são como poderosos imãs, tais como toda sorte de ilusões, mágoas e emoções que o mantém acorrentado através do cordão umbilical, unindo-o simbolicamente à Mãe/Terra.

É neste estágio que o peregrino se deixa envolver pela força lunar e perde totalmente sua consciência cósmica, cai em um estado de alienação profunda, só entra em contato com seu inconsciente através dos sonhos e se deixa enredar pelas armadilhas das ilusões, ficando preso por um período muito maior que o necessário para que sua missão venha a se cumprir.

No entanto, quando o ser sente os primeiros sinais da expansão de sua consciência, coisa que cedo ou tarde advirá visto que sua origem é divina, vislumbra sua própria luz ainda bastante difusa, sua intuição começa muito timidamente a dar os primeiros impulsos rumo ao autoconhecimento, a princípio muito lentamente, mas depois de uma forma imperiosa, e o ser
passa a buscar seu caminho evolucional.

Acreditamos ter finalizado essa tentativa de desvelamento da linguagem simbólica das Lendas Cosmogônicas que tiveram, por sua vez, origem nos textos sagrados decodificados e estudados nas Grandes Escolas de Mistérios, que sintetizavam o conhecimento só acessível aos iniciados ainda no Egito Antigo e em todas as outras culturas merecedoras dessa dádiva cósmica, em uma linguagem exotérica mais facilmente apreensível ao não-iniciado até que acorde para suas verdades veladas, não sem antes lembrar aos leitores que todas as conhecidas e grandes Escolas Esotéricas até hoje existentes nos remetem a esta mesma simbologia, muitas vezes nos iniciando através de instrumentos metafísicos de captação energética, os Oráculos, que objetivarão mostrar ao novo adepto um dos caminhos para seu autoconhecimento e conseqüente conscientização.

Um desses instrumentos metafísicos é a Kabalah que através do estudo da chamada Árvore da Vida, nos mostra exatamente este mesmo caminho evolutivo e involutivo que acabamos de descrever. Quando estudamos o Tarô, outro instrumento metafísico, através de uma abordagem mais profunda ou esotérica, também vamos chegar à conclusão que os Arcanos Maiores simbolizam exatamente a saga do homem decaído em busca da sua evolução, enquanto que os Arcanos Menores tratam do homem já em evolução, experienciando os desafios de Ouros, de Espadas, Copas e Paus, respectivamente sua conscientização primeiramente física, espiritual, emocional e, finalmente, mental. Aliás, qualquer tratado sobre Filosofias Herméticas ou instrumentos de captação energética, inclusive as Numerologias Pitagórica ou Hebraica, também tratam dessa questão, pois todos levam em conta o processo evolutivo da humanidade decaída em busca da evolução.

A Astrologia pode, no entanto, dentre todos esses instrumentos já citados, ser considerada a Grande Síntese de todas essas Ciências Sagradas, pois carrega em sua simbologia desde as mensagens mais literais e práticas, até àquelas que exigirão do pesquisador uma maior e mais profunda expansão de sua consciência, tanto que fazendo uso da Analogia conseguirá orientar-se e passará a atender que nós somos, na verdade, um sistema cósmico que apesar de micro será absolutamente semelhante ao macro e terá como objetivo maior trazer ordem no caos que se transformou a consciência do homem desmembrado física e psiquicamente falando, colocando-o frente ao seu mito-dilema e processo evolucional.




ADENDO

Nesta altura do trabalho procuramos novamente pedir a opinião de nossa revisora, isto porque ao relermos tudo que havíamos copilado até então, sentimos que para um leitor menos acostumado com esta área ocultista e com os instrumentos ou artes de captação energética, talvez fosse interessante discorrer um pouco mais sobre o assunto, lançando mão de um capítulo explicativo sobre esse universo ainda pouco conhecido pela maioria das pessoas, ainda mais que a opinião dessa especialista corroborou com nossos temores.

Decidimos então falar um pouco mais sobre as bases do conhecimento astrológico, a nosso ver a Grande Síntese das Verdades Cósmicas e Elo entre o Profano e Sagrado (pelo menos até onde nos foi dado conhecer) cuja origem remonta há pelo menos 4.000 a.C. e provavelmente se levarmos em conta, como já comentamos em capítulos anteriores (quando os egípcios, os mesopotâmicos [especialmente os sumérios], os maias, os indianos e os chineses foram colocados frente a frente com essas Verdades Cósmicas), esse saber já estava sendo herdado de uma cultura mais antiga e extinta, muito mais avançada mesmo para nossos padrões atuais. Nessa ocasião, somente os que haviam alcançado uma expansão de consciência adequada, conseguiram captar e incorporar essas mensagens, tornando-se então os Grandes Sábios, Hierofantes e Sacerdotes.

Acreditamos, o professor Pietrus, Geninha e eu, que nesse momento da História os homens comuns já sentiam mais agudamente a angústia da dolorosa separação entre o físico e o espiritual, entre o Profano e o Sagrado, fazendo-os sentirem-se divididos, incompletos, ou, melhor dizendo, passando a depender de intermediários para entrar em contato com deuses que eles erradamente passaram a acreditar estarem fora de seu alcance (contrariando a noção de que foi no período chamado cartesiano que o homem separou a alma do corpo físico), sem, no entanto, perder completamente de vista sua ligação com os planos divinos. Infelizmente, aqui no Ocidente o homem sofreu um processo de alienação mais profundo que no Oriente durante o decorrer de sua História, deixando de perceber, mais agudamente, que esses opostos são pólos integrantes de uma só energia e que depende de cada um construir a ponte que os ligará de volta, tornando-se novamente completos em sua essência.

Aqui cabe, acreditamos, falar sobre um elemento (um ponto focal visível nos Mapas Astrais) de rara importância para nós astrólogos esotéricos e que diz respeito ao nosso processo de encontro com nosso Eu Divino ou Eu Superior que acabamos de citar. Não se trata de um corpo celeste e, tal qual os Nódulos Lunares, resulta de um cálculo ou adição dos graus, minutos e segundos do ano de nascimento da pessoa a ser analisada, com os graus, minutos e segundos do dia e mês da mesma data. Seu nome é Líllith, a chamada Lua Negra, e dependendo do nível de expansão da consciência ou desenvolvimento espiritual, permite algumas concepções no mínimo intrigantes.

Alguns pesquisadores a consideram por um prisma mais psicológico e a vêem como indicadora de nossa sombra ou lado “B”, aquela porção de nossa personalidade que preferimos manter escondida. Outra linha que tenta descrever sua atuação nos Mapas individuais, através de uma abordagem mágica, remete-nos aos rituais praticados por feiticeiras que aproveitando as noites escuras durante a Lua Nova, faziam suas homenagens a Grande Mãe Terra. A Igreja não via essa prática com bons olhos e a denominavam de práticas pagãs satânicas. Daí, a conotação de que a Líllith traz em si algo de pecaminoso e perverso.

Uma outra abordagem interessante para captar as mensagens que este ponto focal traz para os nativos, está relacionada à imagem bíblica de Adão e Eva. Segundo os adeptos desse enfoque, a Líllith seria a segunda mulher do primeiro homem, aquela que ele desposou depois de perder o direito de estar no Paraíso. É com certeza a mesma Eva, só que agora consciente de suas limitações.

Porém meus amigos e eu decidimos ir mais fundo nessas abordagens e descobrimos que tudo que, até então, havia sido dito correspondia a uma parte da verdade, e que muita coisa ainda estava por ser desvelada. Ela (a Líllith) representa um papel de suma importância nos Mapas, pois indica a área (uma das doze casas) e os níveis de energia (um dos doze signos) onde o nativo poderá sentir a incrível sensação de entrar em contato com seu Eu Maior ou seu Divino, contato que pensou ter perdido desde que ele, o homem “sapiens”, começou a raciocinar independentemente de sua intuição. Talvez, por essa sensação ser tão incrível é que também se atribui a ela a experiência da sexualidade plena. É, na verdade, a saga narrada na Bíblia que conta como o Homem perdeu o direito de viver no Paraíso. Desde então, ou melhor dizendo, desde que houve a conscientização de que estava incompleto, busca essa complementação acreditando que essa parte perdida encontra-se fora de si mesmo, no exterior ou em terceiros. Foi então que passou a “contratar” os Hierofantes, Sacerdotes e Magos para fazerem a ponte mágica, pois por essas pessoas especiais terem, pelo menos aparentemente, encontrado sua parte Sagrada, poderiam ajudá-los, mostrando o caminho para também usufruir desse prazer. Esqueceram-se, no entanto, que o divino ou sagrado que procuram está dentro deles mesmos e que o poder que esses seres já iluminados ou completos em sua essência têm, restringe-se a nos dar o exemplo de suas vidas, mostrando os caminhos que cada um terá que trilhar para merecer esse encontro.

Concluímos, então, que como esses cargos hierárquicos de extremo poder davam a seus detentores uma posição social e política extremamente privilegiada, tanto que no Egito Antigo e nas culturas já citadas, esses seres iluminados eram considerados como os mais respeitáveis, colocados no ápice das hierarquias conforme o sistema político/social adotado por cada cultura, algumas vezes caíam na grande cilada armada pelos seres que ainda estão chafurdando no plano das trevas (onde as energias se encontram extremamente condensadas), e se deixaram envolver pelas teias do orgulho. Na verdade, TODOS nós expandiremos nossas consciências, basta que estejamos prontos para acordar desse estado de torpor alienante, e esses seres que se julgaram, e ainda se julgam, com maior merecimento que as outras criaturas, irão entender que apenas conseguiram erigir a ponte antes, e se reunificaram ao TODO.

É interessante que essa questão fique bem esclarecida, antes que você, amigo leitor, fique se questionando, como pode um ser iluminado se deixar envolver pelas malhas do mal. Acontece que o processo evolutivo que propicia a expansão de consciência é atingido por etapas ou pulsações partindo do plano onde a energia é mais densa, através da vontade do próprio indivíduo, passando pelo plano astral (onde sentimentos, emoções e memórias podem impedir que a luz da consciência cósmica seja filtrada imediatamente e de maneira uniforme) e só então chegará ao plano onde a energia se encontra livre de toda condensação. Esses planos que dizem respeito à condensação energética são didaticamente três (físico, astral e mental), mas eles abrangem uma infinidade de sub-planos e, por ser um processo, deve ser visto com todo o dinamismo e movimento exigido do ser em ascensão, passando passo a passo de um degrau ao outro.

Em seguida, esse processo dirige o iniciante para seu objetivo maior, de forma que o adepto, ou neófito, irá recebendo em cada raio de Luz que passar, como em um flash, uma descarga formidável dessa Luz comumente chamada de insight, iluminando seus deuses internos, um por um. Quando a Luz Cósmica atinge todo o ser, ele poderá ser chamado de iluminado e, com certeza, nenhuma sombra do mal conseguirá mais atingi-lo daí por diante.

Portanto, a conscientização é um processo inteiramente subjetivo, vai depender de como cada um de nós resolveu, ou está resolvendo, seus mitos-dilema atemporais, pois, ainda por cima, temos que levar em conta o fato de que algumas vivências passadas deixaram suas marcas e acabam formando filtros que agem como sutis barreiras impedindo que a luz da compreensão atinja o plano mental de forma simultânea.

Bem, retomando a questão de ser a Astrologia uma Arte ancestral mergulhada nas brumas de um passado remoto e a mais completa síntese dessa saga cósmica, acrescentamos o fato de que foi adotada como um exemplar instrumento de captação energética da Luz Cósmica e das Leis que regem nosso universo, pois mostrou-se inteiramente eficiente como codificadora ou sintetizadora de símbolos, única linguagem que por ser atemporal e universal, passou a ser a mais confiável e completa. De acordo com os Sábios e Doutores da época, esse conhecimento andou de mãos dadas com a Astronomia, a Matemática e todas as outras áreas do saber desenvolvidas desde então, até o período medieval, quando aqui no Ocidente seus representantes deixaram-se perder nas artimanhas políticas reinantes, envolvendo-se também com as artes da magia e da alquimia, só que infelizmente com intenções claramente egoístas e manipulativas.

Daí em diante, os verdadeiros astrólogos ou Sábios, para que o homem leigo não perdesse completamente o contato com O Sagrado, resolveram criar o Tarô, um Oráculo que, para os iniciados, representaria a jornada arquetípica rumo ao desenvolvimento evolucional, mas para o leigo, seria apresentado como um instrumento de previsão o qual, por utilizar símbolos em suas lâminas, atingiria de forma subliminar ou inconsciente a pessoa que o utilizasse, não deixando assim que a Verdade ou os modelos exemplares para o comportamento humano ficassem apagados da memória da grande maioria dos seres humanos.

Antes da Idade Média (período em que no Ocidente adotou-se o Sistema Feudal e a Igreja Cristã nasceu), ainda na Grécia, apareceram as Escolas de Mistérios ou Templos Iniciáticos, inspirados nos que existiram nas culturas anteriores, onde jovens nascidos de uma aristocracia intelectual recebiam a orientação de Mestres que, por sua vez, disseminavam o conhecimento adquirido nas Escolas Iniciáticas egípcias, hinduístas, confuncionistas, etc. Da mesma forma, podemos dizer que os hebreus também receberam ensinamentos de Moisés, um iniciado por Hierofantes, quando ainda se encontrava em terras egípcias, e depois disseminador das verdades que lá aprendeu, copiladas em um dos Livros Sagrados mais conhecidos por nós ocidentais, a Bíblia. Os iniciados que seguem esse Mestre, adotam como instrumento de captação energética a Kabalah e seguem os ensinamentos contidos na Tora.

Portanto, os jovens bem nascidos, filhos de uma aristocracia intelectual, na Grécia, receberam orientação de ninguém menos que Pitágoras (582- 507 a.C.), Platão (427-347 a.C.) e muitos outros Grandes Filósofos. A Numerologia Pitagórica era ensinada em uma dessas Escolas (o Liceu). Segundo o próprio Pitágoras, tudo pode ser compreendido através dos números, pois eles têm energia própria já que o próprio Criador geometrizou o universo.

Para quem pensa que fazer parte dessas Escolas era uma tarefa fácil, e que o conhecimento, assim como a iniciação, era oferecido sem grandes exigências ou sacrifícios, sabe-se que nesses Templos o neófito tinha que fazer alguns juramentos como ficar sem omitir uma palavra sobre o que via e ouvia durante sua estada neles, executar rituais complexos, levar uma vida frugal e passar por jejuns severos; em outros era obrigado a não falar sob nenhuma circunstância durante anos (às vezes até sete) e conta-se que as provas, quando voltados para a maior abertura da consciência, que eram levados a fazer toda vez que mudavam de grau evolucional, eram verdadeiramente aterradoras, pois exigiam do neófito grandes sacrifícios físicos e mentais durante os processos iniciáticos.

É importante ainda que fique bem claro que os jovens gregos podiam contar nessas Escolas com ensinamentos exotéricos assim como com os esotéricos. Quanto aos primeiros, diziam respeito aos estudos relacionados com as Artes da Filosofia, Política, Astronomia (que por sua vez estava atrelada ao conhecimento astrológico), Matemática, Geometria, Medicina e Literatura; já os segundos, além dessas disciplinas já citadas, dedicavam-se aos estudos relacionados com a prática e desvelamento dos mistérios através dos rituais próprios a cada uma delas. Desse modo, vamos nos deparar com o sentido sagrado das alegorias e das fábulas, nos poemas de Homero, nos Mistérios de Isis que inspiraram os de Cabiras, Vulcano, Vênus, Júpiter, Mitra, Baco, Ceres, e ainda nos de Dionísio e, claro, os processos iniciáticos relacionados a cada um.

A Astrologia, a qual estamos nos referindo como sendo considerada pelos Sábios o instrumento exemplar para a sintetização dos símbolos cósmicos e suas Leis, pede uma abordagem epistemológica, uma busca profunda das origens desse conhecimento. Por isso mesmo adotamos, meus amigos e eu, um posicionamento, digamos, invasivo até às culturas ancestrais mais remotas possíveis e que nossas pesquisas bibliográficas e de campo permitiram. E foi então que decidimos fazer o desvelamento ou a decodificação dos símbolos que estão encobertos nas Lendas de todos as culturas ancestrais.

Nossos esforços foram recompensados porque conseguimos fazer o caminho de desvendamento de seus símbolos, encontramos as respostas aos nossos questionamentos e pudemos comprovar que através desses conhecimentos temos pela frente o mais preciso instrumento orientador, mesmo hoje no século XXI.

Vamos passar para aqueles que ainda não conhecem as bases teóricas da Astrologia, agora que já analisamos no capítulo referente ao desvelamento das lendas cosmogônicas, os símbolos que nos mostram claramente nossa saga rumo ao processo involutivo e evolutivo, uma indicação bibliográfica, um livro extremamente simples, mas muito claro e eficiente que o leitor iniciante poderá consultar. O livro que nos ocorreu é o Palavras-chave da Astrologia de Hajo Banzhaf e Anna Haebler, bastante didático, indicado até para adolescentes. É claro que existem muitos e muitos outros que, por serem básicos, também podem ser procurados pelos iniciantes. Achamos melhor deixar por conta dos interessados essa pesquisa, dada a grande bibliografia existente no mercado. Só depois dessa formação básica é que terão condições de seguirem rumo a um aprofundamento maior, e partindo da antiga premissa: “quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece”, acreditamos que os neófitos serão encaminhados por mãos inefáveis às informações que sua ressonância vibracional emitir.

E por que achamos imprescindível o conhecimento e um aprofundamento cada vez maior dessa arte/ciência?

Porque através dela temos em mãos a representação gráfica do caminho que cada um de nós deve seguir para chegar ao processo evolucional de cada um e alcançar a Luz, sua origem divina, perdida quando Saturno resolveu repetir o mesmo erro de seu Pai Urano, interferindo no ritmo cósmico, rebelando-se contra as decisões das Senhoras do Karma e Hostes Superiores.

As bases teóricas, ministradas a todos os pesquisadores iniciantes, as quais permitirão que eles comecem a elaborar as primeiras análises dos Mapas Astrais (natais, progressões, revoluções, trânsitos) e que podem dizer respeito a uma pessoa, uma cidade, uma empresa, um país ou mesmo civilização, didaticamente falando, são bastante simples. Só se apresentarão mais complexas à medida que o aspirante a astrólogo começar a empreender as análises necessárias dos símbolos simultaneamente.

No início do curso o estudante irá aprender que o objetivo dessa Arte é o de colocar ordem no caos, definir em um papel todos os pontos que delimitam o objeto de pesquisa do Mapa. Para tanto, precisaremos de alguns dados como o dia, mês, ano e hora em que a pessoa nasceu (quando tomou a primeira inspiração, ou quando a empresa foi inaugurada, ou a cidade foi fundada ou o país foi descoberto ou ganhou sua independência, e assim por diante). Outro dado imprescindível diz respeito ao local exato (latitude e longitude) em que o evento ocorreu.

Daí em diante, o astrólogo vai se incumbir de fazer os cálculos, hoje menos trabalhosos, pois contamos com computadores super eficientes e rápidos. Irá inserir o resultado em um círculo (uma Mandala), seus trezentos e sessenta graus serão divididos em doze casas, cada uma delas recebendo a regência ou influência de uma determinada energia emitida pela constelação mais próxima, começando pela hora do nascimento. E essa Mandala conterá ainda glifos ou símbolos dos corpos celestes que se encontram em nosso Sistema Solar, codificados. Dependendo da pessoa ou elemento que o astrólogo está analisando, esses pontos adotarão determinados graus entre si, formando o que denominamos aspectos, cada um indicando o nível de tensão que eles exercem uns sobre os outros.

Esse é o universo que o astrólogo terá diante de si, todas as vezes que iniciar sua análise. Como a Astrologia leva em conta o dinamismo do universo em que estamos inseridos, também ela se mostra absolutamente dinâmica, exemplificando esse constante movimento cósmico, segundo a segundo, através das possíveis análises desses dados como estavam posicionados em determinado ano, ou como estarão em um momento futuro, determinado pelas necessidades do cliente. Os Retornos Solares e Lunares se incumbirão disso, assim como os Trânsitos ou Progressões, dando ao astrólogo a capacidade de prever ou rever determinadas situações.

Dependendo do nível evolucional do astrólogo, este poderá orientar o cliente desde o desenvolvimento das características positivas de seu Sol, sua complementação, assim como de todos os outros pontos que estarão inseridos como em um cartão magnético no Mapa.

Assim, o Sol nos dirá de acordo com o signo e da casa em que estará colocado, como é a personalidade intrínseca e qual caminho deverá percorrer para encontrar sua individuação (termo criado por Jung e que quer dizer que o homem está sempre se autoconstruindo e conscientizando-se do seu contexto sócio-cultural), e claro qual signo oposto conterá sua complementação. Já o ascendente, mostrará a personalidade exterior, qual máscara social ele apresentará ao mundo no enfrentamento da realidade, inclusive traços físicos.

A Lua e a casa em que será encontrada, por sua vez, indicará como serão seus sentimentos, memórias e emoções e como reagirá frente aos impasses da vida. Deve ficar claro que aqui também vale a lei da complementação, quer dizer, é imprescindível que se analise o signo oposto para que possamos orientar o cliente quanto às características positivas que o ajudarão a evoluir e quais deverão ser resgatadas por ele para que possa ter acesso a um eixo de energia completo.

Esse procedimento deverá ser feito pelo astrólogo em todos os pontos que serão analisados e é importante que fique bem claro que como tudo em nosso universo tem seu oposto, não estamos dizendo que o ser em evolução precisa experienciar também as características que estão na sombra, ou negativas, isso porque esse procedimento só iria causar problemas, pois ou ele vibra positivamente em um campo energético, ou vibra negativamente, pois ambos fazem parte de um só eixo. Estamos dizendo que, no momento em que estamos complementando as energias positivas de um determinado signo com seu oposto, estamos simultaneamente lançando luz sobre as características positivas do signo oposto, as quais nos ajudarão a trabalhar integralmente com o eixo completo dela. Quando todos os pontos de um Mapa se complementam, a pessoa emite uma luz própria e pode-se dizer que é um ser especial, iluminado.

Ao analisarmos Vênus, sob esta mesma ótica, vamos nos deparar com as áreas ou situações que mais atraem ou trazem a sensação de bem estar ao cliente, enquanto que Marte indicará a área em que seus maiores e mais importantes combates durante a vida se desenrolarão. Mercúrio indicará qual a forma que esta entidade pensa e se comunica, enquanto Júpiter nos mostrará como será sua aceitação religiosa, ou como se posicionará frente ao Sagrado e empreenderá sua expansão de consciência. Saturno, por sua vez, indicará qual o rumo que deverá seguir para cumprir aquilo que sabe ser correto assumindo a responsabilidade por seus atos, tornando-se madura.

Quanto aos Planetas exteriores, Urano, Netuno e Plutão, eles darão seu recado de forma mais clara na mesma proporção em que estará desenvolvido o nível evolutivo do cliente, pois sua linguagem é, de certa forma, muito mais impessoal que individual, e o ser em questão precisará já estar livre das implicações de um ego exigente. Urano lhe indicará a área onde mudanças externas ocorrerão, assim como os ïnsights esclarecedores que tratarão de desmistificar aquilo que para ele já deveria estar ultrapassado. Netuno mostrará onde os véus e ilusões que encobrem as verdades estarão camuflados por algumas emoções, sentimentos ou lembranças desta e de outras vidas, limitando um acesso consciente a eles. Já Plutão, representa onde os valores do indivíduo deverão ser revistos, pois ocorrerão mudanças drásticas. Se a pessoa tiver o Sol no signo de Escorpião ou o próprio Plutão posicionado na casa regida por este signo (casa 8), então as mudanças nos valores serão absolutamente imprescindíveis, e deverão ser feitas no momento em que a pessoa tiver conhecimento deste fato porque, se assim não for, a experiência reencarnatória que está sendo vivenciada por ela, ficará como que paralisada, girando em torno dos mesmos dilemas ou padrões negativos.

Entre esses Planetas Exteriores e Saturno, vamos encontrar Quíron, descoberto na década de 70. É ele que faz a ponte energética entre Urano, o planeta dos contatos cósmicos, com o planeta mais voltado para padrões terráqueos, Saturno. Quíron indica em que área o cliente se defrontará com desafios e caminhos prováveis relacionados com a expansão de sua consciência, rompendo com as barreiras que poderão vir a impedi-lo de ter contato com as Energias Cósmicas encontradas neste nível mais sutil de ressonância.

Ainda teremos, em nossa análise astrológica, que observar os Nódulos Lunares Norte e Sul, que não são corpos celestes, mas na verdade, segundo Martin Schulman, simbolizam a relação entre Terra, Lua e Sol, associáveis entre muitas outras coisas ao corpo, mãe e pai. Enquanto o Nódulo Sul sinaliza as áreas que deixamos coisas a serem feitas nas vivências passadas, o Norte indica o que precisará ser trabalhado e onde teremos de concentrar nossa atenção nessa vida para resolver a falha deixada por nós mesmos.

O mesmo deve ser aplicado em relação à Roda da Fortuna que tem por objetivo determinar onde e como o cliente encontrará o pote de ouro no fim do arco-íris, isto é, sua realização maior, profissional e socialmente falando. Como também não é um corpo celeste, poderá ser calculada somando o signo, graus e minutos do ascendente com o signo, graus e minutos da Lua. Em seguida, subtraindo o resultado do signo, graus e minutos do Sol.

Quanto ao prazer maior, já falamos bastante acima, aquela sensação de satisfação total, será determinado pela Lua Negra ou Lillith. A análise dependerá de em qual signo ela está e qual casa. Poderá ser analisada como a estória de um incubo, de um sonho, ou então a saga da mais inquietante imagem derivada do arquétipo da Grande Mãe. Na verdade, vai procurar explicar basicamente a experiência do ser humano em relação aos seus desejos mais secretos ou inconfessáveis, para àqueles que ainda estão engatinhando nos conhecimentos esotéricos. Se já tiver expandido sua consciência, reconhecerá nesse ponto focal seu Eu Maior ou Divino e acontecerá o sublime encontro com seu verdadeiro darma.

“Quando a Lua se apresentava totalmente cheia era considerada boa pelos nossos ancestrais, mas quando se encontrava obscura, ela era cruel ou fazia vir à tona nossos instintos mais primitivos. Tanto que os magos ou bruxas que até hoje fazem uso desta Arte, escolhem as noites de Lua Cheia para executar os rituais ou sortilégios benignos e as noites de Lua Nova acabam sendo as eleitas por eles como as mais propícias para os malignos”.

Ora, por um prisma psicológico fica muito claro que a Lilith no Mapa indica quais os caminhos nos levarão a realizar nossos desejos mais íntimos e até aparentemente irrealizáveis (a Lua como símbolo de nossas emoções já nos fez entrar em contato com esse reino), mas, só que ao contrário da Lua, nosso satélite, mostrando a face psicológica que preferimos não expor socialmente, nos trazendo a incrível sensação de prazer total quando são cumpridos. Na verdade, ela deveria estar vinculada a uma sensação muito mais profunda, como já falamos, ligada ao prazer de encontrar nossa complementação divina, nosso Eu Superior. O professor, Geninha e eu, chegamos à conclusão de que a sensação de que essa é uma área perigosamente censurável pelos costumes e regras sociais vigentes está diretamente ligada à idéia de pecado, criada pela Igreja, alertando o Homem para que ele, como castigo por ter desobedecido a Deus, nunca mais possa ou mereça ter acesso a essa sensação de prazer total.

Bem, nesta altura do texto, achamos conveniente falar um pouco sobre os instrumentos de previsão que nós ocultistas/esotéricos temos ao nosso alcance. Cabe aqui comentar um pouco sobre essa capacidade que o homem clarividente tem de acessar os chamados, por G. O. Mebes, “Clichês Astrais” e os cientistas e metafísicos, as “Astro Idéias” no livro Enciclopédia do Ocultismo. A esfera astral não está sujeita às leis limitadas do espaço de três dimensões, nem do tempo relacionado a ela. Ali podem ser encontrados não apenas os clichês de acontecimentos passados, mas também de acontecimentos futuros, se bem que estes últimos estarão sujeitos ou dependerão dos impulsos volitivos e do livre arbítrio dos indivíduos.

No entanto, G.O. Mebes nos ensina, na mesma obra já citada, que quanto mais alto for o sub-plano astral no qual se encontra o clichê do futuro acontecimento (a divisão do nosso universo em três planos – físico, astral e mental, não deve levar o leitor a supor que esta divisão extremamente simplista representa literalmente a realidade; ela foi citada por questões puramente didáticas, visto que entre esses três planos coexistem milhares de sub-planos intermediários que guardam as características mais marcantes de suas condensações energéticas em maior ou menor escala), menos possibilidade haverá de ser modificado e mais infalível será sua predição.

Já em relação à Astrologia, podemos dizer que o instrumento oferecido por ela para análise e previsões, nos coloca em contato tanto com as Astro Idéias como com os Clichês Astrais, pois podemos identificar em cada Mapa a área ou o campo em que o indivíduo ou outro sujeito estará sendo analisado. Ele sempre se encontrará delimitado por seu contexto inicial ou “start”, a Mandala Natal, nos indicando que mesmo estando dependendo do livre-arbítrio dos envolvidos e das mudanças constantes, seus mito-dilemas estarão orbitando em um espaço conhecido e identificável. Portanto, apesar das mudanças, que como o tempo podem ser medidas por bilionésimos de segundos, espécie de pulsações imperceptíveis a olho nu, pois fazem parte dos universos microscópicos tratados pela Física Quântica, poderão ser detectadas como pequeníssimos impulsos que, ao se desdobrarem, darão a ilusão de linearidade ou seqüência, provando claramente que é a nossa atitude frente aos eventos que irá transformá-los ou não (nós é que passamos por eles e não eles por nós).

Bem, meus amigos e eu esperamos que neste pequeno adendo, tenhamos colocado de forma muito sintética quais caminhos percorremos na busca por respostas no que diz respeito ao desvelamento dessa linguagem ocultista. Já falamos sobre isso, mas é bom que fique bem claro, a linguagem esotérica ou oculta exige do pesquisador que ele se prepare para tal, portanto não é um sistema vedado à grande maioria das pessoas. Na verdade, são as pessoas que precisam expandir suas consciências para, através de analogias e pesquisas chegar às grandes verdades, que então se apresentarão puras em suas essências, livres dos preconceitos e discursos tendenciosos gerados por fanatismos e ignorância a eles atrelados.

Só para completar este adendo, achamos interessante acrescentar a fórmula dialética relativa aos Instrumentos de Captação Energética e suas diversas abordagens, a guisa de síntese:

- Abordagem Exotérica versus As Grandes Verdades e os Princípios ou Leis Cósmicas -.

Entre essas duas oposições de um mesmo eixo energético, encontramos os instrumentos de captação energética ou os Oráculos e a Astrologia Tradicional, a Cármica, a Mitológica e a Esotérica, propriamente dita. Enquanto o Conhecimento Exotérico sobre qualquer assunto pede uma abordagem tradicional ou laica, o Conhecimento Esotérico pede várias abordagens que vão passo a passo levando o pesquisador a expandir sua consciência até alcançar as bases epistemológicas do conhecimento.

Quando adotamos a Astrologia como instrumento para se chegar à evolução e, consequentemente, ao autoconhecimento, estamos também falando dessa abordagem mais profunda e que diz respeito à análise dos Signos Opostos e sua complementação; da abordagem Cármica e os pontos que definem em um Mapa reverberações de situações mal resolvidas em vidas passadas; da abordagem Mitológica que faz a ligação entre os signos e os deuses/ heróis das Lendas; e, finalmente, da Epistemológica levando o astrólogo a buscar as raízes ancestrais e as bases do conhecimento cósmico.

Todos os outros instrumentos de captação energética, como o Tarô, as Runas, a Numerologia, o I Ching e muitos outros Oráculos, seguem esse mesmo raciocínio. São de um lado, dependendo da abordagem do interessado, exotéricos e servem a seus adeptos como orientadores para suas vidas voltadas aos interesses mundanos e práticos. No extremo oposto, temos as Verdades Cósmicas, suas Leis e Princípios, contendo nossas reais origens. Entre um extremo e outro, encontramos as abordagens esotéricas que levam o neófito em um processo de busca, muitas vezes lento, até o contato com suas raízes cósmicas e o Conhecimento Sagrado.

É sempre a senda mais difícil porque exigirá do adepto um alto grau de concentração e persistência, assim como já estar certo de que seu objetivo maior nessa vida é chegar à sua origem divina, reencontrando seu Eu Sagrado ou Eu Superior. Deparar-se-á, nesse caminho escolhido, com muitos desafios e percalços, de forma que a adoção de um instrumento de captação energética tornar-se-á praticamente imprescindível, pois como estamos inseridos nesse plano de energias absolutamente condensadas, é bom que tenhamos algo como esses pontos focais concretos para nos orientar em nossas buscas metafísicas. Agora, temos que ter em mente que a manipulação e decodificação desses símbolos sagrados (afinal tanto o Tarô quanto a Numerologia, Runas, I Ching ou Astrologia, todos eles apresentam um alfabeto simbólico ancestral próprio, mas que em essência acabam nos levando a Verdade Única) por força de suas mensagens codificadas, exigirão do adepto um conhecimento mais profundo ou um espírito pesquisador extremamente sagaz.

Devemos lembrar, ainda, que enquanto nos contentarmos com um conhecimento adquirido através da ótica de terceiros, estaremos nos atendo à visão deste ou daquele pensador; enquanto que quando buscamos a origem dessas informações estaremos adotando o posicionamento epistemológico, muito mais seguro e profundo, chegando então até suas origens ancestrais, provavelmente até a criação dos seus símbolos, conhecimento esse indispensável para chegarmos à abordagem esotérica.




ABORDAGEM TRANSPESSOAL

Assim que demos por encerradas as pesquisas que levaram à decodificação das mensagens cifradas contidas nas Lendas mais conhecidas, principalmente as que dizem respeito ao Panteão Grego nos sentimos realizados, com a sensação do dever cumprido.

Precisamos levar em consideração o fato de que tanto em relação à visão psicológica dos fatos relatados nas mesmas, quanto também sob o ponto de vista filosófico, especialmente os gregos trouxeram para seus seguidores duas vertentes de assimilação destas estórias de fundo eminentemente mitológico: de um lado temos uma linguagem popularesca, fabulatória, muito fácil de ser assimilada pelos ainda não iniciados; de outro, vamos nos defrontar com uma abordagem esotérica, profunda, e que permite a todo iniciado ou pesquisador do oculto, ir decifrando verdades absolutamente lógicas e, por isso mesmo em sua essência racionais. Pudemos observar maravilhados, enquanto analisávamos os textos, como os símbolos iam sendo desvelados um a um diante de nossos olhos atônitos e então pudemos compreender o que os discípulos tanto discutiam nos Templos e Escolas de Mistérios.

Se formos analisar os Livros Sagrados da cultura hebraica, vamos nos defrontar com essa mesma linguagem figurada, alegórica, apresentada na Bíblia, especialmente no Velho Testamento, mas também o mesmo irá acontecer em relação ao Novo Testamento, em especial os textos apócrifos advindos dos discípulos (eram setenta ao todo), que não foram aceitos pela Igreja porque não corroboravam com a filosofia recém implantada pelos seus membros mais ilustres. O mesmo raciocínio se aplica, em relação a outros livros desta mesma envergadura ou importância, como o Alcorão, o Livro Sagrado dos muçulmanos ou nas belíssimas descrições de aventuras empreendidas por Arjuna e seu Mestre Krishna simbolizando seu caminho iniciático para tornar-se um Sábio, na visão da cultura indiana através do Bhagavad Gitá ou Canto do Bem-aventurado. Isso sem falar no Tora para os israelitas.

Conta a tradição que os gregos beberam sofregamente dessas fontes, mas especialmente tiraram muito de sua inspiração psíquica da cultura egípcia, assim como do domínio que esse povo apresentou em relação à inúmeras ciências e sábia iniciação. Os ensinamentos helênicos são enfeitados de uma mitologia deliciosa, repleta de deuses, deusas, semideuses e heróis. É facilmente identificável o sincretismo que ocorreu durante a absorção de uma cultura pela outra. Sob o agradável céu da ficção, os poemas de Homero contém alguns segredos da Iniciação Helênica muito próximos daqueles disseminados nos Templos Iniciáticos do Egito, codificados para que seu sentido sagrado só fosse revelado aos iniciados.

Os Mistérios de Isis sobreviveram na Grécia através de um culto público e outro secreto. Tanto que foram preservados os ensinamentos sobre a unidade de Deus, a doutrina dos renascimentos e da imortalidade da alma, semelhanças entre a fábula da descida aos infernos e as experiências às quais eram submetidos os noviços na iniciação isíaca ( da deusa Isis) que inspiraram, por sua vez, outros mistérios, tais como os de Cabiras, Vulcano, Vênus, Júpiter, Mitra, Baco, Ceres, etc.

Outra prova do sincretismo existente entre estas duas culturas, fica por conta da ocultação dos mesmos ensinamentos sob a face impassível da Esfinge egípcia de Ghizeh e a fábula da Esfinge grega e seu conhecido enigma quando ordena aos que por ela passam: - ‘Decifra-me, se puderes”, e pergunta “Que animal de manhã caminha com quatro patas, à tarde com duas e à noite com três?”, além é claro da concordância entre os principais deuses egípcios e gregos.

Aqui temos evidente mais um dos incontáveis mitos que exigem uma decodificação adequada. A Esfinge de Ghizeh ainda representa para os pesquisadores um mistério. Por que foi construída? Qual teria sido sua função? Quanto às Pirâmides, parece que sua função foi a de especialmente resguardar os restos mortais de alguém que foi em vida um ser divino através da prática do embalsamamento, seus objetos de uso pessoal por guardarem ainda resquícios de sua energia, talismãs e cenas de sua vida pintadas nas paredes, tudo isso para preservar seu invólucro carnal até que seu duplo-etérico encontrasse o caminho para sua origem de Luz, indicando claramente através de coordenadas precisas onde se encontrava Órion (Osires), a estrela mais brilhante do Cinturão de Órion, uma constelação bastante visível nos céus daquele período. Já a Esfinge, esotericamente e por analogia à Lenda grega que conta as desditas de Édipo, parece-nos que teria sido, na ocasião de sua construção, um Templo Iniciático e, como tal, convidaria aos neófitos a se conhecerem mais profundamente conclamando-os a praticar as Quatro Virtudes fundamentais a todo aquele que deseja evoluir, simbolizadas pela própria figura esculpida sob a forma sintética de quatro animais sagrados. Tem o rosto humano, as garras de leão, as asas de águia e os quadris de touro com seus atributos respectivos: - saber, querer, ousar e calar.

O Homem para evoluir precisa trabalhar em si mesmo o chamado Quaternário de Ezequiel, isto é, desejar o conhecimento acima de tudo, ter a evolução como sua prioridade máxima, não ter medo de enfrentar os desafios que uma atitude assim pode trazer à sua vida e, finalmente, entender que esse é um processo absolutamente seu, portanto, de autoconhecimento.

Para corroborar com a incrível sensação de dever cumprido já comentada acima, e do prazer correspondente, o Natal estava chegando e os netos do professor e Geninha, principalmente Renan, o mais velho, passaram a se envolver com a apresentação de um Auto de Natal. Por ser o mais velho, Renan ficou responsável pelo som, tanto àquele que acompanha a abertura e como um fundo segue por toda a peça, quanto aos incidentais como o barulho de passos, portas se abrindo, som de chuva batendo no telhado, etc, uma vez que adora mexer em mesas de som, computadores e toda sorte de teclados e botões. É um geniozinho em informática e apesar de só ter quinze anos, já demonstra um talento excepcional para esta área do conhecimento. Este autêntico taurino com ascendente em Escorpião exemplifica perfeitamente a regência venusiana de seu Sol, levando-o a gostar de música, mas desde que tenha a oportunidade de manipular a emissão dos sons, quer dizer, controlando através das próprias mãos e não só ouvindo, como faz um intrumentista que dedilha seu violão ou desliza os dedos pelas teclas de um piano; ou ainda, no exemplo de Renan fica bem clara a influência escorpiana de seu ascendente regendo todo o Mapa através das energias marcianas/plutonianas, dando a ele um gosto evidente pelas pesquisas, o espírito pioneiro sempre presente nestas pessoas nas questões que envolvem descobertas tecnológicas, e o gosto por mecanismos complexos, inclusive os ligados à mente. Provavelmente, quando atingir uma maior maturidade espiritual, irá descobrir que o que está buscando realmente é responder aquelas questões existenciais que assolam as mentes dos iniciados, tais como: de onde viemos, o que estamos fazendo aqui e para onde vamos quando morremos.

As caixas que guardam os enfeites de Natal já haviam sido descidas de seus armários e aos poucos a casa já apresentava o clima envolvente dos festejos natalinos. Uma grande árvore foi trazida e logo recebeu lâmpadas pisca-pisca, bolas de todas as cores, estrelas, festonês, só que, quando chegou o momento de colocar o acabamento final, a ponteira, ocorreu um impasse.

Todas as crianças da casa participavam dessa atividade de montar a árvore sob a orientação da avó, reconhecidamente a pessoa de um gosto estético irrepreensível, mas apesar de sempre reinar nestas ocasiões, todos os anos, uma harmonia e uma sintonia maravilhosas de se ver, este ano as crianças ficaram divididas entre uma belíssima Estrela de Belém com cauda, na verdade um cometa que ficava piscando, e um Anjo que batia suas asas translúcidas, recém adquirido pela família.

Foi feita uma votação e acabou vencendo a facção que estava torcendo pela Estrela de Belém. E lá ficou pica-piscando em seu lugar de honra durante todas as festas. Quanto ao belo Anjo, foi colocado em uma posição de destaque sobre a lareira junto com as tradicionais meias e mais enfeites, guirlandas, festonês, um lindo quebra-nozes com feitio de soldadinho de chumbo, peça muito antiga trazida da Rússia e que pertenceu à família do professor, portanto de inestimável valor.

Os mais velhos aproveitavam esses momentos para contar aos mais jovens as estórias que explicavam a presença das meias sobre a lareira, como se o Papai Noel precisasse desta indicação para saber quantas crianças existiam na casa, ou aquela que contava as desditas do soldadinho de chumbo que ao tentar salvar sua amada bailarina de papel de cair no fogo da lareira, acabou ele próprio quase incinerado, não fosse a intervenção de uma fada que dele se apiedou e ficou emocionada com tamanha prova de amor. Outra explicação dizia respeito ao copo de leite junto a uma cestinha com deliciosos biscoitos de amêndoas que eram religiosamente colocados sobre uma mesinha próxima à arvore, para que o incansável velhinho se alimentasse depois do tremendo esforço de entrar pela chaminé, na noite de vinte e quatro de dezembro, véspera do Dia de Natal.

A casa ficou linda, toda decorada, os pequenos arbustos do jardim também receberam lampadazinhas e bolas coloridas próprias para uso externo; o varandão, aquele onde morava em um xaxim um gnomo zangado, ganhou o brilho de micro lâmpadas pendentes das vigas de sustentação, lembrando um painel de luz. Enfim só faltava chegar a tão esperada noite mágica e a troca de presentes. Aos meninos claramente ansiosos restaram os ensaios para o Auto de Natal para aliviar a tensão da espera, ou ainda dar respostas mais ou menos coerentes para os dois primos de dois e três anos que ficavam perguntando muito aflitos, quantas noites iriam ter de dormir para a chegada do grande dia.

Pelo menos parece que é desse jeito que os ainda muito pequenos entendem o que é o tempo. Quando ficam mais velhos irão se deixar iludir pela noção de que o tempo passa por nós e que estamos todos inexoravelmente presos a um passado, vivendo o presente e esperando pelo futuro. Já vimos, durante nossa decodificação da linguagem das Lendas, que esta ilusão criada por Saturno, com intuito de nos reter o maior tempo possível no Planeta, não surte mais efeito sobre todo aquele que já percebeu que somos nós que passamos pelo tempo, que por sinal transcorre entre “flashes” tão rápidos que se tornam imperceptíveis aos nossos sentidos. Não é, portanto, contínuo, mas vai-se ajustando às constantes criações humanas (os outros seres vivos não têm essa capacidade de interferir no status-quo existente).

O chamado passado só deve ser lembrado quando nos trouxer mensagens agradáveis, lembranças de lições ou experiências que nos fizeram melhores ou para nos mostrar aonde encontramos dificuldades para resolver nossos problemas os quais acabam se transformando em traumas ou psicoses, visto que essas situações continuarão a se repetir como um padrão aparentemente pérfido, até que aprendamos as lições que a vida quer nos ensinar e que ainda precisamos aprender a fim de chegarmos a uma abertura de consciência cósmica ideal para nos tornarmos prontos para receber a Luz e chegarmos a nossa real morada.

Já o futuro, será o que plantarmos no presente, nem mais nem menos, pois uma das Leis Cósmicas nos ensina sobre o processo cármico, ou de causa e efeito. Podemos então concluir que só o presente importa, visto que é nele que podemos resolver os dilemas, intuir novas formas de viver, criar e materializar situações que nos permitirão participar do ritmo cósmico como perfeito instrumento dessa incomensurável orquestra vibracional galáctica da qual fazemos parte, queiramos ou não.

Enquanto as crianças ficaram absortas em suas tarefas dramatúrgicas, nós três pudemos voltar para novas reflexões. Chegamos à conclusão que, apesar de termos ficado felizes e realizados com o resultado de nossas pesquisas na decodificação das Lendas analisadas, faltou um olhar mais acurado sobre os Planetas chamados Transpessoais: Urano, Netuno e Plutão. Essa abordagem torna-se difícil por conta de estarmos nos propondo analisar as energias por eles transmitidas, não sobre cada um de nós, mas sobre os grupos, influenciando até gerações inteiras.

Constatamos, por exemplo, que quando Plutão foi avistado pela primeira vez por Percival Lowell, em 18 de fevereiro de 1930, não por coincidência, a força atômica passou a ser conhecida. As energias de Plutão quando atuam sobre os humanos exercem um poder transformador só comparável aos efeitos formidáveis desta energia que a tudo consome, se necessário, para que haja renovação. Não é por acaso que este Planeta (aliás, hoje rebaixado de seu posto pelos astrônomos que o estão considerando indigno de ocupar o lugar de décimo corpo celeste em nosso Sistema Solar, mas, para nós astrólogos, ainda extremamente importante, dadas as fortíssimas influências que exerce sobre a Terra), é considerado a Fênix, ave mágica dos egípcios, que vive mil anos, findo os quais pressente a morte e se deixa consumir pelo fogo para, em seguida, renascer novamente das cinzas. O regente pessoal dos nativos do signo de Escorpião é Marte, mas quando eles atingem a maturidade espiritual incorporam as potentes energias plutonianas e ficam prontos para encarar as implicações dessa responsabilidade.

Quanto a Netuno, descoberto em 23 de setembro de 1846 por Johann Gottried Galle, será importante captar sua poderosa energia absolutamente abstrata ou astral de modo verdadeiramente palpável. Sua força sutil só será sentida por aqueles que permitem que a intuição, essa energia comum entre os nativos do signo de Peixes, faça parte de sua própria vida orientando suas tomadas de decisões, fazendo-os pressentir a presença de seres compostos de luz ou energias ainda amorfas. Enquanto isto não acontece, esses nativos terão a regência pessoal que seus signos reverberam naturalmente, a de Júpiter.

A descoberta efetiva de Urano se atribui a Friedrich William Herschet (1738-1822) que reportou suas observações à Royal Society of Astronomers em 26 de abril de 1781. Como é apropriado a Urano - o planeta associado com excentricidade e surpresa – aquele que o observou pela primeira vez não era astrônomo profissional, mas um músico que tinha como hobby observar estrelas. Urano provoca mudanças de valores, insights e abre as mentes dos seres humanos para avanços tecnológicos consideráveis, revoluções sociais e políticas e revelações surpreendentes. É o regente dos nativos do signo de Aquário, mas enquanto esses seres não estiverem preparados para sua energia bastante avançada deixa-os, enquanto isto não acontece, à mercê da regência pessoal de Saturno.

Resolvemos, então, partir para a criação de textos com toques fantásticos, impressionistas ou líricos para tentar traduzir essas energias transpessoais, na verdade, uma Trilogia Transpessoal. Geninha, nativa do signo de Libra, mas com ascendente em Aquário, ficou de produzir o texto relativo ao Planeta Urano. O professor Pietrus, nativo do signo de Capricórnio com ascendente em Escorpião, se propôs a escrever sobre Plutão ou Hades. Quanto a mim, fiquei com a agradável tarefa de discorrer sobre os domínios de Netuno, também conhecido como Posêidon, o deus das regiões oceânicas e subaquáticas, símbolos do plano astral, elemento intermediário entre o plano físico e o mental, onde se encontram as emoções mais profundas, a fluidez das pré-formas ainda em estado de formação, os clichês, conceitos, enfim lá estão em estado latente tudo que ainda poderá ser criado, mergulhados neste verdadeiro caldo quântico. Antes que me esqueça, sou pisciana com ascendente em Touro.

O primeiro texto que recebi para arquivar foi o do professor Pietrus tratando, como já disse, das energias de Hades ou Plutão, o Senhor do Inconsciente ou do Mundo dos Mortos. Logo depois Geninha me passou seu texto falando das incríveis energias do Grande Mago Urano, o Primevo Arquiteto do Universo. Em seguida incorporei o meu, comentando sobre o Incomensurável Reino de Posêidon ou Netuno, Senhor das Emoções e Ilusões.



O GRANDE RECONSTRUTOR: HADES/PLUTÃO
Pietrus Augustus Ivanovisky

Como a Páscoa simboliza a Ressurreição e completa o ciclo de nascimento, morte e renascimento daquele que é para nós o grande exemplo de amor incondicional e evolução, Jesus o Cristo, não posso deixar de lembrar, como astrólogo que sou, do deus interno que preside todos os processos relacionados ao inconsciente: Plutão (para os romanos) ou Hades (para os Gregos). É esse deus, muito bem simbolizado por um pequeno, mas misterioso planeta, Plutão, só descoberto nos céus por volta de 1930, que emite para nós terráqueos seus raios de energia na cor roxo cardeal, e que nos leva a experimentar e vivenciar o mais temido de todos os enfrentamentos: a Morte. Mas o contato com Ele não é tão terrível, desde que estejamos preparados para ver esta experiência como uma prova (das mais convincentes, porque a vivenciamos todos os dias), de que neste mundo nada é permanente, portanto, o próprio movimento do ir e vir das nossas descobertas e desilusões nos faz sentir no fundo de nossas almas, milhares de vezes, o que é morrer.

Pensando assim, decidi fazer uso da companhia sempre amiga da minha intuição escorpiana e visitar, ainda que como observador (pelo menos é o que espero), o reino de Plutão, aquele que tal qual uma Fênix, desconstrói para em seguida reconstruir tudo, aliás, a única maneira de se chegar à luz, rasgando essa grossa camada de energia condensada que a tudo deturpa, mas que também nos protege, contra os impactos desse mundo materializado, quando ainda estamos presos às suas ilusões.

Considerando, portanto, esse preâmbulo, convido a todos vocês para fazerem uma incursão virtual ao sombrio, mas riquíssimo REINO de HADES, na verdade o sub-consciente, o inconsciente pessoal, o inconsciente coletivo e os reinos, para nós simples mortais, inadmissíveis, onde se encontram as temíveis Senhoras do Destino ou do Darma/Karma, não sem antes pedir a Hermes, o grande mensageiro do Olimpo, que com seu Caduceu nos oriente e ajude a adentrar nos domínios desse deus. Afinal estamos mergulhando em um plano onde tudo que foi, é e será criado se encontra na forma ainda latente, mas sempre pronto para ser capturado por alguma mente que, através da síntese adequada, materializará esses espectros astrais.

Nossa aventura começa às margens do rio Aqueronte, cujas águas separam o mundo dos vivos do reino dos mortos. Como não podia deixar de ser, uma névoa espessa impedia qualquer visão do que estaria na margem oposta, de modo que só pudemos vislumbrar nas águas sombrias, um barco se aproximando lentamente. Seu timoneiro era, sem sombra de dúvidas, Caronte, facilmente identificável pela capa e capuz negros, forrados de roxo, e um cajado enorme que também servia de remo. Procurei nervosamente, nos bolsos de minhas calças, pela moeda que teria de dar ao barqueiro em pagamento pelo serviço e, sem sentir, entrei junto com minha intuição na embarcação, já pensando se esta foi realmente uma boa idéia. Porém, minha companheira de viagem me acalmou dizendo que afinal estaria adentrando nesse plano astral, da única forma permitida a um ser vivo: através dela mesma, da sublimação do pensamento.

Quando aportamos sãos e salvos na outra margem, fomos recebidos por um enorme cão de três cabeças, o Cérbero, fiel guardião daquelas terras que, com suas múltiplas cabeças, tem por missão impedir que nenhum ser do plano físico ainda vivo entre e que também ninguém que já tenha cruzado seus domínios dali saia, exceto, é claro, como já dissemos, através do desdobramento que uma consciência em expansão permita. Ao seu lado, a bela Senhora da Noite, Hécate, recostada languidamente em seu luminar simbólico, a Lua, um resplandecente trono de luz difusa, nos indica que aquele é o Portal que nos levará ao mundo cada vez mais profundo do inconsciente, e nos dará acesso aos seus domínios de encantamentos, sortilégios e magias. De fato, passaram ante nossos olhos atônitos, daí por diante, estruturas conceituais, idéias, símbolos, emoções, sons, cores e chaves capazes de abrirem todas as fechaduras que guardam os mistérios mais insondáveis. Enfim, tudo que conhecemos e ainda vamos descobrir, passou por nós de forma tão rápida que se tornou impossível qualquer identificação mais precisa.

Nessa altura da viagem começamos a nos questionar se Hades nos concederia a honra de sua presença, aparecendo certamente sentado em um trono riquíssimo, cravejado de pedras preciosas e feito de ouro. Mas Ele apenas nos deu um vislumbre de sua presença, quando passou por nós em sua carruagem de fogo, em uma velocidade vertiginosa, puxada por corcéis negros, nos mostrando que todo poder que acreditamos ser possível obter é efêmero, fugaz mesmo, nesse universo da terceira dimensão no qual estamos mergulhados. Como estamos eu e minha intuição tentando entender como pensa e age o Deus das Sombras, ficamos nos questionando qual o melhor caminho para nos aproximarmos dele ou decodificarmos seus símbolos enumerados aos milhares por todo esse plano. Foi aí que minha intuição me lembrou que nas dimensões fora da condensação mais intensa, a telepatia é a melhor forma para se comunicar, ainda mais, que tentar interromper a corrida vertiginosa da carruagem dele: seria no mínimo deselegante de nossa parte, pois fomos recebidos com extrema diplomacia por todos, exceto pelas Harpias que teimavam em fazer vôos rasantes sobre nossas cabeças, chegando algumas vezes a roçarem suas garras nos nossos cabelos.

Pois foi através da comunicação telepática que pudemos satisfazer nossa curiosidade sobre os poderes desse deus, o mais temido pelos mortais, exatamente porque esta experiência exige que o pesquisador enfrente certas áreas ainda consideradas tabus pela grande maioria das pessoas, tais como:
instintos, posse, morte, obsessão, fanatismos, culpa, ressentimentos e medos, podendo, todas elas, ser sintetizadas pela BUSCA DESENFREADA pelo PODER e as implicações malévolas desse comportamento, por serem energias consideradas perversas, esquecendo-nos que são apenas as antíteses de energias sublimes como aquela intimidade sincera que vem do autoconhecimento, que leva ao amor incondicional e o respeito por tudo que tem vida, a alegria por estar vivenciando as experiências dessa experiência que é viver conscientemente, que leva à temperança, à cooperação, à conscientização e responsabilidade pelos nossos atos, à coragem de enfrentar qualquer situação desde que seja para um fim altruísta ou nobre.

Hades ou Plutão rege exatamente essas áreas tabus, mostrando que no mundo dos mortais tudo tem sua antítese, seu oposto. Portanto, se quisermos vivenciar os extremos de cada energia ou coisa (afinal parece que estamos nessa experiência para isso), teremos que enfrentá-los como um eixo onde a única possibilidade de equilíbrio se encontra no centro, quando as energias se encontram. Mas, para chegar a esse centro, torna-se imprescindível fazer a desconstrução de todas as características negativas que temos de enfrentar segundo nosso signo solar, do ascendente, da Lua, enfim do Mapa Natal em sua totalidade, incinerando-as, tendo por fim chegar ao signo oposto e todas as energias que estão na sombra (é bom lembrar que não é por estarem na sombra que estas energias do signo oposto ao signo solar são negativas; aqui também vale a concepção de que tudo tem sua face positiva e outra negativa, cabendo, portanto, ao nativo vivenciar as características mais sublimes desse eixo).

Em qualquer Mapa, nos ensina Plutão, a casa ocupada por Ele, mostra onde a pessoa analisada deverá fazer, em algum momento de sua vida, a queima de seus valores, para reconstruir uma nova escala desses mesmos valores. Porém, é bom se lembrar, quando a casa onde se encontra Plutão é a oito, a morada de Escorpião, então essa pessoa precisa enfrentar inexoravelmente seus medos e a desconstrução dos seus valores torna-se uma questão crucial, até porque sem isso ficará como que paralisada frente aos embates do dia-a-dia.

Através da telepatia e de nossa companheira fiel, a intuição, Hades nos confirmou que é o mau uso de um pretenso poder que nos impele a cometer erros após erros, vivenciando todas as energias perversas comentadas acima. Como Hades também simboliza a luz que rompe as trevas, haja vista sua carruagem de fogo que vai incinerando e iluminando as sombras do seu reino, o inconsciente, em vertiginosa velocidade, assim também nós, pela influência deste deus, devemos buscar a luz da conscientização para, saindo da alienação que a tudo encobre chegarmos ao equilíbrio ideal.

Como durante todo tempo que recebíamos Dele seus preciosos ensinamentos estivemos em constante movimento, porque sentíamos como que um impulso irresistível para seguir em frente, até porque por aqui nada permaneceu estático, tudo se mostrou incrivelmente dinâmico e cheio de vida, percebemos que, à medida que caminhávamos, as sombras iam se tornando mais e mais espessas, até que nossa visão ficou completamente bloqueada. Nem a mais tênue luz conseguiria penetrar naquele imenso abismo negro. Confesso que um calafrio percorreu minha espinha, exatamente igual àquela sensação que sentimos perante os filmes de terror, quando pressentimos que alguma cena horrível vai aparecer na tela. Felizmente Hades ainda estava em sintonia telepática conosco e nos explicou, de certa forma acalmando-nos, que aquele era o reino do inconsciente coletivo mais profundo, morada das Senhoras do Destino ou das Moiras. Realmente nem por intuição ou telepatia poderíamos adentrar neste reino, visto que o poder que dele emana é de tal magnitude que só os seres angelicais mais puros podem, com sua cintilação cósmica, lá chegar.

O tom da voz de Hades tornou-se mais grave ainda, e minha intuição me disse que era chegada a hora de voltar, se Ele permitisse é claro. O Senhor do Reino dos Mortos esclareceu-nos que, como a humanidade está entrando em uma Era Aquariana, permitiu a nossa visita assim como tem permitido o mesmo a muitos outros que pesquisam a mente com intuitos honestos e por isso mesmo louváveis, visto que o homem já se encontra preparado para conhecer, pelo menos um pouco, de seu inconsciente pessoal e do inconsciente coletivo de sua civilização, única forma de anular nossas incontáveis limitações, reconstruindo nossos eus verdadeiros depois do corajoso enfrentamento com a única Luz que a tudo esclarece: a Verdade.

Voltamos ao nosso dia-a-dia trazendo em nossos corações a certeza de que estamos muito bem acompanhados e regidos por seres de muita luz, até aqueles que nossa ignorância e cegueira, felizmente temporária, temem, pois são esses mesmos que guardam as chaves mágicas que irão abrir a grande Arca do Tesouro mais precioso que iremos desenterrar: o conhecimento de nossas reais origens.




URANO O SENHOR DA LUZ
Maria Eugênia Karstein

A Trilogia que começou a ser criada quando decidimos discorrer sobre os Três Planetas chamados impessoais - Urano, Netuno e Plutão, tem um objetivo bem claro: levar o leitor a conhecer um pouco mais sobre estas energias que por serem impessoais, exercem um poderoso impacto sobre os grupos, suas culturas e Eras Cósmicas.

Quanto a mim, decidimos que discorreria um pouco sobre Urano e seu reino que compreende todo o universo da terceira dimensão. A cor que seu raio emite é azul índigo. Procurei dar um tratamento de estilo fantástico ou ficção-científica ao texto, respeitando as características naturais deste luminar, fugindo, por assim dizer, de uma concepção astrológica tradicional, ou friamente científica quando a fonte é astronômica.

Chamei para me acompanhar nesta aventura espacial, minha criatividade e minha imaginação, duas companhias fundamentais, pois Urano pode ser considerado como o Primeiro Grande Arquiteto, aquele que foi o criador e primeiro manipulou os símbolos, idéias, emoções, enfim tudo que existiu, existe e existirá formando a Terceira Dimensão, e que jazem na forma latente nas dimensões mais sutis, decodificando-os e condensando-os, trazendo-os para o plano físico.

Minhas companheiras me tele-transportaram para o início de tudo, quando ocorreu o fenômeno a que os pesquisadores chamaram de BIG BANG. Foi aí, neste espetáculo inenarrável que aconteceu simultaneamente a criação da grande primeira tese e de sua grande antítese, a primeira grande oposição gerada por Urano: do incomensurável oceano cósmico, informe, índigo, começa a se formar um imenso círculo reluzente que a tudo delimita e define até acontecer a explosão cuja estupenda energia em forma de cintilação foi pulverizando e espalhando sua luz cósmica e estrondo monumental por todo o espaço sideral em franca oposição àquela natureza até então inerte, sob a forma de raios e sons, primeiro em uma velocidade tão intensa que ia invadindo, dilacerando o Todo, digladiando-se entre si na mais terrível batalha que já existiu entre forças opostas.

Depois, à medida que a velocidade foi perdendo a força, os raios provindos da cintilação primeva começaram a apresentar um espectro colorido devido à própria refração da luz; a condensação permitiu a formação dos primeiros corpos estelares e o universo da terceira dimensão começou a se formar, tendo como maestro dessa majestosa sinfonia vibracional galáctica a regência de Urano. Toda essa inacreditável criação, que pudemos admirar boquiabertas, também podem ser admiradas com os mais potentes telescópios e que mostram incontáveis sistemas planetários, aglomerações estelares, galáxias tão distantes que sua luz nunca chegará a ser descoberta, ou já não mais existem para nós, seres cuja existência é muito curta em relação ao tempo sideral, e que por sua vez seguem Leis Imutáveis relacionadas à Evolução das Espécies. Toda essa maravilha será encontrada também nos micro universos, só visíveis através de microscópios que já conseguiram captar seres que, de tão ínfimos, se apresentam como ondas, portanto, não existem como indivíduos. São ressonâncias.

Pois é Urano que nos deu o primeiro exemplo de como, a partir de um “insight”, nós seres humanos (criados à semelhança Dele) nos tornamos capazes de criar um universo físico no qual exibimos a forma mais completa porque consciente de toda essa maravilha que é a criação. Por isso mesmo acabamos nos tornando a Grande Síntese resultante dessa experiência cósmica, pois além de trazemos implícitas as três dimensões (a física, a astral e a mental), só nós, quando atingimos a consciência desse poder, passamos a ter condições de fazer o caminho inverso, voltar à luz que é nossa real origem.

Há pouco tempo, um filme que fez um enorme sucesso e que tratava exatamente do poder do pensamento criativo: ”Quem Somos Nós” exemplificou muito bem como temos em nossas mãos, aliás, em nossas mentes, uma infindável reserva dessa energia que é capaz de concretizar ou materializar tudo que formos capazes de captar nos outros planos existentes. Basta que aprendamos a “pescar” a matéria prima, que se encontra sob uma forma astral ou, ainda mais sutil, a mental isto é, sob uma condição de possibilidade ou potencial infinitos. É essa operação que permite que os inventores de todos os tempos tragam para o mundo físico toda sorte de novas idéias. Eles, na verdade, conseguem resgatar do oceano cósmico, no caldo das infindáveis possibilidades, onde estão imersas, toda sorte de estruturas, conceitos, idéias, tudo que foi, pode e deverá ser materializado pelo ser humano em um processo sem fim.

Mas, até uma potestade com tal poder, lembraram os gregos em sua Mitologia, ficou sujeita às probabilidades de um resultado incerto que fazem que tudo esteja ligado em uma imensa teia de conexões ocultas. Isso mostra que as coisas sempre dependerão umas das outras nesse plano finito, aliás, mais uma Lei inexorável a qual estamos sujeitos. Por conta do horror sentido por Urano pelo mal acabado quando gerou seres ainda primitivos (os Titãs), que fugiam de seu apuradíssimo senso estético neste nosso planeta Terra ou Géia, decidiu “devolvê-los” para o útero que os gerou. Como conseqüência teve seu imenso “poder reprodutor” decepado pela sua própria criação, Saturno, não sem antes, provavelmente como castigo, constatar que seus testículos decepados acabaram por criar sua última produção, o Amor e todos os demais sentimentos atrelados a ele na figura de Afrodite, algo que eternamente fugirá de seu extremo controle racional.

É claro que seu filho Saturno também respondeu de forma exemplar a esse ato de extrema violência contra seu Pai Urano. Do sangue vertido pelos testículos decepados e que encharcaram a terra, nasceram as Senhoras do Karma/Darma, as Fúrias, fazendo-o portador do grande karma que o obrigou, e a todos seus descendentes, a ficarem indelevelmente presos a este Planeta numa eterna seqüência de experiências que denominamos de processo reencarnatório.

Aliás, é bom que nos lembremos que nesta dimensão, estaremos sempre sujeitos às conseqüências de nossas escolhas e devemos estar preparados para assumir, por bem ou por mal, as responsabilidades dessas mesmas escolhas. Portanto, nós os Novos Magos que descobrimos nossos poderes manipulativos, devemos sempre ter em mente que tal capacidade também exige do iniciante um profundo respeito pelas Leis Imutáveis, pois elas são as únicas coisas por aqui que não estão sujeitas às constantes mudanças, mostrando ao homem que o futuro só retratará o presente e as conseqüências de nossas escolhas, boas ou ruins. É a grande armadilha do tempo, uma ilusão que a Ética de Urano acabou por criar na terceira dimensão, e que lhe atingiu também, mostrando que a Justiça Cósmica é perfeita em seus ajustamentos, não permitindo que a sensação de ter poder acabe cegando ou deturpando os propósitos mais altruístas dos seres que compõem as HIERARQUIAS ou HOSTES CELESTIAIS, não privilegiando ninguém, nem mesmo o Senhor da Luz.

Isto tudo serve para mostrar a nós, iniciantes dessas artes mágicas, que como afirmou Hermes, o Trimegistos, o grande hierofante, segundo os ensinamentos do Inefável OSIRES, neste universo tudo é duplo e tudo é tríplice, isto é, tudo que existe contém em si as energias fundamentais dos planos mental, astral e físico e seus infindáveis subplanos, mesmo inconscientemente, mas reafirmou que também todas as coisas criadas têm seu oposto complementar. Portanto, toda tese terá forçosamente, para existir, sua antítese que por conta do próprio movimento de repulsão produzirá uma síntese. Esta para existir, ter identidade, será ela própria uma nova tese que também terá sua antítese em um moto perpétuo. Em outras palavras, ninguém passará incólume pela experiência de viver e criar algo, porque simultaneamente estará também criando seu oposto complementar, que, no final do embate, acabará produzindo como resultante um somatório, gerando outras novas formas...

O Poder que acreditamos ter não é tão amplo para chegamos a supor que temos permissão total para criar e manter sob controle como algo nosso, tudo que nosso egoísmo desejar, tal qual uma criança em uma iluminada loja de diversões ou brinquedos, e é essa sensação de poder absoluto, sem responsabilidades, que o torna ilusório porque, ao criar o oposto, sem querer acabamos por anular nosso objeto de desejo, pois este acabará dissolvendo-se em sua própria síntese. Dessa forma tudo que julgávamos estar sob nosso controle, ser nossa criação, torna-se extremamente transitório, só nos restando cumprir nossas missões, seguir o ritmo cósmico e fazer a única magia sem culpa que nos resta: a autotransformação, a conquista do direito de voltar às nossas origens cósmicas, a Luz.

Eis aqui desmistificada a ilusão de sermos capazes de fazer uso do decantado livre-arbítrio indiscriminadamente, simplesmente porque neste engano é que estão mascaradas todas as escolhas que fazemos baseadas na sensação de posse e domínio que inexoravelmente acabarão nos levando à infelicidade.

Citando o Grande Mestre Sidharta Gautama, o BUDHA, a causa primeira de todos os sofrimentos da humanidade consiste na ilusão de ter a posse daquilo que julgamos nosso.

De cabeça baixa, voltamos ao nosso dia-a-dia, não tristes pela lição de humildade que presenciamos, mas principalmente pela constatação de quão grandes são nossas responsabilidades frente aos que ainda caminham alienados pela vida, desperdiçando energias preciosas, alimentando suas ambições egoístas e sem propósito, pois se esqueceram que estão aqui de passagem, somente para uma curta experiência tão real quanto construir um belo castelo de areia na praia e assistir as ondas do mar desmancharem-no em instantes.




DESCERRANDO OS VÉUS DE NETUNO/ POSÊIDON
M. Suchy

Para obter a permissão desse deus regente de todas as regiões subaquáticas, desde as abissais oceânicas até os inocentes riachos e lagos, para uma incursão nos seus domínios, resolvi chamar como acompanhantes dessa aventura, a Música, a Emoção e a Intuição, as minhas “Três Graças”. A cor emitida por seu raio é a mesma dos oceanos, um indefinível azul esverdeado.

Com nossas mãos entrelaçadas e em estado de meditação, chegamos a um imenso salão, tão grande que não dava para se vislumbrar seus limites. Véus da mais fina musselina, que só depois identifiquei como sutis correntes de água, dançavam e se misturavam entre si, impedindo uma visão mais clara daquele lugar, no mínimo fascinante. Aliás, nada parecia ter contornos definidos, mas pudemos admirar conjuntos de corais e conchas, presos às colunas monumentais que ofereciam aos nossos olhos atônitos pérolas de todos os tamanhos e tons. Fora isso, pendiam do teto em lugar de candelabros tranças de musgos, plantas aquáticas e caramujos nacarados que ostentavam uma luz própria furta-cor, porém difusa. Um perfume delicioso a tudo envolvia, um misto de jasmim, lavanda e almíscar. Tudo estava pronto para uma grande festa, na verdade um baile de máscaras, onde todo o resplendor daquele reino poderia ser apreciado, bastando para isso se deixar levar pelas mãos inefáveis de seres como eu mesma me permiti.

A música principiou hesitante, com um pouco mais que o sussurrar de cordas. Logo apareceram figuras melódicas mais vibrantes, fragmentos de músicas conhecidas que se convertiam em uma sucessão de harmonias; os véus pouco a pouco foram se dissipando, deixando antever casais mascarados que rodopiavam em um ritmo cada vez mais frenético, numa clara demonstração de como as emoções ganham vida, à medida que a intuição vai-se deixando envolver pela música, pelos odores perfumados, pelos milhares de nuances de cores, não importando se as pessoas e objetos se apresentam lógicos ou bem definidos. Realmente, no reino das emoções mais profundas ou dos sentimentos, basta um leve toque de um som sutil ou um suave perfume para que lembranças ganhem forma e permitam que a intuição se deixe levar para o mundo dos símbolos antes adormecidos, e que se encontram em profusão no riquíssimo reino simbolizado pelos oceanos, rios e lagos, legítimos representantes dessa área bastante temida e também desconhecida do ser humano, por ser de difícil controle, o reino das emoções.

Este é o Reino que Netuno (para os romanos) ou Posêidon (para os gregos) preside. Netuno, quando visto por um telescópio, é o único planeta que existe em forma de material etéreo para nós observadores aqui na Terra. Como a experiência pessoal com esse reino é extremamente subjetiva, vamos encontrar expressões como fogo-fátuo, material algo pegajoso, teias que envolvem o visitante, quando se tenta descrever concretamente este plano chamado astral, na tentativa de definir essas formas sutis e fazer pessoas que não são piscianas ou trabalham com o etéreo, entenderem do que estamos falando. Realmente, descrever espíritos, demônios, fantasmas e forças invasoras astrais e introduzi-los numa realidade mental e física tentando decodificar seus símbolos, torna-se uma tarefa árdua visto que cada um tem suas próprias experiências, suas próprias lembranças e emoções. Portanto se levarmos em conta que cada ser humano terá a percepção que sua expansão de consciência permitir, podemos imaginar ou, melhor ainda, intuir como esta dimensão astral é incomensurável e totalmente subjetiva.

Tanto que esta experiência que narrei no início deste texto, provavelmente nunca será exatamente a mesma para outra pessoa e as “Três Graças” que me acompanharam também serão diferentes para cada um que se decidir mergulhar nesse reino. Talvez eu mesma, se fizer esta mesma “viagem” em outro momento da minha vida, já terei uma nova experiência. Isso deve dar a exata dimensão da palavra dinamismo, assim como mostrar às pessoas que, se identificarmos nossos fantasmas astrais ou sentimentos inconscientes, guardados de outras experiências reencarnatórias, ficaremos livres do jugo das emoções que tentam nos controlar, não fugindo delas como monstros que nos aterrorizam nos pesadelos, mas encarando-as como algo passageiro e fugaz. Afinal, o passado e as lembranças só servem para nos mostrar o que precisa ser reforçado ou, ao contrário, solucionado nessa nova experiência de vida.

À medida que evoluímos espiritualmente, mais conscientemente e fundo mergulharemos nesse mundo, tornando cada vez mais fácil a identificação e conseqüente decodificação dos símbolos que estão como que flutuando neste incomensurável Mar Cósmico. Estas formas ou sensações ainda astrais estão à espera de quem as traga para a superfície a fim de que, nessa emersão possam ser materializadas segundo o desejo de cada um, colocando à tona o riquíssimo acervo que lá está, para ser aproveitado nesta saga em que somos os atores, na busca do autoconhecimento.

Mais um baile de máscaras se acaba, e essa experiência fantástica se repetirá eternamente todas as vezes que aquelas emoções que a produziram se diluam no dia-a-dia para, logo em seguida, abrirem novamente seus salões iluminados para outra festa, resplandecente como se fora o primeiro baile de uma debutante, tão logo entremos em contato com novas sensações.

Assim age este deus olímpico que rege esse reino impossível de ser visto objetivamente, mas somente sentido por cada um de nós, pessoalmente, subjetivamente.




OS DIVERSOS CAMINHOS DA INICIAÇÃO

Resolvemos, meu filho e eu, aproveitar as Festas de Fim de Ano para visitar nossos parentes e dessa forma, quando voltamos para casa, só pude apreciar as peripécias teatrais dos netinhos do casal tão querido através de uma filmagem e de um cem número de fotos. Como já havia passado o Dia de Reis, data tradicional para se desmanchar os enfeites e toda a decoração, segundo reza a tradição, a fim dos cristãos não chegarem a chamar mais ainda a atenção de pessoas contrárias à vinda do Salvador (tanto que já havia sido perseguido por Herodes ainda recém-nascido), com os arranjos festivos que denotam a imensa alegria que o nascimento de Jesus Cristo representou para este mundo, o ambiente já se apresentava novamente tranqüilo, mas como sempre acolhedor. Soube que a peça teatral foi um sucesso e que já estão pensando em montar algum outro tema para a Páscoa.

Essas datas festivas, todos sabem, encerram também um significado subliminar de profunda simbologia e conteúdo cultural, mas não achamos necessário acrescentar esses dados, exceto falar um pouco sobre esta entidade, conhecida como Papai-Noel. Sabemos de alguns pais que se apressam em desmistificar a sua existência, esquecendo-se que ele é uma entidade astral, que já teve, por sua vez, uma representação física nesse nosso plano condensado. Com certeza hoje deveria ser respeitado como uma freqüência energética do amor ou, melhor ainda, de esperança, uma ponte mágica que se faz, uma vez por ano, e que trás, para quem o permite, a oportunidade de entrar em contato com o mundo dos sonhos conscientemente. Deveria ser visto como mais uma representação das hostes angelicais que, talvez por conta de sua aparência arquetípica do avô ideal, criada por uma grande Empresa Internacional num golpe de marketing genial, aproximou-o ainda mais de nós humanos em detrimento da sua imagem transcendente real.

Quanto aos nossos encontros, continuamos a nos reunir quase diariamente, salvo algum outro compromisso que às vezes surge para um de nós ou quando os netinhos do casal vêm visitá-los. Como a área esotérica permite uma abordagem epistemológica a todas as linhas do conhecimento, a abrangência de interesses torna-se praticamente infinita, permitindo a nós pesquisadores ocultistas optar por uma gama de objetivos que se abrem em leque.

Em relação aos textos escritos por cada um de nós sobre os Planetas Transpessoais, confesso que contei com o envolvimento que só uma boa música consegue produzir. Fui levada pelos braços de Orfeu ao país dos sonhos, embalada pela Valsa de Ravel e me entreguei aos devaneios que esta peça provoca em mim. Será que o fato deste compositor ter sido um pisciano tem alguma coisa a ver? O fato é que as imagens e as palavras foram surgindo como em um filme colorido e foram tão nítidas suas presenças que até pude sentir os perfumes que os arranjos nacarados exalavam e que estão melhor descritos no texto que trata do desvelamento dos véus de Netuno inserido no capítulo anterior. Uma mistura de jasmim do cabo e essências amadeiradas.

Pude comprovar, então, algo que ouvi em um programa que tratava do autoconhecimento. O expositor, Eduardo Weaver, engenheiro de profissão, mas teósofo convicto nos seus posicionamentos filosóficos, defendeu em um artigo a tese que a música, por deter esse enorme poder de influenciar nossas vibrações mais sutis, precisa ser escolhida com uma atenção redobrada, já que pode evidentemente também produzir em nossas mentes um efeito devastador, quando ouvida em um volume muito alto, ou quando em lugar de harmonias nos leva ao defrontamento com sons dissonantes, altamente agressivos aos nossos ouvidos e paradoxalmente contrários aos planos cósmicos que nos dão o exemplo de harmonia e equilíbrio. É claro que, infelizmente, alguns espíritos, situados ainda bem distantes desses ideais mais sublimes, podem fazer uso desse conhecimento, utilizando-o para dominar mentes ainda despreparadas, levando-as a se perderem em festinhas ou shows onde o som, altamente agressivo nas dissonâncias e volume, acaba por provocar comportamentos muito violentos.

Conversando sobre isso com meus amigos, eles também procuram, sempre que podem, se cercar de boa música, colocar um difusor de aromas, luz suave ou indireta e um recipiente com alguns cristais, todas as vezes que procuram entrar na vibração desses Raios de Luz simbolizados em nosso Sistema Planetário pelos Planetas, e em especial quando decidiram escrever os textos referentes aos Planetas Transpessoais. O professor teve em Rachmaninoff sua fonte inspiradora, especialmente o Concerto para Piano número dois em Dó Menor e a Rapsódia sobre um tema de Paganini, Op. 43. Já Geninha preferiu receber os eflúvios de R. Strauss para definir o começo do nosso Universo, ouvindo a obra Assim Falava Zaratustra. Na verdade ela nos confessou que adora ouvir e interpretar as composições do romântico Chopin, mas achou o, não menos fantástico Strauss, mais apropriado para desenvolver o tema.

Muitas vezes atravessei o gramado do jardim de entrada da casa deles, embalada pelo som do piano de Geninha, executando as valsas, noturnos, scherzos, mazurcas ou algum dos estudos de Chopin. Mas, sem sombra de dúvidas, é interpretando o Estudo Revolucionário em Dó Menor, Op.10 que podemos sentir a imensa sensibilidade da pianista, seu virtuosismo, assim como a alma desse grande compositor, um romântico cuja verdadeira pátria era a poesia, segundo o também poeta Heinrich Heine.

Já que entramos no fabuloso Mundo da Música, provavelmente chegou o momento de expor aqui algumas considerações feitas em especial pela própria Geninha, mas apoiadas por seu marido e eu, sobre os caminhos que a Arte (esse indecifrável poder que faz o homem transformar-se em mago, dando vida a materiais até então inertes), seguiu por todos esses séculos até os dias de hoje.

Geninha havia produzido durante o período em que ministrou aulas de História da Arte no Instituto de Belas Artes de sua cidade, este texto que tratou exatamente desse caminho e que achamos oportuno inserir neste trabalho. Isto porque, ao trocarmos idéias a respeito das nossas pesquisas sobre o esotérico, acabamos concluindo que Hegel, filósofo alemão do século XIX, estava absolutamente certo quando enunciou que a Arte seria a primeira tomada de consciência do Infinito pelo homem. Realmente isso é fácil de ser comprovado. No entanto, quando ele também afirmou que a Religião seria o segundo passo para atingir esse mesmo objetivo, aí podemos incorrer em um erro de interpretação, levando o leitor a um grave engano. Queremos crer que Hegel estava se referindo à conotação mais espiritual do termo, àquele que se refere ao ato de religar o homem físico ao homem transcendente, fazendo uma ponte entre este mundo profano e nossas origens sagradas. Realmente, supor que esse filósofo estava referindo-se às instituições criadas pelo próprio homem, às Igrejas ou Templos de qualquer espécie, seria como aceitar que quando a Arte colocou-se como representante dessas casas de oração, ficou mais próxima de sua origem divina ou cósmica, coisa completamente paradoxal. Ainda mais que, ainda segundo este filósofo, o terceiro passo para se entender o Infinito é a Filosofia, elevando, portanto, os objetivos do artista a um plano mental ou a um patamar de criador e executor de seu próprio pensamento.

Portanto, a Arte, segundo sua história, iniciou sua peregrinação neste Planeta como a fiel representante de um poder mágico ainda inconsciente, passou a servir, em seguida, aos interesses das incontáveis crenças que pretenderam deixar gravados em seus projetos arquitetônicos ou inseridos em objetos de culto ou de uso cotidiano, essa necessidade que o homem sente de descobrir sua origem, e fazer a ponte entre um mundo e outro. Continuando sua saga, trouxe para os espectadores o deslumbramento de um universo figurativo, muito bem descrito na Divina Comédia de Dante, nos versículos da Bíblia e dos outros Livros Sagrados, sejam quais forem suas culturas e origens. No entanto, só agora, no recém passado século XX, é que a Arte pôde mostrar todo seu potencial, no exato momento em que a grande maioria dos Homens, ainda envolvidos nas brumas do medo e da ignorância geradas por séculos de alienação, começaram a acordar para sua real origem: ser o único representante consciente neste Planeta da tríade primordial (mente, espírito, matéria) Acordaram finalmente para seu poder de criar seu presente, através de sua mente agora desperta. Assim, os artistas que, por todos esses séculos estiveram materializando suas idéias e pensamentos, estiveram mostrando literalmente a todos os outros mortais, que o homem pode também ser o criador de seu mundo.

Na verdade, estamos falando de uma energia única, que no primeiro estágio da evolução humana, portanto no período primitivo, apresenta o Sagrado e o Profano unidos indelevelmente no mesmo universo, só que de forma inconsciente. Em um segundo momento, ocorre a dolorosíssima separação entre esses dois aspectos, e por causa da dor extrema que esta separação causa o homem tenta refazer a ligação natural que foi rompida fazendo uso do pensamento religioso. Por fim, através da Filosofia, tanto o Sagrado quanto o Profano conseguem se reintegrar novamente na mente humana só que agora conscientemente. O homem finalmente reunifica sua mente ao espírito e à matéria.

Ficamos nos questionando sobre ser a Arte mais um caminho iniciático, e por Arte estamos nos referindo não só às artes Plásticas, mas também às artes de Movimento como, por exemplo, a Música, as Coreografias, a Literatura, assim como as artes da Magia e da Alquimia. Dane Ruhyar, autor de excelentes livros sobre Astrologia, declarou ser esse conhecimento ancestral uma arte de interpretação da vida, colocando-o, portanto, nesta categoria só que em sua conotação mais profunda, é claro. Na verdade, dependendo da intenção do artista plástico, ou do alquimista, mago ou místico, com certeza, por tudo que já vimos, estas artes metafísicas (evolutivas porque vão do físico para o mental), quando têm por objetivo unir o praticante ao Todo, o levarão a uma expansão de consciência tal que o neófito já estará pronto para começar sua jornada rumo às suas origens cósmicas, e nesse caso deverá ser vista como mais um caminho iniciático. No entanto, se suas intenções são simplesmente passar uma idéia dando vida a um material inerte, ou compor uma nova fórmula alquímica ou efetuar mudanças mágicas nas situações existentes, então estas serão simplesmente mostras da arte pela arte, da arte que manipula matérias primas através de misturas ou destilações ou da arte da magia, que passa para o mago a falsa impressão de ter poderes divinos (na verdade ele só conseguirá desenvolver, com essa postura, algumas aptidões extra- sensoriais) . Esperamos, ter ficado claro, tudo dependerá de uma maior ou menor expansão da consciência por parte daquele que estará manipulando os elementos adequados à cada finalidade.

A Astrologia, no entanto, nos lembrou bem Pietrus, pode ser abordada como uma arte de interpretar a vida, mas também permite uma análise epistemológica ou esotérica, cada vez mais profunda, e aí pode ser considerada como uma Grande Síntese de todo os processos ou caminhos anabáticos (descendentes) ou diabáticos (ascendentes), tendo em vista que o astrólogo esotérico visita o plano mental ao buscar as raízes cósmicas deste conhecimento, passa pelo plano astral ao estudar a linguagem simbólica do Mapa comparando o Homem, por analogia, ao Sistema Cósmico e, por fim, atinge o plano físico quando se conscientiza ou quando orienta seu cliente quanto à tomada de decisões e, principalmente, quanto ao seu autoconhecimento. Esse é, com certeza, o grande diferencial, daquele que já expandiu sua consciência, da pessoa que ainda se encontra alienado de sua origem. Os primeiros estarão buscando, antes de qualquer outra orientação, a Sabedoria Superior e suas integrações ao Ritmo Cósmico. Mas, é claro, o Tarô e suas lâminas, a Numerologia e seu código analógico em relação ao valor numérico das letras, as Runas e seus seixos sagrados e a Kabala com sua Árvore da Vida, quando estudados esotericamente, também devem ser reconhecidos não só como Oráculos, mas como instrumentos que levam o iniciante ao processo evolucional, porque estão todos trabalhando sob uma abordagem absolutamente profunda, praticando os dois processos rumo à iniciação de forma simultânea.

Só para que fique bem explicado, além do caminho metafísico, bastante explorado por nós nesse trabalho, aquele em que utilizamos os instrumentos de captação energética citados, também podemos contar com o caminho do Todo para a condensação energética para se chegar à iniciação propriamente dita, e que está dimensionado exatamente em oposição ao movimento metafísico. Estamos nos referindo àquele que busca essa complementação dos planos físico, astral e mental, através do contato com as dimensões mais sutis, fazendo então o chamado caminho involutivo, o chamado “religare”. Daí a procura dos interessados por rituais e ensinamentos ocultos ministrados nos Templos e Escolas de Mistérios que os orientem nesta busca pela Verdade.

Geralmente, quando decidimos adotar esse caminho involutivo, torna-se indispensável executar um ritual partindo de um relaxamento total, procurar entrar em profundo estado de concentração e, daí em diante, ficar pronto para fazer a meditação que vai colocá-los em prontidão para ouvir seu Eu Superior e todas as mensagens que os seres de luz estão enviando, tendo por objetivo nos reintegrar com nossas origens, e ouvir as respostas que as hostes superiores nos enviam, esclarecendo, através da percepção extra-sensorial ou intuição, as dúvidas que afligem o Homem desde que perdeu o contato direto com o Divino.

Mas, como no Ocidente o caminho metafísico se apresenta mais acessível, pois o neófito, ou iniciante à evolução, tem atualmente, pela frente, em nossa cultura, vários instrumentos para atingir o autoconhecimento e dar início às buscas transcendentais que já se apresentam absolutamente imprescindíveis para todo aquele que se encontra pronto, resolvemos Geninha, o professor e eu, continuarmos mostrando mais um caminho que objetiva fazer a união entre o sagrado e o profano: o da expressão artística.

Para tanto, vamos ler o texto que Geninha escreveu e que descreve a viagem que a história desta grande ponte, a Arte (a qual nunca deixou de existir, e objetiva mostrar ao homem que ele pode e deve alcançar planos bem mais sutis que este, onde as energias estão condensadas, e no qual estamos inseridos e aparentemente presos), teve que empreender e que foi trilhada primeiramente pelos artistas desde épocas ancestrais, as mais remotas, através de sua sensibilidade, como já vimos, encontrando o primeiro caminho para se chegar ao oculto ou sagrado.




REFLEXÕES SOBRE A ARTE.
Maria Eugênia Karstein

Segundo Hegel, filósofo alemão do século XIX, a Arte seria a primeira tomada de consciência do Infinito no Finito. Ainda segundo Hegel, a segunda tomada seria a Religião (o “religare”) e a terceira, a Filosofia.

Para aqueles que já entraram em contato com a Dialética, ou com a Filosofia desenvolvida por esse filósofo, fica evidente que as oposições formadas por uma Tese e sua Antítese, energias que se digladiam entre si, acabam por criar uma terceira fonte de energia, momento no qual se cruzam, chamada por ele de Síntese. Esta, por sua vez para existir como algo a ser definido, já é por si só uma nova Tese, que terá seu “não ser” em sua Antítese, gerando intermináveis novas tríades que serão, em última análise, as grandes responsáveis pelo movimento ou dinamismo experimentado por nosso universo há milhares de séculos. Em outras palavras, essas forças em oposição acabam por dar origem a uma Síntese ou nova Tese a qual conterá em si mesma o somatório das características da Tese e da Antítese que as originou.

Ora, por analogia podemos inferir que a Arte, portanto, simboliza uma Tese que tem por objetivo levar o homem rumo a uma abertura de consciência tal que o executor da obra acabe por conscientizar-se de seu sagrado papel de canal de energias cada vez mais sutis.

Em contrapartida, a Antítese ou Religião, neste contexto, representará as energias em oposição, que por força de sua própria origem digladia-se com a Arte (são dois caminhos absolutamente inversos, um anabático e outro diabático), no sentido de que ambos pretendem chegar ao mesmo objetivo, quer dizer, expandir a consciência do adepto para que também se torne um canal para entrar em contato com essas mesmas energias só que fazendo uso de intermédios aparentemente já mais próximos desse Plano mais sutil.

Dessa oposição surge então a Filosofia como a grande Síntese dessas duas forças porque, sem sombra de dúvida, traz em seus questionamentos a preocupação com as grandes questões transcendentais que afligem o Homem em constante evolução: “de onde viemos?”, “para onde vamos após nossas mortes?”, “o que estamos fazendo aqui?”, “será que há vida depois da morte física?”.

Se formos analisar a História da Arte, constataremos facilmente que os artistas que já deixaram suas marcas, ou pegadas de suas obras, nos mais diversos materiais ou áreas, todos se propuseram materializar idéias, emoções, sentimentos criados por eles mesmos ou por terceiros. Tanto é assim que as primeiras incursões do Homem nesta experiência, podemos dizer, digna de um mago, porque transforma algo inerte em uma mensagem decodificada ou com vida própria, apreensível a todos espectadores, dizem respeito às pinturas rupestres que detinham um objetivo muito profundo: guardar a imagem concreta do animal que seria abatido como uma forma de capturar, antes da caça propriamente dita, sua energia vital. Essa foi, queremos crer, a primeira função da Arte: uma experiência absolutamente mágica

A seguir vamos nos defrontar com os monumentos arquitetônicos ainda pré-históricos, como os do Santuário de Stonehenge (Inglaterra, Salisbury) e que serviam como precisos calendários ou centros de observação astronômica determinando com precisão os solstícios e equinócios. Também vamos encontrar desse período alguns portais que delimitavam os limites de terrenos sagrados, onde os mortos eram enterrados. A Arte também foi usada na confecção de utensílios domésticos, caça e armas, de qualquer forma sempre concretizando toda maneira de pensar de um povo.

Algum tempo depois, vamos nos defrontar com a construção de outros elementos arquitetônicos monumentais, as pirâmides ou mastabas, que representavam muito mais que simples urnas mortuárias, porque eram também representações simbólicas de pontos astronômicos, como da constelação de Órion para os egípcos e de outras estruturas estelares para os Chineses, Maias, Indianos e Persas. Além desses objetivos já bastante decantados pelos historiadores, também podemos analisar nos frisos através de pinturas murais, como em alguns exemplos, calendários e zodíacos excepcionalmente precisos, ou mesmo cenas do dia-a-dia do faraó, nobre ou sacerdote em questão, todos obedecendo à estrutura cultural de seu povo sendo, portanto, inestimável o valor da expressão artística para a pesquisa esotérica, antropológica e paleontóloga.

Outro tipo de monumento arquitetônico que vamos encontrar como exemplos magníficos de arte, são os templos que datam desde o Egito, e podem ser também encontrados em toda Índia, antiga Pérsia, Grécia, sempre provando que a arte das construções e de todos os elementos que fazem parte dela, como esculturas, colunas, altos e baixos relevos, pinturas, vitrais, mostram, sem sombra de dúvida, que o artista consegue com seu talento concretizar o sentido do belo, do harmônico, decodificando a linguagem sutil dos símbolos em algo palpável para os outros mortais. Ainda em relação às construções dos templos, vale acrescentar que os artistas que participaram de suas construções também materializaram a Filosofia da época de forma que toda a Mitologia que a compõe, com suas lendas e demais formas de se unir o laico ao sagrado, podem ser vistas especialmente nos ornatos dos frontispícios dos templos, capitéis, fustes e entablamentos que compõem a Acrópole, na Grécia, mas também nas obras que trouxeram para a população muito mais conforto como os aquedutos romanos, suas redes de esgoto, assim como o majestoso Coliseu, palco de sangrentas competições e espetáculos de carnificina muito apreciados por esse povo reconhecidamente belicoso; ou ainda na Índia onde cenas que para nós ocidentais parecem bastante obscenas, mas que se dedicaram na verdade a narrar de forma bastante didática a necessária união dos opostos para se chegar à síntese ideal. O Profano e o Sagrado serão reconhecidos nesses caminhos como uma única energia que, por força da oposição, se enfrentam constantemente.

Dessas magníficas construções, os artistas partiram para a edificação das primeiras Casas de Oração e Batistérios românicos, e a Arte Ocidental, já sob a influência da filosofia cristã, passou a definir seu caminho seguindo as normas e imposições ditadas por esta Igreja, enveredando por uma estética absolutamente figurativa e concreta fugindo, por assim dizer, da estética oriental que nunca se afastou da busca pela reunificação dos ideais materialistas e espirituais. Foram, aos poucos, aprimorando seus conhecimentos técnicos na arte da construção que, aliados aos estudos esotéricos sobre Ocultismo, acabaram por produzir as magníficas Catedrais Góticas repletas de luz solar que ao incidir nos vitrais policromados emitem raios das mais diversas cores em um espetáculo que convida os fiéis à transcendência.

É interessante que se lembrem, nessa altura das nossas reflexões, que só no período renascentista, vindo logo a seguir, o artista voltou a ser conhecido como autor, saindo do anonimato exigido pelas entidades religiosas da época. Aparecem então os decantados Mestres da Pintura, da Escultura e das Obras Arquitetônicas mais afamadas da História da Arte Ocidental.

Mas a Arte, seguindo sua evolução natural aqui no ocidente, também serviu aos grandes mecenas que, através das religiões, em especial a Igreja Católica, e dos reis e imperadores, a contrataram para materializar em obras magníficas toda uma filosofia existente em cada período, não só nas imagens transcendentes de seus santos, anjos e narrativas bíblicas, mas também nos suntuosos palácios e basílicas que sem elas, a Estética e a expressão artística, ficariam só levemente delineadas nas mentes dos fiéis. Inclusive cabe aqui citar aqueles que se opuseram ferozmente contra as regras estéticas extremamente rígidas ditadas pela Igreja e, com seus maneirismos, revolucionaram o classicismo reinante. Outros mecenas também buscaram seus préstimos, haja vista os nobres do Absolutismo que se compraziam em se deixar retratar em ambientes simples, que lembravam o cotidiano de camponeses, só para obter o contraste criado entre todo o requinte e luxo em que viviam e a vida frugal e humilde dos menos dotados financeiramente, como ditava o estilo da época barroca, com seus excessos e contrastes.

Algum tempo depois, o artista passou a retratar ou tentar concretizar sentimentos através de um romantismo que se colocava em franca oposição à visão fria de um falso classicismo. Alguns anos depois, passou a representar uma pretensa realidade, falsamente recriada no interior dos estúdios dos mestres pintores e, em seguida, conseguiu reproduzir, através de pinceladas e pontos, as impressões que as cores e luzes naturais se mostravam aos olhos treinados do artista, inclusive tentando captar o dinamismo das nuances das cores e sombras para finalmente se defrontar com sua grande rival, “a fotografia”. Foi aí que aqueles que trabalham com a arte trazendo sua subjetividade para um material até então inerte dando-lhe a capacidade de representar a vida sob seu ponto de vista pessoal, tiveram que se digladiar com a objetividade de quem empunhava uma máquina e se propunha captar a realidade nua e crua através da fotografia. A arte perdeu, desde então, sua função de representar o real e passou a interpretar o mundo, convenhamos, uma experiência mais subjetiva ainda e, por que não dizer, muito mais nobre.

Nesse momento crucial, o artista teve que fazer a síntese dessa oposição a qual passou a exigir dele um posicionamento frente ao impasse: ou ele continuava sendo um imitador da realidade enfrentando sua grande rival, ou passava a criador de suas próprias idéias, dando à arte a mais bela das funções, ser o canal da Estética, ou Filosofia da Arte, isto é, ser capaz, ele mesmo, de discutir os rumos que seu mundo está seguindo, tornando-se um crítico consciente da força que a arte detém quando se dispõe a denunciar injustiças, excessos no trato com o poder, mas nunca se esquecendo de que o maior objetivo daquele que produz arte é se tornar um canal para o infinito, para a transcendência, usando a magia de ser um instrumento que decodifica os símbolos e sensações das dimensões mais sutis.

Portanto, Hegel estava certo ao afirmar que a Arte é o primeiro degrau para se ter contato com um nível mais profundo de consciência, e quanto mais autônomo e consciente for esse enfrentamento, mais rico e criativo será o resultado, posto que o potencial de ambos, artistas e matéria prima, é infinito.

Considerando tudo que já dissemos, só nos resta apresentar a você, leitor, as reflexões de alguns artistas cujas obras são mundialmente conhecidas e apreciadas e são, em si mesmas, absolutamente autônomas.

O filósofo/pintor suíço Paul Klee disse uma vez que “a arte não imita o visível: cria o visível”. Sua frase sintetiza uma das principais discussões da História da Arte, aquela que opõe de um lado os adeptos da imitação e de outro os da invenção.

Mais sistemático o pintor russo Vassili Kandinski, criador do abstracionismo, definiu três elementos constitutivos de uma obra de arte: o elemento da personalidade, próprio do artista; o elemento estilo, próprio da época e do ambiente cultural; e o elemento do puro e eternamente artístico, próprio da arte, fora de toda limitação espacial ou temporal.

“Para examinar um quadro, ou uma escultura, ou qualquer outro objeto artístico, é necessário uma operação complexa. Foi o artista quem efetuou por nós a operação de isolá-lo de todo o resto, de torná-lo solitário em seu próprio conceito estético e nunca histórico. Cada objeto cria seu espaço infinito e cabe a nós, simples observadores, resgatá-lo”. Reflexões retiradas do livro de Jean Genet intitulado O Atelier de Giacometti.

Esta última reflexão nos remete à famosa experiência que levou Marcel Duchamp, jovem artista francês, a apresentar em Nova York um objeto que ele elegeu como exemplo de arte conceitual, em 1917: um mictório comum, assinou-o “R. Mutt” e apresentou-o como escultura intitulada Fonte . Depois do ready-made de Duchamp, a arte nunca mais voltou a ser a mesma.

Aliás, dois outros textos meus que mostrei a meus amigos sobre esse tema e que foram aprovados por eles, comentam como a Arte, analisada sob uma ótica mais esotérica, encerra em seu estudo de Estética uma profundidade bem maior do que chega a supor um pesquisador menos atento. Os Grandes Gênios da Pintura e Escultura que conhecemos, estiveram, durante suas produtivas vidas, às voltas com pesquisas ocultistas, decodificação de símbolos esotéricos e toda sorte de mensagens cifradas aos leigos. Por isso resolvemos inseri-los também nesse contexto, a guisa de complementação e confirmação de tudo que já comentamos .




MENSAGEM DAS CORES
M. Suchy

As cores podem ser analisadas sob um ponto de vista fisiológico (ou refração da luz, portanto um efeito óptico) ou através dos pigmentos, conseguidas através das diversas tintas, lápis, canetas...

Em se tratando de um enfoque fisiológico, podemos ter como ponto de partida a incidência dos raios de sol sobre a atmosfera, produzindo, através das gotículas de água em suspensão, o efeito óptico de cores, que são infinitas, mas nossos olhos, didaticamente falando, conseguem distinguir pelo menos sete cores. O efeito arco-íris comprova perfeitamente esse fenômeno.

No entanto, em relação aos pigmentos, seguindo este parâmetro, podemos analisar as cores como sendo:

PRIMARIAS: amarelo limão, azul turquesa e vermelho magenta (teoricamente, podemos conseguir chegar a qualquer outra cor à partir dessas três cores primárias).

SECUNDÁRIAS: verde, laranja e violeta.
(resultaram das misturas do amarelo com azul, do amarelo com o vermelho, e do vermelho com o azul, respectivamente).

Poderíamos conseguir uma gama infinita de outras cores, apenas misturando as secundárias com alguma forma de lentes ou pedaços de vidro, a fim de obtermos cores terciárias, e assim por diante, em um visor qualquer, ou quando se trata da análise através do uso de pigmentos, da mistura das tintas em uma palheta ou superfície apropriada.

Da mesma forma, podemos amenizar os infinitos tons que cada cor pode reproduzir ou concentrar esses tons com uma incidência maior de luz branca ou diminuindo a luz conforme o desejado.

O branco total representa a soma de todos os feixes de luz (portanto, a soma de todas as cores) enquanto que o preto total representa a falta desses mesmos feixes de luz (portanto, falta de cor).

Quanto a esse ponto de vista que leva em conta os pigmentos, ou para sermos mais práticos, um posicionamento plástico, ainda podemos classificar as cores através da experiência emocional, ou melhor, de uma abordagem também psicológica porque eles tratam das emoções e respectivas sensações

CORES QUENTES: vão desde os marrons escuros, os vermelhos, os laranjas e os amarelos.
É claro que estamos nos referindo a todos os sub-tons que cada cor pode apresentar, inclusive a adição do branco e do preto resultante de uma mistura de três ou quatro cores nos seus tons mais escuros, que terão o objetivo de suavizar ou dramatizar a cor escolhida.

A Mensagem que passam é a de energia, contida ou não, emoções em movimento, por isso mesmo, sensação de calor e aconchego ou de repulsa e violência.

CORES FRIAS: vão desde o gelo, os azuis até os verdes e violetas e suas respectivas nuances.

CORES MORNAS OU NEUTRAS: são os cinza, os beges e os lilases azulados.

A Mensagem agora é de sensação de espiritualidade, frescor, saúde e, em alguns casos, também podem corresponder à sensação de frieza ou de impessoalidade, principalmente em relação às neutras ou mornas.

Bem, cabe aqui colocarmos a mensagem, subjetiva é claro, das cores em si mesmas:

MARRONS: segurança, alicerces firmes, materialidade, mas também depressão e pessimismo e, às vezes, uma boa dose de indolência.
VERMELHOS: alegria, paixão, aconchego, mas também, luxúria e violência chegando até à ira.
LARANJAS: é a cor da inteligência, dos “insights” ou grandes idéias, da criatividade, mas também pode suscitar o orgulho e a soberba, assim como a gula.
AMARELOS: representam a comunicação, a rapidez de raciocínio, mas também podem passar a sensação de egoísmo, a necessidade de solidão e a avareza.
GELO: é o quase branco, lembrando a pureza da neve, o frescor das águas, dando a sensação de limpeza e de espiritualidade, mas também de nostalgia e impotencialidade frente aos fatos e acontecimentos ou, o que é ainda pior, a preguiça.
AZUIS: representam ou simbolizam o amor espiritual, a expansão do eu, portanto os processos de evolução, a paz, mas podem passar a sensação de distanciamento humano, uma excessiva aceitação do destino e conseqüente posicionamento determinista ou, pior ainda, preguiçoso.
VERDES: dão a sensação de frescor, saúde e de limpeza profunda (indo até ao nível bacteriológico), posicionamentos epistemológicos ou de pesquisa profunda, mas também podem lembrar à inveja e maledicência.
VIOLETAS: dependendo de quanto de azul ou de vermelho se adicionou â mistura, teremos uma sensação de mais ou menos espiritualidade. Se estivermos falando de um violeta quase azul escuro (roxo batata), estaremos tratando de uma sensação de infinitude cósmica, portanto bastante espiritual, mas se o tom lembrar a capa usada pelos bispos católicos então teremos um violeta quase magenta puro e deveremos nos voltar para a análise já feita acima e evitarmos a sensação de determos um poder descomunal o que levará à soberba.

Aliás, é bom que se diga que, em relação aos tons, quanto mais pigmento branco, ou de outra cor considerada fria for empregado, mais suave e leve o trabalho se apresentará, enquanto que o uso do preto puro (é muito mais empregado em arte, uma mistura que aparenta o preto e que resulta da mistura de tons bem escuros do marrom, vermelho, azul noite e verde), quase não se dá em uma obra porque vai passar para o observador uma sensação de cor suja e, é claro, só em obras muito expressionistas isso será permitido ou desejado.

Essa mensagem das cores, mesmo sendo algo totalmente simbólico e subjetivo, determina a veracidade de uma mensagem, pois, como modelo arquetípico, simbolizam sensações atemporais que são inerentes ao ser humano de qualquer época. O modelo do círculo de Newton, se construído com as cores correspondentes, citadas anteriormente, demonstrará, na prática, o que foi dito em relação ao branco ser a soma de todas as outras cores, e também de como a mistura das cores primárias corretas irá determinar o aparecimento das secundárias, terciárias e assim por diante.




MENSAGEM DAS FORMAS GEOMÉTRICAS
M. Suchy

As Formas geométricas, assim como as cores, também passam mensagens subliminares, profundamente conhecidas pelos grandes Mestres Renascentistas e por todos aqueles artistas que se conscientizaram da necessidade de se transmitir ao observador algo mais que simplesmente beleza e técnica. Hoje se sabe que esses grandes Gênios eram também iniciados no Ocultismo, portanto conheciam, profundamente, a linguagem esotérica dos símbolos. Dessa forma, o trabalho tinha de conter um algo lógico, condizente com a estética, com o tema e com o estilo da época, baseado em formas geométricas, que lhe serviam de esquema para a composição inicial. E o que mais chama a atenção, é que mesmo o espectador menos preparado, ao observar um determinado trabalho, onde o artista não se empenhou na mensagem implícita que toda obra tem por obrigação conter, (isso deveria valer para os conceitos atuais, mas parece que foram ignorados por muitos fazedores de arte) acaba por sentir que há algo falso, algo que não está convencendo e que está interferindo na comunicação, que é em última análise, o grande objetivo de todo artista.

Apresentaremos, a seguir, alguns exemplos dessas formas e suas respectivas mensagens subliminares:

TRIÂNGULOS transmitem a sensação de equilíbrio e foram muito usados como fundo na elaboração dos esquemas de composição de obras que retratam A Grande Família, ou de qualquer composição que exige um trabalho que enfatiza uma força criadora, uma força que produz essa criação e uma outra força que representa a própria criação em si.
É a Trindade Divina a qual nos faz sentir simbolicamente que uma energia depende da outra, simultaneamente.

Os QUADRADOS e os RETÂNGULOS simbolizam a energia da concretização, da materialização, do poder de existir, dos quatro elementos, dos quatro pontos cardeais, enfim evocam a sensação de segurança e estabilidade, o trabalho em equipe ou os de mutirões.

Quanto aos Retângulos, podemos analisá-los ainda em relação à posição na qual estão colocados. Por exemplo: se estiverem em posição horizontal, a mensagem será de coisas cotidianas, materiais e práticas. Se, pelo contrário, o sentido for vertical, passarão uma sensação de espiritualidade, de abstração e de leveza.

OS CÍRCULOS E AS FORMAS OVALADAS simbolizam uma tentativa de limitação do Cosmos, e como não tem princípio nem fim, passam uma sensação de eterno dinamismo, o constante movimento de todas as coisas mesmo em estado potencial. Podem também lembrar que eles contêm, quando vazios, um imenso potencial, que faz a imaginação correr livremente, além de trazer para a obra equilíbrio e leveza a qualquer tema.

AS ESPIRAIS são formas de grande poder, pois passam para a obra a energia centrífuga ou a centrípeta, dotando as formas inseridas no trabalho de movimento equivalente. Nós as veremos muitas vezes em trabalhos de cunho espiritualista ou religioso como nas obras do grande Mestre Renascentista, Miguelangelo, na Capela Sistina, quando representou lindamente Deus criando o universo, segundo a narração bíblica no capítulo relativo ao Gênesis.

A CRUZ, também muito empregada como base de composição, sugere a confrontação entre as energias materiais, terrenas (através da linha horizontal) e as energias espirituais, mais abstratas ou subjetivas (através da linha vertical). Foi bastante utilizada na Renascença, especialmente por Rafael quando criou a belíssima obra que mostra um Santo (no caso São Jorge) sendo tentado pelo poder da beleza ou amor terreno e, em contrapartida, de outro lado pela sabedoria ou chamado espiritual. No entanto, a figura da cruz tem uma origem muitíssima mais antiga e foi usada por povos pertencentes a culturas ancestrais, bem antes dos cristãos a adotarem como símbolo do sacrifício sofrido por Jesus, o Cristo.

As figuras angulosas, isto é, em pontas agudas, agridem o espectador, enquanto que os ângulos mais abertos (com mais de 90º graus), permitem uma sensação de abertura e são mais receptivos.

Essas são as figuras mais utilizadas com o fim de simbolizar algumas sensações, por si só subjetivas, mas repletas de mensagens que irão, sem sombra de dúvida, nos atingir em um nível muito mais profundo que o nosso consciente, muitas vezes bastante racional e orgulhosamente lógico, permite.

Esse é o misterioso poder que a Arte e seus símbolos exercem sobre nós e que é utilizado de forma completa pela Astrologia, instrumento que permite ao pesquisador, ao decodificar seus símbolos, efetuar a Síntese dos caminhos involucional e evolucional, visto que tem em suas mãos um Mapa preciso de todo o processo pelo qual passou, quando veio a este Planeta Terra e como deverá agir para voltar às origens cômicas, sua Morada Real.




CONSIDERAÇÕES FINAIS

Creio termos cumprido a tarefa a que nos propusemos, meus amigos e eu. Como já comentei, continuamos a nos reunir, nossas pesquisas tem prosseguido com desenvoltura e ânimo cada vez maiores e esperamos apresentar um outro trabalho para breve, pois esta abordagem esotérica é infinitamente abrangente, de sorte que estamos buscando um novo enfoque. Quanto a este, esperamos de coração, meus amigos e eu, que seja útil para todos aqueles que estiveram buscando as informações que passamos para vocês. Por terem sido apresentadas de certa forma extremamente sintetizadas em um único volume, acabam por formar uma base para futuras pesquisas.

Gostaríamos também de receber comentários e sugestões sobre tudo que acabamos de apresentar. Afinal, como todos nós fazemos parte desta incrível experiência cósmica, e somos parte de um Todo que a tudo contém, acabamos por descobrir que nossa real missão é empreender o caminho de volta à reintegração, sermos novamente um só. Acreditamos, sinceramente, que a análise esotérica que fizemos das lendas (e mitos mais conhecidos) que tratam da cosmogonia na forma de uma viagem fantástica, porém absolutamente lógica, possam conduzi-los a um entendimento mais profundo do processo evolutivo que estamos sendo chamados a empreender.

Segundo Fritjof Capra, em seu livro As Conexões Ocultas, estamos todos envolvidos em uma imensa malha de destinos que nos tornam eminentemente responsáveis uns pelos outros, por mais distantes geograficamente que estejamos. E as Lendas, especialmente as cosmológicas, nos remetem a esta mesma conclusão, quando mostram como chegar à reintegração com nossos outros Eus, nossos arquétipos ancestrais ou raios de luz, nossa volta a casa de Júpiter já livres da desintegração psíquica e conseqüente alienação, como nossa Grande e Mais importante Missão. Somos, acabamos por constatar, ínfimos hologramas do Grande Hológrafo Deus. Cabe a nós, portanto, a tarefa de nos reunir neste incomensurável abraço cósmico.